por Washington Fazolato
Apavorado, encolhido na plataforma da estação do metrô, o pequeno José de Hollanda, de 7 anos, clama aos céus por sua vida.
Reproduzido na imprensa, esse é um dos milhares de relatos das barbáries ocorridas na quarta, antes, durante e após o segundo jogo da final entre Flamengo x Independiente (ARG).
O absurdo da situação dispensa análises grandiloquentes sobre a violência urbana, que quase que naturalmente é replicada nos estádios de futebol.
Gostaria de ponderar sobre os efeitos que experiências como a do pequeno José de Hollanda produzem na futura geração de torcedores.
Para uma criança, uma ida ao Maracanã tem o aspecto de algo grandioso, quase mágico.
Ao menos era assim na minha época.
Não sou ingênuo a ponto de ignorar que ocorriam situações de tensão.
Na decisão do estadual de 1974, lembro-me da multidão se acotovelando na entrada das antigas bilheterias.
Aterrorizado, lembro que percorri uns dez metros sem pôr os pés no chão.
Dentro do estádio, sentados nas arquibancadas, rimos lembrando o episódio.
Ontem não houve, por parte de ninguém – exceto os argentinos – motivo para risadas.
Violência num nível de assustar alguns amigos “ratos de estádio”, gente acostumada a cenários tensos.
Considero um autêntico milagre que ninguém tenha perdido a vida.
Mas com certeza, muitas crianças perderam totalmente o encanto com a ida a um estádio.
O terrorismo venceu mais uma vez.
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