por Elso Venâncio, o “repórter Elso”
Uma década depois de Francisco Horta criar o slogan “Vencer ou Vencer” para a verdadeira máquina de jogar futebol que ele montou para o seu Fluminense, surgiu um time com técnica, raça e fome de vitórias que prontamente se identificou com a frase do “Presidente Eterno”.
Romerito era o grande ídolo. Jogador indicado pelo ‘Capita’ Carlos Alberto Torres, o meia levara o Paraguai a conquistar a Copa América de 1979, aos 19 anos de idade, e logo depois teve uma passagem pelo Cosmos, de Nova York, onde jogou com Pelé e Beckenbauer, antes de chegar às Laranjeiras, no começo de 1984. Com ele na equipe, o Tricolor, que ainda comemorava o Carioca de 1983, estava pronto para novos desafios e conquistas.
Paulo Victor, Aldo, Duílio, Ricardo Gomes e Branco; Jandir, Delei e Assis; Romerito, Washington e Tato (Paulinho). Esse era o esquadrão. Apenas Aldo, excelente lateral que, inclusive, cruzou para Assis marcar de cabeça contra o Flamengo na decisão de 1984, não chegou à seleção. Já Romerito, o craque, eleito melhor jogador sul-americano em 1985, era o destaque da ‘La Albirroja’.
Tri carioca em 1983, 1984 e 1985, o time obteve vitórias marcantes sobre o Flamengo. Com direito a gols decisivos de Assis sobre o rival tanto em 1983 como no ano seguinte.
Delei era o maestro. Washington e Assis, o ‘Casal 20’. Com eles, o clube conquistou o Brasileirão de 1984 na decisão contra o Vasco. No primeiro jogo, vitória de 1 a 0, gol de Romerito. Na volta, empate em zero a zero.
O jogo da afirmação deu-se contra o Corinthians. Vitória por 2 a 0, em pleno Morumbi, também numa semifinal, assim como em 1976, afastando de vez as lembranças daquela antiga e favorita ‘Máquina Tricolor’, que havia sido derrotada nos pênaltis no histórico dia em que a Fiel invadiu o Rio de Janeiro.
Na época, o Fluminense tinha forte representação nos bastidores. João Havelange, Braguinha, Nuzman, Dilson Guedes, Carlos Eugênio Lopes, o Carlo, Newton Graúna, José Carlos Vilella – o ‘Rei do Tapetão’ – e o Presidente Manoel Schwartz. Apostando no jogo fora de campo, uma decisão errada impediria o tetracampeonato estadual.
Particularmente, acompanhei de perto isso. Nesses anos, fui setorista do clube, escalado pela Rádio Globo.
Alegando dengue generalizada e com a concordância do Dr. Arnaldo Santiago, o time não foi a Campos dos Goytacazes enfrentar o Americano. Dois personagens se uniram para controlar o futebol carioca e brasileiro: Eduardo Viana, popularmente conhecido como ‘Caixa d’Água’, e Eurico Miranda, então vice de futebol do Vasco. Ambos articularam a confirmação do W.O. no “Tapetão”, impedindo a melhor equipe da competição de alcançar a finalíssima.
Outros títulos seriam conquistados na década de 80. Porém, um desmanche aconteceu no esquadrão tricolor logo após as eleições para a Presidência do clube. José Carlos Vilella foi derrotado por Fábio Egypto, dirigente que vinha do basquete. Vilella queria craques. Egypto, conservador, preocupava-se com a recuperação das finanças. Como resultado direto disso, nos anos seguintes a torcida amargou uma impressionante seca de títulos. Dez longos anos!
O grito de campeão voltou quando Renato Gaúcho venceu Romário, então melhor jogador do mundo, marcando de barriga o gol do título carioca em 1995. Esse jogo, vencido pelo time das Laranjeiras por 3 a 2, é considerado o maior Fla-Flu da História. Confronto que, como diria Nelson Rodrigues, foi “presenciado por tricolores mortos e vivos no Maracanã”.
O maior FlaXFlu da história foi o de 1963, com 195.000 pagantes