por Zé Roberto Padilha
Artistas da Globo dificilmente serão esquecidos. Não é difícil a família e os fãs de Aracy Balabanian matarem as saudades do seu talento. São muitas as reprises e ainda tem a Globoplay com quase todas as novelas antigas à disposição.
Mas e os artistas da bola? Que encantaram gerações em capítulos de 90 minutos e ainda disputaram prorrogações e penalidades máximas? Não seria interessante ver o futebol-arte de novo, onde a bola, muito bem tratada, corria mais que os jogadores?
Eu, por exemplo, trocaria qualquer programa para rever Edu, o maior artilheiro da história do América, atuar. Reuniria meus filhos e netos na sala e serviria a mim mesmo uma taça de vinho e brindaria à memória do meu pai.
Além, é claro, de ouvir nas entrevistas, o cidadão Edu Antunes Coimbra dar continuidade às atitudes, ações e jogadas nobres que são marcas da família Antunes.
Toda a minha família era americana. Minha avó chamava América Fernandes Padilha. E Eduzinho era nosso ídolo maior. Certamente, Zico se espelhou no seu irmão para aprender, e depois aprimorar, a arte de bater faltas, realizar dribles curtos e arrancar em velocidade.
Todos os brasileiros, amantes do futebol, em qualquer época, deveriam ter o direito de saborear as imagens do time do América quando entrava em campo. Era um vermelho forte que pintava no gramado verde uma aquarela clássica, uma obra de arte emoldurada pela massa que vibrava à sua volta. E que encantava e precedia o espetáculo.
Saudades do Edu, do América, sentimentos bacanas que o espírito de Natal sempre potencializa.
Nascido em 1974 (completarei 50 anos em 01/01), também devido ao meu pai eu me tornei torcedor do América e me lembro saudoso do Wolney Braune, dos estádios nos subúrbios e, é claro, do antigo Maracanã. Dada a minha data de distanciamento da placenta, não vi o Edu jogar, mas fui testemunha de um breve bate-papo entre o meu pai e o saudoso Russo, que brilhou no Corinthians..
– Ney: Russo, você chegou a jogar contra o Pelé. Deve ter sido o cara mais difícil que você marcou…
– Russo: Neyzinho, o mais difícil foi o Edu! O cara me driblava a três metros de distância e nem porrada eu conseguia dar nele!!!
Memorável esse ocorrido de quase 30 anos.