por Mateus Ribeiro
Fernando Diniz é um dos treinadores mais badalados do Brasil, e isso não é um fenômeno tão recente. Desde que o Audax-SP começou a chamar a atenção pelo estilo de jogo onde até o goleiro participava de forma ativa na saída de bola, o ex-jogador virou assunto em todos os debates esportivos Brasil afora.
Fato é que Diniz realizou bons trabalhos, com elencos de medianos para baixo, e conseguiu até ser vice no Campeonato Paulista. Comentaristas e palpiteiros não entendiam como nenhum time da primeira divisão nacional havia se interessado pelo trabalho do jovem treinador.
Até que ontem, surpreendendo o Brasil, o Atlético Paranaense anunciou a sua contratação. Pela primeira vez, um time da Série A decidiu apostar em Fernando Diniz. Seria o começo de uma renovação no pensamento dos clubes? Não exatamente, creio eu.
Para começo de conversa, o Furacão foi atrás de Fernando porque Seedorf demorou para chegar a um acordo com a diretoria. Segundo que Fernando Diniz estava trabalhando no Guarani. E dito isso, alguns aspectos devem ser analisados.
Primeiramente, é correto afirmar que a saída se deu de forma legal, com o clube paranaense pagando a multa do contrato. Sobre isso, uma vez que não tenho acesso ao contrato, acredito que não há o que se discutir.
O ponto x da questão é que dessa vez os valores se inverteram. Toda vez que um treinador é demitido, a conversa é a mesma: o clube não deu tempo, não deixou implementar a filosofia de jogo, não houve respeito ao profissional, e toda aquela ladainha que estamos acostumados a ver toda semana, seja na Série A ou na Série D de qualquer campeonato brasileiro.
Acontece que Fernando Diniz montou o elenco da maneira que quis. Inclusive alguns jogadores só vieram para o Bugre pela perspectiva de trabalhar com o treinador da nova geração que mais recebe holofotes e confetes. E quando o tal do projeto caminhava para seu início, “Tchau, Carolina”.
Sem muito esforço ou pessimismo, todos nós sabemos o que vai acontecer: depois de uma série de quatro ou cinco resultados negativos, o clube vai demitir o técnico, que vai chiar, mesmo que internamente, e usar o mesmo papo de sempre. Nesse caso, tudo isso não vai passar de conversa para boi dormir. Ao Atlético, também não vai adiantar reclamar, como tantos outros clubes reclamam, se alguma diretoria procurar seu treinador durante a temporada.
Não se pode cobrar o que não praticamos. E apesar de fazer tudo dentro da lei, Fernando desrespeitou a torcida do Guarani e a história do clube. Ainda se Beto Zini fosse o presidente, até daria para passar um pano, mas no fim das contas, temos apenas uma história mal contada. Sem nenhuma parte errada, mas sem nenhum santo também.
Fora isso, resta apenas desejar boa sorte para todas as partes nesta história. E que essas situações não sejam mais tão frequentes no já judiado e estranho futebol brasileiro.
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