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“UMA COISA JOGADA COM MÚSICA” – CAPÍTULO 71

18 / julho / 2024

por Eduardo Lamas Neiva

A música de Tavito e Aldir Blanc empolgou o público, muitos cantaram o refrão e alguns chegaram a dançar. Zagallo foi muito cumprimentado, por ter sido o coordenador-técnico da seleção de 1994, e o ex-goleiro Wendell também, já que foi o treinador de goleiros daquela equipe vitoriosa nos Estados Unidos. Angenor Rosa aproveitou a deixa pra fazer uma sugestão.

Músico: – Zé Ary, acho que os craques da mesa chegaram à conclusão que vivemos ali naquela época a Era Romário, né?

Todos concordam.

Músico: – Então, ele merece uma homenagem musical.

Garçom: – Claro, claro que merece. Vou pôr aqui no nosso apareho de som uma belíssima composição do Carlinhos Vergueiro, chamada “Romário”.

Músico: – É do ótimo disco do Carlinhos Vergueiro chamado “Contra-ataque – samba e futebol”, lançado originalmente em 1999.

Garçom: – Vamos ouvir este belíssimo samba.

http://culturabrasil.cmais.com.br/romario-carlinhos-vergueiro

A música agrada em cheio, em especial o “seu” Edevair, pai do Baixinho, presente ao bar Além da Imaginação. O público em geral até cantou o refrão em coro: “Ô ô ô, Romário, romântico, boêmio, verdadeiro; um rei, um raio, um astro brasileiro…”. Ceguinho Torcedor aproveitou e seguiu no embalo da empolgação geral.

Ceguinho Torcedor: – Quando Roberto Baggio chutou a bola pras nuvens eu transcendi de tanta emoção.

Idiota da Objetividade: – E o Zagallo estava lá na comissão técnica, como coordenador. O “Velho Lobo” teve de ser engolido novamente. Com ele conquistamos quatro dos nossos cinco títulos mundiais. Em campo, fomos campeões em 58 e 62, e fora das quatro linhas ganhamos o tri em 70, com ele de técnico, e, como coordenador técnico, em 94.

Zagallo se levanta, agradece e é muito aplaudido. Mas Sobrenatural de Almeida resolveu dar um carrinho na euforia.

Sobrenatural de Almeida: – Assombroso! Assombroso mesmo o que o Velho Lobo fez pelo futebol brasileiro. Mas, porém, todavia, no entanto, nem sempre tudo correu bem com a seleção quando Zagallo esteve lá.

Idiota da Objetividade: – Sim, ele foi muito criticado em 74 pelo futebol defensivo da seleção.

Sobrenatural de Almeida: – E foi vice em 98 com aquela assombrosa história da convulsão do Ronaldo no dia da decisão com a França.

Ceguinho Torcedor: – Zagallo é o nosso maior vencedor, aquele que sempre vestiu a amarelinha com a alma arrepiada de emoção.

Sobrenatural de Almeida: – Sem dúvida, sem dúvda. Mas também teeve problemas com Romário desde 1992 e cortou o gênio da grande área, o craque da Copa de 94, às vésperas do Mundial da França, em 98.

Idiota da Objetividade: – Dois dias antes de o Brasil derrotar a Holanda na semifinal, nos pênaltis, Romário fazia o gol do Flamengo no empate em 1 a 1 com o Internacional, no Beira-Rio.

Garçom: – Bom, Romário em 98 não pôde disputar a Copa, mas aqui ele não vai ser cortado, nem barrado. Vamos ouvir outra música em homenagem ao artilheiro, que também tem seu nome como título, composta por Leonardo Teixeira, Ricardo Imperatore e Ronnie Marruda e gravada pela Banda Bel. Simbora! É pra todo mundo dançar muito.

O povo dança e se diverte. Houve uma dispersada geral, mas quando o povo se aprumou novamente, Zagallo pediu a palavra a Zé Ary, no que foi prontamente atendido.

Zagallo: – Em 93, antes da convocação pro jogo contra o Uruguai, pelas eliminatórias, o Parreira me ligou e disse que convocaria o Romário. Eu respondi: “Parreira, está certo”. Convoquei Romário várias vezes depois e, em 98, perto da Copa começar, Romário, que era meu titular com o Ronaldo no ataque, estava om um edema na batata da perna. Foi um caso especial, pela categoria do jogador e fomos até o limite que podíamos e fizemos o máximo para ele continuar na seleção, mas não foi possível. O doutor Lídio Toledo foi claro, depois de receber os exames, ao dizer que não podia garantir a volta do jogador nem no terceiro jogo da Copa. Então, decidimos cortá-lo. Sobre o Ronaldo, eu nunca fui médico, não posso falar do que aconteceu, o problema não era meu. E só fiquei sabendo do acontecido três horas mais tarde. Por que escalei o Ronaldo? Vocês sempre vão perguntar e eu sempre vou responder: porque ele foi liberado pelos médicos.

Idiota da Objetividade: – Que eram Lídio Toledo e Joaquim da Matta.

João Sem Medo: – Zagallo tem razão, quem libera um jogador nessas circunstâncias é o médico. Mas é ainda uma história muito mal contada até hoje e que teve a participação do Lídio Toledo.

Idiota da Objetividade: – Que já tinha tido problemas com Romário na Copa de 90, pois o jogador, que tinha fraturado a perna na Holanda, onde jogava no PSV Eidhoven poucos meses antes da Copa queria se tratar com seu fisioterapeuta particular, Nilton Petrone.

Garçom: – O doutor Lídio Toledo não pôde vir.

João Sem Medo: – Pois é, seria bom que viesse. Em 70, Pelé estava num dia com 38 graus de febre e no dia seguinte apareceu bom. O doutor Lídio deu a ele Penbritin, um antibiótico que os astronautas que foram à lua tomaram. E me disse: “Com aquela bomba, ele está zero quilômetro”. E me disse que Pelé tinha uma lesão de ligamentos no joelho direito, me disse sobre todos os venenos que ele tomou aqueles anos todos, me disse que ele não podia ou não devia jogar à noite por causa da vista. Minha obrigação era poupar Pelé pra que ele fosse tratado. Pedi ao médico um laudo por escrito, mas juro sob palavra de honra que não recebi. E na hora dos cortes do Toninho Guerreiro, por sinusite, e do Scala, por lesão, ele não apareceu, tive de dar as explicações sozinho, mesmo sendo leigo.

A fala de João Sem Medo provocou uma certa confusão no bar, com uns defendendo o vitorioso ex-médico da seleção e do Botafogo e outros apoiando João Sem Medo. Zé Ary deu um pique e pôs de primeira no telão Marco Pereira tocando “Tempo de Futebol”, composição do próprio violonista, pra acalmar os ânimos da plateia.

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