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UMA COISA JOGADA COM MÚSICA – CAPÍTULO 32

19 / outubro / 2023

por Eduardo Lamas Neiva

Dos títulos brasileiros de Inter e Guarani, nossos amigos vão ao princípio das competições nacionais de clubes. Idiota da Objetividade retém a bola. 

Idiota da Objetividade: – Durante muitos anos foi considerado como o primeiro campeão brasileiro o Atlético Mineiro, que venceu o Botafogo, na última rodada do quadrangular final do Campeonato Nacional de 1971, por 1 a 0, no Maracanã, com gol de cabeça marcado por Dario.

João Sem Medo: – E só voltou a ganhar em 2021, uma longa espera  de 50 anos.

Músico: – O Galo mineiro merece uma homenagem musical aqui, não é, Zé Ary?

Garçom: – Sem dúvida alguma. Uma não, vamos de duas, não é, Tony Damito? Venha ao palco, por favor.

Damito vai ao palco aplaudido.

Tony Damito: – Minha gente, muito obrigado. Se me permitem, então, vamos tocar aqui duas em homenagem ao grande Clube Atlético Mineiro, “Esse Galo é um espeto” e “Galinho tu és o maior”, que gravei com o conjunto Brasa 5 nos tempos em que vivia em Belo Horizonte. Depois fui pra Santa Catarina, em Camboriú, mas aí é outra história.  

Todos aplaudem Tony Damito, que agradece, desce do palco e vai pra sua mesa.

João Sem Medo: – Naquele dia lembro que dei carona pra três garotos, nunca conseguia atravessar o Túnel Rebouças sem levar gente. O mais velho devia ter uns 14 anos e o pequenino, uns 10 ou 11. Um deles tinha uma bandeirinha do Botafogo. Eles entraram no carro e foram dizendo o mesmo que dona Celeste, uma antiga empregada baiana lá de casa: “Olha, seu João, nós não queremos que o Botafogo perca o jogo, mas preferimos que o Atlético seja campeão”.

Idiota da Objetividade: – No triangular final, em turno único, o Atlético derrotou o São Paulo por 1 a 0 no Mineirão, na primeira rodada, e o Tricolor paulista goleou o Botafogo, em seguida, por 4 a 1, no Morumbi. Então, para ser campeão, o time carioca tinha de golear o mineiro por seis gols de diferença.

Sobrenatural de Almeida: – E a rivalidade dos cariocas com os paulistas sempre foi maior que a com os mineiros.

João Sem Medo: – Pois então aquela situação me fez pensar naquele caboclo esperto, quando se metia numa enrascada de votar no “coronel” que lhe dera emprego ou no médico que tinha feito um parto de graça na sua mulher. Então, o sabidão dizia no boteco da cidadezinha: “Bem, eu não quero que o veado morra, nem que a onça passe fome…”

Risada geral.

João Sem Medo: – E aí ele saía de fininho sem dizer em quem ia votar. Essa era a posição da torcida do Botafogo. E a minha também, ante o merecimento esportivo indiscutível do Atlético. Os torcedores dos outros clubes cariocas todos estavam abertamente a favor do Atlético. Os do Botafogo obviamente não poderiam torcer contra o seu clube. Nenhum torcedor digno pode fazer isso.

Garçom: – Ih, seu João, vimos em alguns campeonatos brasileiros, nesta Era dos Pontos Corridos, muita gente torcendo contra o próprio time pra que o rival não fosse campeão.

Todos concordam e começam a se lembrar e comentar uns com os outros vários casos recentes deste tipo.

João Sem Medo: – Bom, nenhum torcedor digno pode fazer isso, repito. Mas, em 71, os do Botafogo não queriam absolutamente o São Paulo. Veio o jogo e o árbitro foi o Armando Marques. Houve um pênalti do goleiro do Atlético sobre o Zequinha. A torcida deu uma vaia, fez um coro e deixou pra lá. Mas ficou muito feroz quando uma faltazinha foi invertida no fim do jogo. Era a tal gota d’água. O árbitro catava na fogueira e achou que tinha de mostrar autoridade. Inexplicavelmente e com total abuso de autoridade, o juiz marcou falta técnica contra o Botafogo. Foi clamoroso e contra as leis do jogo. Demonstrava apenas que o árbitro estava perturbado e coagido por ter sido obrigado pela Comissão de Arbitragem a apitar três jogos decisivos, por três clubes de três diferentes estados. Veio o xingamento e a primeira expulsão.

Idiota da Objetividade: – O lateral-direito Mura, do Botafogo, foi expulso.

João Sem Medo: – O Jair perseguiu o árbitro pra chutar a bola em cima dele e nada sofreu. Veio o Nilton Santos e perdeu a paciência.

Idiota da Objetividade: – Nilton Santos era dirigente do Botafogo naquela época.

João Sem Medo: – O Armando foi o bode expiatório de uma política falida no setor de arbitragem.

Sobrenatural de Almeida: – Assombroso! Nilton Santos agrediu Armando Marques na descida pro vestiário.

Idiota da Objetividade: – A foto do momento da agressão deu Prêmio Esso no ano seguinte ao fotógrafo José Santos, do jornal O Globo.

Garçom: – Não sabia dessa história! O Nilton Santos agrediu o Armando Marques? Nunca tinha ouvido falar sobre isso. Tem a foto aqui? Achei. Vamos ver no telão.

Idiota da Objetividade: – E não foi a primeira vez. Em 1964 Enciclopédia do Futebol levou Armando Marques a nocaute ao lhe dar um violento soco no Pacaembu, num jogo entre Corinthians e Botafogo, que terminou 3 a 3.

Garçom: – Olha, estou surpreso. Gostaríamos de ouvi-lo, seu Nilton!

Nilton Santos se levanta.

Nilton Santos: – Sempre tive problemas com alguns árbitros, exceção de Mário Vianna, Alberto da Gama Malcher, Aírton Vieira de Moraes, José Gomes Sobrinho e Gualter Portela Filho.

Idiota da Objetividade: – Ainda bem que Armando Marques não se encontra por aqui. Não é, Zé Ary?

Garçom: – Ele não pôde vir.

Nilton Santos: – Ainda bem que nem ele, nem o Eunápio de Queirós vieram.

Alguns risos são ouvidos.

Ceguinho Torcedor: – Mas isso em nada apaga o brilhantismo da carreira de Nilton Santos, que merece os nossos aplausos por tudo o que fez pelo Botafogo e, principalmente, pela participação destacada no bicampeonato mundial da seleção brasileira, em 1958, na Suécia, e em 1962, no Chile.

Todos aplaudem a Enciclopédia do Futebol, que agradece.

Nilton Santos: – Obrigado a todos, em especial ao Ceguinho Torcedor.

Sobrenatural de Almeida: – O mais assombroso é que Everaldo, o lateral-esquerdo titular da seleção no tricampeonato mundial, em 1970, no México, também foi autor de um soco monumental num árbitro.

Idiota da Objetividade: – Foi em 1972, num jogo entre Grêmio e Cruzeiro, no antigo estádio Olímpico. Everaldo deu um soco em José Faville Neto, quando, com o placar empatado em 1 a 1, o árbitro marcou um pênalti para o Cruzeiro.

Sobrenatural de Almeida: – Assombroso!!

Idiota da Objetividade: – O árbitro deu queixa na polícia e Everaldo abriu mão do troféu Belfort Duarte que havia recebido três meses antes e ficou mais de um ano suspenso por causa da agressão.

João Sem Medo: – A coisa poderia ter ficado apenas no terreno esportivo. A briga em futebol é uma coisa totalmente impessoal. E o juiz, pelo visto, não teve a esportiva que os jogadores têm. Everaldo não tinha nada contra o Faville Neto.

Idiota da Objetividade: – Há controvérsias.

Garçom: – Bom, vamos amenizar o clima? Sabemos todos que juiz não é Deus, então vamos ouvir “Mané Juiz”, de Alfredo da Dedé, com o grupo Sotaque Brasileiro aqui no som.

Fim do capítulo 32

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