por Eduardo Lamas Neiva
O papo sobre acidentes fatais voltou à mesa após a menção a Paulo Silvino. E Sobrenatural de Almeida pegou a deixa de Zé Ary.
Garçom: – Falávamos de jogadores que no auge de suas carreiras acabaram sofrendo acidentes fatais. Vocês se recordam de mais alguns?
Sobrenatural de Almeida: – Lembro do uruguaio Daniel González, que também tinha jogado na Portuguesa e no Corinthians e estava no Vasco quando morreu num acidente no Rio. Teve o zagueiro Figueiredo, do Flamengo, também.
Idiota da Objetividade: – Figueiredo morreu aos 24 anos, em 1984, num acidente com um helicóptero em que também estava Nilton, irmão e procurador do Bebeto, na época atacante do Flamengo e que dez anos mais tarde fez parte da seleção que se sagrou tetracampeão mundial nos Estados Unidos.
Garçom: – Houve muitas mortes trágicas. Uma que me deixou muito chocado foi a do zagueiro Serginho, do São Caetano, lá no Morumbi.
Idiota da Objetividade: – Foi uma noite muito triste para o futebol brasileiro a de 27 de outubro de 2004. Jogavam no Morumbi São Paulo e São Caetano, pelo Campeonato Brasileiro, quando, aos 14 minutos do segundo tempo, o zagueiro Serginho, de 30 anos, caiu na área de seu time. Logo, os jogadores das duas equipes que estavam mais próximos perceberam a gravidade e ficaram desesperados. Serginho foi levado para o hospital São Luiz, na capital paulista, mas não resistiu ao ataque cardíaco e faleceu.
Encorajado por quem estava em sua mesa, Serginho levanta-se e toma a palavra.
Serginho: – Mas agora estou aqui podendo participar deste evento maravilhoso.
Todos aplaudem e o ex-zagueiro agradece.
Músico: – Então, em homenagem ao Serginho, o Daniel González e o Figueiredo, que também estão aqui…
Garçom: – Podem aplaudi-los também (ambos também se levantam e agradecem os aplausos).
Músico: – Bom, com a licença do Jorge Ben, ou melhor, Jorge Benjor, que continua batendo um bolão no Mundo Material, vamos tocar aqui uma música dele, em homenagem a esses e todos os grandes zagueiros da História. Vamos lá, gente! “Zagueiro” vai limpar a área! E todo mundo pode dançar.
Todos se divertem a valer e aplaudem os músicos ao fim da música. Mas o tema das tragédias no futebol brasileiro retorna.
Garçom: – Creio que o acidente com o time do Chapecoense quase inteiro na viagem pra Colômbia, em 2016, foi a pior de todas, né?
João Sem Medo: – Vários jornalistas que iriam acompanhar a final da Copa Sul-Americana também estavam no avião que caiu a 30 quilômetros do aeroporto de Medellin, onde seria a partida.
Idiota da Objetividade: – Foram ao todo 75 mortos. Apenas seis sobreviveram, entre eles o goleiro Jackson Follman, o lateral Alan Ruschel e o zagueiro Neto.
João Sem Medo: – Sobreviveram também o locutor Rafael Henzel, que faleceu depois e já nos cumprimentou quando chegou aqui, e dois tripulantes. Entre os comentaristas mortos estava Mário Sérgio, ex-ponta-esquerda e meia de grande habilidade. Mário Sérgio foi um jogador de alto gabarito. Tinha o apelido de Vesgo, porque muitas vezes olhava prum lado e tocava pro outro pra enganar os marcadores. Os mais novos já viram Ronaldinho Gaúcho fazer isso algumas vezes e vão entender o que o Mário fazia.
Ceguinho Torcedor: – Foi treinador também.
Sobrenatural de Almeida: – Mas não teve o mesmo sucesso de quando jogador.
Idiota da Objetividade: – Mário Sergio começou no Flamengo, em 1970. Depois jogou em vários clubes: Vitória, Fluminense, Botafogo, Rosário Central da Argentina, Internacional, São Paulo, Ponte Preta, Grêmio, Palmeiras, Botafogo de Ribeirão Preto, Bellinzona da Suíça e Bahia. Entre os principais títulos conquistou o bicampeonato carioca de 75 e 76 pelo Fluminense, o campeonato brasileiro de 79 pelo Inter e o Mundial Interclubes de 83 pelo Grêmio. Como técnico comandou 11 times e foi dirigente no Grêmio, em 2005.
Garçom: – Mário Sergio também disse que viria, mas ainda não apareceu.
João Sem Medo: – Ele foi convocado pelo Telê em 81 e 82, mas acabou não indo à Copa da Espanha. Telê resolveu levar o Dirceu.
Garçom: – Dirceu teve um compromisso…
Sobrenatural de Almeida: – Esse papo tá mórbido demais.
Ceguinho Torcedor: – Todo mundo aqui partiu daquela pra melhor, Almeida. E pensei que gostasse dessas coisas.
Sobrenatural de Almeida: – Minha influência se resume ao jogo. Nunca matei ninguém.
João Sem Medo: – Sem essa, Almeida. Muita gente morreu do coração com gols no último minuto, chances perdidas em cima da hora, frangos incríveis…
Sobrenatural de Almeida: – … não diretamente, não diretamente.
Ceguinho Torcedor: – Ouço daqui a tua risada satânica.
Sobrenatural de Almeida: – Que isso, Ceguinho? hahaha
Músico: – A risada satânica do Sobrenatural de Almeida me lembrou de “Futebol no inferno”, que Castanha e Caju gravaram. O que acha, Zé Ary?
Garçom: – A música é de José Soares. Vou pôr no telão pra vocês verem e ouvirem a dupla.
João Sem Medo: – Muito boa esta!
Sobrenatural de Almeida (de pé, dançando e cantando): – Deus me livre d’eu ir lá! Deus me livre d’eu ir lá! Hahaha
Ceguinho Torcedor: – Essa risada satânica é inconfundível. Até no inferno se ouve e se reconhece.
Idiota da Objetividade: – Parece até que veio de lá!
Risadas.
Fim do Capítulo 21
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