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“UMA COISA JOGADA COM MÚSICA” – CAPÍTULO 18

13 / julho / 2023

por Eduardo Lamas Neiva

A música de Chico César e Zezo Ribeiro agrada em cheio e é até aplaudida, mesmo sem os músicos presentes.

Garçom: – Que bom que gostaram.

O drible continua à baila no bar Além da Imaginação, e João Sem Medo sai jogando com elegância.

João Sem Medo: – Nosso gingado não tem igual no mundo, por mais que alemães, espanhóis e outros europeus queiram ensinar à sua criançada a jogar parecido com o que de melhor apresentamos nos campos de todo mundo. Só os africanos poderão, talvez, nos alcançar um dia. O nosso futebol é uma coisa jogada com música.

Garçom: – O drible já foi tema de várias músicas, seu João. Então vou colocar outra aqui pra vocês ouvirem. Ela se chama “Drible de corpo” e foi composta por Toinho Gomes e Aisier Vinicius.

Zé Ary vai então ao notebook do Além da Imaginação e põe o som no ar:

O choro agrada em cheio também e Ceguinho Torcedor agora é que domina a área.

Ceguinho Torcedor: – As coisas estão tão de cabeça pra baixo que resolveram punir o drible.

João Sem Medo: – Até juiz aqui no Brasil andou advertindo jogador por driblar.

Ceguinho Torcedor: – A alegria do futebol, do nosso futebol, virou um acinte, uma humilhação.

João Sem Medo: – Isso só para os burocratas e os pernas de pau! Mas não tem árbitro, técnico ou dirigente que vá acabar com a criatividade do brasileiro.

Ceguinho Torcedor: – A música e o futebol deste país sempre produziram grandes craques.

Músico: – Sem dúvida alguma, seu Ceguinho. E tem mais músicas sobre o drible. Uma pena que o seu Garoto não pôde vir ainda pra tocar aqui pra gente o maxixe “Driblando”.

Garçom: – Mas tem uma aqui com o mesmo nome, do pianista Marcos Ariel. Vou colocar no som pra vocês ouvirem.

Todos curtem a música. Ao fim da execução, a palavra volta ao comando de quem? João Sem Medo!

João Sem Medo: – Falar de drible é falar de Garrincha, claro. Mas ele merece um dia inteiro pra que a gente comente um pouco sobre sua importância para o futebol brasileiro.

Ceguinho Torcedor: – Contra a Rússia, em 58, ele driblou até as barbas do Rasputin! Mas como disse o João, Garrincha é um assunto que não se esgota e merece que a gente fique falando só sobre ele durante séculos. E falaremos!

João Sem Medo: – Sim, é um papo certo pra mais adiante.

Garçom: – Tem uma música com um gingado ágil como o Garrincha aqui. É do saxofonista Léo Gandelman, chamada “Camisa 7”. Vamos ouvir!

Ceguinho Torcedor: – João, esse Zé Ary sabe tudo sobre música e futebol.

Garçom: – Obrigado, seu Ceguinho. Gosto muito desta tabelinha. Não há no mundo coisa igual!

João Sem Medo: – Muito bom, Zé Ary, muito bom mesmo. Olha, um dos nossos craques que driblavam muito e tinha um futuro brilhante, mas infelizmente morreu muito jovem foi o Dener. Era um grande jogador, tinha um grande futuro pela frente.

Garçom: – Dener está ali, seu João.

João Sem Medo: – Opa! Muito prazer, garoto. Vi você começando e depois o acompanhei daqui com muita alegria. Parabéns! Sua passagem foi curta na Terra, mas inesquecível, pode ter certeza.

Dener: – Muito obrigado, seu João. É uma honra pra mim ouvir seu elogio.

Ceguinho Torcedor: – Receba os meus também e de todos aqui presentes.

Dener: – Agradeço muito, seu Ceguinho.

Todos aplaudem Dener, que agradece com acenos, de sua mesa.

Fim do capítulo 18

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