por Zé Roberto Padilha
Tem pessoas que passam pelo mundo que, por não serem comuns ao mundo, poucos no mundo conseguem entender. Muito menos lembrar, respeitar, escalar.
Como, então jornalistas de todo o mundo votariam nele se ele, vocês sabem…
Como entenderiam um jogador que estreia em uma Copa do Mundo e vendo uma Inglaterra, toda de branco, entrar em campo num país só de brancos, no lugar de tremer, ironiza: “Oba! Hoje é contra o São Cristóvão…!”
Hoje, o camisa 07 da seleção desfila conectado ao mundo de fone de ouvido e IPhone. Garrincha carregava uma gaiola pela concentração. Não desligava um só instante da pureza da natureza que vivem a pulverizar.
Ninguém entendeu como driblava daquele jeito, ia e voltava com seu marcador como se brincasse de pique-esconde às vistas de todos que mal escondia seus encantos.
Garrincha teve mais filhos do que podia, relações que não deveria, suecas encantadas que viraram prato de comida, joelhos que não poderiam ser infiltrados e desobedeceu tantas ordens vindas do banco que caminhou por um gramado à parte em nosso universo esportivo.
Aliás, nem teria acesso a ele se uma enciclopédia, sábia como Nilton Santos, após levar um desmoralizante drible entre suas canetas, no primeiro teste que realizou no Botafogo, no lugar de ir tirar satisfações com ele, se dirigiu ao treinador e pediu sua contratação.
Esse aí é melhor ter do lado do que contra.
Ninguém votou contra ele na seleção dos melhores do mundo. Não votaram a favor porque são jornalistas reais, óbvios, previsíveis.
Como todo o mundo. Como escalariam um ser de outro mundo?
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