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UM JOGO ENTRE AMÉRICAS DISPUTADO NO ANDARAÍ

9 / dezembro / 2020

por André Luiz Pereira Nunes


America e América de Três Rios protagonizaram, em 2013, no Giulite Coutinho, uma partida na qual 2 a 2 foi o resultado. Uma contenda que não era disputada desde 7 de março de 1993, quando ambos integraram a elite do futebol do Rio de Janeiro. 

Na tarde daquele domingo, em Três Rios, o placar foi 0 a 0, em jogo válido pela Taça Guanabara. No tempo em que o futebol fluminense era comandado com mãos de ferro por Eduardo Viana, o Caixa d’água, não é de se estranhar que havia um inusitado acesso e descenso ao fim de cada de turno. Portanto, o mesmo confronto não ocorreria pela Taça Rio, haja vista que o time rubro trirriense acabaria rebaixado e, assim, dado adeus pela última vez à Série A. 

Por coincidência, o ano de 1993 foi o único em que os rivais citadinos América e Entrerriense integraram a primeira divisão.

Todavia, vale relembrar o ano anterior no qual o America e o seu genérico do interior se enfrentaram no saudoso estádio Wolney Braune, o antigo campo do Andaraí, cujo terreno é atualmente ocupado por um shopping center.

Era uma quente tarde a de 8 de novembro. A partida era válida pelo segundo turno do Campeonato Estadual, a Taça Rio. Nas proximidades da praça esportiva, justamente na rua Teodoro da Silva, era perceptível um ônibus cujos integrantes faziam grande alarido, o qual chamava a atenção de todos os circunstantes. Seus integrantes gritavam “sangue!!!”, um grito de guerra muito conhecido naquela região.

Já naquela época a maior parte da torcida do America era formada por pessoas de meia idade e idosos. Por isso, a intensa manifestação daqueles eufóricos jovens era mesmo algo bastante incomum.

Porém, foi descoberto logo que faziam parte da claque rival. Eram numerosos e provocadores. Durante a disputa da Taça Rio os trirrienses surpreendiam pela ousada campanha. Haviam derrotado em seu campo o Bangu, empatado no Caio Martins em 1 a 1 com o Botafogo e vencido o Americano, em Campos, algo raro nos tempos em que Eduardo Viana era seu ferrenho torcedor e patrono.

Já o America não vinha bem. Havia sofrido uma derrota de 4 a 2 para o Vasco, o futuro campeão daquele ano e dos dois seguintes. Tudo levava a crer que o primo-pobre do interior faria mais uma mais uma vítima em campo adversário, daí a extrema desconfiança que reinava entre os torcedores locais presentes. Entretanto, a torcida visitante rival gritava, mas encontrava reação em resposta.

A escalação americana não trazia grandes nomes. Em nível nacional o time já se encontrava alijado das três divisões do Campeonato Brasileiro. No Estadual, apenas lutava arduamente contra o rebaixamento. O zagueiro Paulo Sérgio, oriundo do Campo Grande, era uma das atrações daquele limitado plantel. O xerife era tão querido que tinha direito a uma faixa em sua homenagem afixada no alambrado vizinho ao morro. Outro destaque daquele time era o ponta Edenílson Pateta. Era canhoto e veloz. Formava a linha de ataque com Álvaro e Serginho.

Apesar do maciço apoio de sua torcida, o América de Três Rios sairia do Andaraí derrotado por 2 a 0. Serginho e Edenílson Pateta assinalaram o marcador favorável. A superioridade mandante foi inquestionável.

O America atuou com Fábio, Dedé, Paulo Sérgio, Cláudio e Marquinhos; Jorge Luís (Marcelo Lopes), Tiquinho e Márcio Ramos (Márcio Luís); Serginho, Álvaro e Edenílson. O treinador era Ernesto Paulo.

No cômputo geral o América de Três Rios conseguiu um surpreendente quinto lugar, enquanto o America ficaria apenas na nona posição. O time trirriense continuaria o seu histórico de ousadias. A vítima posterior foi o Fluminense, batido no Odair Gama por 3 a 2. Mas no Andaraí a história foi bem diferente. A supremacia foi mesmo total do time da casa, afinal respeito nunca é demais!

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