por Zé Roberto Padilha

Corinthians x Fluminense, ano de 1974. Fora de casa, mesmo com três tricampeões mundiais, Felix, Gerson e Marco Antônio, atuamos fechadinhos a buscar o contra-ataque. Não havia como sair nos expondo porque eles, além da maciça presença da Fiel, também tinham três: Ado, Zé Maria e Rivelino.
Eu e Rubens Galaxe éramos dois meninos em meio a tantas cobras criadas, e quem nos deu essa chance, como titulares, foi Pinheiro. Ele nos formou e quando teve sua oportunidade, como interino, deu essa moral pra gente.
Jair, na foto ao meu lado e do Didi, abriu a contagem e administramos esse 1×0 até 43 minutos do segundo tempo. Foi quando Félix resolver saiu jogando comigo, com as mãos, em nossa intermediária.
E quando fui dominar no peito, e ela subiu um pouco, Zé Maria, o “Super Zé”, me deu um chega pra lá, roubou a bola, deu no Vaguinho, recebeu na linha de fundo e cruzou de volta pro mesmo Vaguinho empatar a partida.
Como um atropelamento, uma queda em um piso liso e molhado, tudo é tão rápido quando lhe roubam uma bola daquele jeito, e você sabe que isto vai atrapalhar sua recuperação no conceito de manutenção e subida pro andar de cima, que você entra completamente sem graça no vestiário.
Se sentindo o pior homem do mundo.
Já nos chuveiros, deu para ouvir o tiro de misericórdia. No boxe ao lado, deu para ouvir parte de uma discussão entre o Gerson, capitão do time, com o Félix.
– Porra, Papel! Com tantas opções de sair jogando, e você se acha no direito de sair jogando com um “cabaçudo” desses? Dá um chute pra frente que dá menos prejuízo!
Para a línguagem do Futebol, “Cabaçudo” se trata de um inexperiente jogador, que precisaria amadurecer bastante para um dia jamais tentar dominar uma bola, no peito e próximo a um precipício, quando você enfrenta um tanque fora dos seus domínios.
Hoje, subir para o profissional é como passar da sala de jantar para a varanda. Antigamente, você tinha que superar mais de mil e oitocentas colinas.
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