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TITE NÃO É INTOCÁVEL E SEU TIME NÃO É IMBATÍVEL

22 / setembro / 2017

por Mateus Ribeiro


Após a saída de Dunga, todo mundo queria Tite na seleção. Após ótima passagem pelo Corinthians, o gaúcho era o sonho de consumo da torcida brasileira. Atendendo ao clamor popular, os mandatários do futebol nacional decidiram fazer um convite para o treinador, que aceitou.

Pronto, a partir daquele momento, todos os problemas da seleção brasileira estavam resolvidos. Com Tite no comando, a equipe que não conseguia ganhar nem Copa América se tornou a maior seleção do futebol mundial. Em conversas de torcedores, a impressão que se tem é de que o time da CBF não tem um treinador, mas sim um mago.

Além disso, vitórias seguidas contra os adversários da América do Sul ajudaram a elevar o patamar de Tite. Está certo que recordes foram batidos, e tudo o mais. Porém, que me perdoem os mais exaltados, o Brasil tem a OBRIGAÇÃO de atropelar TODOS os times de seu continente, exceto Uruguai e Argentina, que ao lado do Brasil são os únicos países com tradição e história no futebol. O resto é história para boi dormir.

E não adianta falar que o Chile evoluiu, que existe a altitude, e que a seleção goleou o envelhecido e fraco Uruguai fora de casa. Afinal de contas, se temos os melhores jogadores do planeta (como muitos dizem), nada mais justo e óbvio do que triturar todos os adversários.

Para fechar o pacote, falou-se muito que Tite teria autonomia nas convocações. Faz me rir. Desde que acompanho futebol, o time da CBF sempre foi o maior balcão de maracutaias existente. E para quem realmente acreditou nessa conversa furada, o pessoal da China (os “homens de confiança” que recebem zilhões para atuarem em um campeonato semiamador), Diego (que mal está conseguindo ser titular no seu clube), Fred e Firmino (que tristeza) mandaram um abraço.

Pois bem, pouco mais de um ano depois de assumir a seleção, Tite se tornou quase uma unanimidade nacional. E isso parece que atingiu o treinador. Suas entrevistas, que já eram uma tortura, se tornaram insuportáveis. Só não são mais insuportáveis do que esse time, que mais se parece com uma boyband, onde cada um encarna um papel: temos o galã, o rebelde, o valentão (que chora na hora de bater pênalti), o alegre e o descolado. Todos encarando cada jogo (antes, durante e depois) como um clipe, se preocupando mais em caras, bocas, pose e estilo do que com o próprio futebol.


Já conhecemos o filme. Empolgação, uma dose cavalar de arrogância, pseudo superioridade, e confiança em excesso. Aí chega na Copa do Mundo, que realmente é o único torneio que vale alguma coisa DE VERDADE, encontra uma seleção bem armada, toma uma pedrada, e volta para casa. Depois das derrotas, tome reportagens falando sobre “os motivos que tiraram o Hexa das mãos do Brasil”. Está tudo aí. Bem debaixo do nosso nariz. Só não vê quem não quer. E o brasileiro é um dos povos do mundo que mais gosta de ser o sujeito do ditado “o pior cego é aquele que não quer ver”.

É claro que a torcida brasileira (aquela que vai para o estádio achando que jogo é balada) não está ligando para nada disso. Afinal, na cabeça deles, Tite é intocável, e a seleção é imbatível.

Sinto em informar, mas apesar da imprensa enfiar isso na cabeça de alguns, nenhuma afirmação procede. Os filmes das Copas de 2006, 2010 e 2014 mostram que todo esse oba oba não é garantia de nada.


Resta esperar, e ver se dessa vez, o time da CBF, da Nike e de alguns empresários vai escrever uma história diferente.

Eu duvido. Muito. E assumo que vou dar bastante risada se o tal do hexa não vier.

Um abraço, e até a próxima.

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