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TITE É A ESPERANÇA NO HORIZONTE RUBRO-NEGRO

18 / outubro / 2023

por Marcos Vinicius Cabral

A Era Tite, oficialmente, começou no Flamengo na tarde dessa segunda-feira, 16 de outubro. Na apresentação do novo treinador, uma frase do comandante rubro-negro me chamou atenção: “O técnico tem que se adaptar aos jogadores e à equipe, e não o contrário”, contou para os jornalistas na coletiva de imprensa no Ninho do Urubu.

Mas para falar de novo técnico do Flamengo, que estreia contra o Cruzeiro nesta quinta-feira (19), às 19h, no Mineirão, partida válida pela 27ª rodada do Campeonato Brasileiro, há a premência de se voltar no tempo. Não em um passado tão distante, mas fazer um paralelo do Tite de antes que, por este fato, motivou-me a digressionar textualmente sobre o treinador que dirigiu o Brasil em duas Copas do Mundo.

Embora assistir jogos oficiais da Seleção Brasileira e Copa do Mundo fossem promessas feitas ao apreciador do bom futebol que sempre fui, o torneio mais importante do planeta reuniu, em 2022, 32 equipes no Catar. Tite, treinador do Brasil, esteve lá no continente asiático e, mais uma vez, não trouxe o troféu da Copa do Mundo FIFA.

Desacreditada, pelo menos para mim, o que se viu do futebol apresentado pelos brasileiros nos estádios Lusail Stadium, 974 Stadium, e Cidade da Educação não convenceu. Em um Mundial no qual a Argentina voltou a ser campeã depois de 36 anos, Messi descortinou no palco da consagração o talento de maior do mundo, e o Brasil, sob o comando de Tite, conquistou um sétimo lugar, bem atrás de Croácia e Marrocos, terceiro e quarto colocados respectivamente.

Diante do fato, levei 103 dias para escrever um artigo e publicá-lo em meu blog pessoal com o seguinte título: A diferença entre técnico e líder (clique aqui e leia), no qual critiquei a postura do comandante brasileiro. Sim, achei inaceitável Tite virar às costas, descer para o vestiário no fim da partida contra a Croácia, deixar jogadores desolados com a eliminação na Copa do Mundo e o sonho do hexacampeão transferido para 2026 ficarem sentados no gramado do Estádio Cidade da Educação, em Doha. Ausência de empatia, liderança, comando e, no mínimo, faltou ser paizão dos meninos.

Prevaleceu, pelo menos naquele momento, duas coisas: covardia ao abandonar os jogadores na batalha campestre e egoísmo ao não juntar os cacos em que alguns deles se transformaram ao apito final do árbitro inglês Michael Oliver.

“Sempre elogio as atitudes do Tite. Mas essa é de ir para o vestiário e deixar os jogadores em campo não está correto. São todos um time!”, cornetou Galvão Bueno durante transmissão de Brazil x Croácia.

E é esse Tite que, além do episódio, traz na bagagem duas Copa do Mundo (2018 e 2022), dois títulos do Campeonato Brasileiro pelo Corinthians (2011 e 2015) e o título da Copa América de 2019, que chega ao Flamengo.

Conseguirá o senhor Adenor Leonardo Bachi resgatar o treinador Tite, que conquistou lauréis na carreira, como, por exemplo, ser considerado o melhor treinador da Copa Libertadores da América, em 2012, e do Campeonato Brasileiro, em 2015? Nas competições, foi campeão.

Ou será que o senhor Adenor Leonardo Bachi vai ser o Tite, o paizão de jogadores que foi no Corinthians? Aliás, por mais que sempre tenha refutado o rótulo, foi na vitória suada por 3 a 2 contra o Mirassol que “paizão” começou a ser falado entre os jogadores corintianos no Paulista de 2011.

“Não gosto de tratar isso como relação de pai e filho, muito menos de família. Prefiro dizer que faço um trabalho de correção, diante do que o jogador faz ou deixa de fazer”, comentou Tite, à época.

Quatro anos depois, o meia Renato Augusto ratificou o que Tite evitara (ou tentara) em vão: “Foi o cara que me passou toda essa confiança, estamos sempre conversando, ele é um pai para todo mundo. Não adianta só falar da parte tática e técnica, tem também a parte humana, que é realmente incrível. Agradeço muito a ele por ter voltado à Seleção”, afirmou o jogador, em entrevista ao GloboEsporte.com, em dezembro de 2015.

Ampulheta virada e desvirada pelas mãos do tempo, Tite, que assinou com o Flamengo até 31 de dezembro de 2024, chega em um momento extremamente conturbado.

O Flamengo que encerra a dois meses a temporada fracassada de 2023 sob comando de Vitor Pereira e Jorge Sampaoli, com Tite vai brigar ponto a ponto por uma boa colocação no Campeonato Brasileiro – única coisa que resta – buscando classificação à Libertadores do ano que vem. Inclusive, foi o que fez mudar de decisão e assumir o Mais Querido agora.

O grande dilema do novo treinador vai ser fazer esse Flamengo milionário jogar e voltar a dar à torcida o que ela espera desde janeiro: títulos!

Ademais, é criar um antídoto para combater a mau futebol praticado nesta temporada por jogadores considerados vencedores na recente história rubro-negra. Casos de, principalmente, Gabigol, Pedro, Everton Ribeiro, Filipe Luís e Thiago Maia. Além deles, torcer para que Tite e a comissão técnica composta por cinco integrantes que chegam com ele, possam extrair o melhor da estrutura do clube e do material humano que terão à disposição.

Para tanto, é necessário que Tite – que comanda pela primeira vez na carreira um clube do Rio de Janeiro – não seja o paizão e tampouco o treinador que abandona os jogadores ainda no campo e desça para o vestiário em eventuais derrotas à frente do Flamengo.

Basta ser técnico. Isso será tão importante quanto títulos conquistados, pois Tite é a esperança no horizonte rubro-negro.

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