por Marcelo Mendez
E a Espanha era uma festa!
Em um escaldante verão, as tardes de Sevilha viram os 11 homens de amarmelo dar espetáculos contra Escócia e Nova Zelândia e agora vinha a segunda fase.
Seriam quatro grupos de três times sendo que o campeão de cada grupo iria para semi. No grupo do Brasil, que muitos chamaram de “grupo de fogo”, tinha, além de nós, Argentina e Itália.
Em um sábado, após os treinos no Nacional, na hora de comer goiabas que a gente sempre roubava lá nos pomares do Seminário dos Padres, nós, os meninos de 12 anos de 1982, falávamos desse chaveamento:
– Porra, mas esse time Italiano num jogou nada na primeira fase!
– Ah, sei não, Batata. Agora é outra fase, time grande cresce nessas horas…
– Grande da onde, Pedrinho? Os caras fizeram um gol em três jogos e empataram com Camarões!
– Tá bom, Marcelo. Então cê acha que a Itália é uma merda? Vamo ver…
– Ô, Pedrinho… Que porra é essa?! Cê é Judeu ou é Italiano?!
Nessa hora, nós todos rimos:
– Que tem a ver a minha religião, com isso, Zila? Mas tá, depois a gente vai ver no campo. As coisas da bola se resolvem no campo!
– Escuta, mas antes tem a Argentina. Esqueceram?
– Argentina é baba, Marcelo…
O BAILE NA CATALUNHA
A Argentina estava engasgada na garganta.
Além de tudo que havia acontecido quatro anos antes, quando uma armação da Ditadura Argentina, alinhados com direção da Seleção Peruana, garantiu um resultado para os portenhos passarem de fase, aquele jogo pegado no Mundialito em 1981 estava bem vivo nas nossas cucas.
Era hora de passar o trator em cima dos caras.
No dia 02/07/82, em Barcelona, o Brasil jogou futebol como se não fosse haver amanhã. Como se fosse o ultimo jogo da face da terra.
Foi 3×1 em cima deles e era pra ter sido pelo menos uns 8!
Passamos pelos Argentinos. Agora era cumprir uma conveniência que seria vencer a Itália, time capengante e irregular e passar pra semi. Não passava pela cabeça de ninguém que o destino fosse ser outro.
Bem, a bola do destino rolou…
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