por Marcos Vinicius Cabral
Certa vez, quando dirigia o Atlético-GO, René Simões se envolveu no episódio que resultou na conturbada demissão de Dorival Jr. do comando santista, após se desentender com o jogador.
Naquela ocasião, Neymar acabou preterido para a cobrança de um pênalti, já que vinha perdendo alguns em jogos anteriores, e em virtude disso brigou ainda em campo com seu conandante Dorival e o capitão do time, Edu Dracena.
– Trabalho há décadas no futebol e nunca tinha visto algo parecido. Está na hora de alguém educar esse rapaz, senão vamos criar um monstro em nome dessa arte de jogar. Estamos criando um monstro – desabafou René.
E completou:
– Ele se acha o senhor todo-poderoso dentro de campo e ninguém está fazendo nada, absolutamente nada. O que esse rapaz falou para o capitão deles e para o banco de reservas foi de uma falta de educação que poucas vezes eu vi.
O ano era 2010.
A imprensa esportiva (entenda-se bajuladores), enaltecia os gols, as jogadas e os dribles do jovem talento do Santos que vestia a camisa 11 que um dia foi do não menos habilidoso Edu, companheiro do Rei e poria panos quentes nas travessuras do moleque.
O jogador criticado por René Simões naquela ocasião há dez anos, agora na derrota para o Rennes nos pênaltis criticou os companheiros mais jovens do PSG e agrediu de forma covarde um torcedor que, no calor da emoção (torcedores, não é isso que somos?), pediu ao intocável camisa 10 da equipe francesa para aprender a jogar bola.
Agressão gratuita.
E o nosso melhor jogador depois de Pelé – como disse Sérgio Xavier Filho no Seleção SporTV – disse que quer um dia jogar no Flamengo.
Flamengo este que tem um ídolo chamado Zico, que me recebeu pessoalmente há três anos em seu Centro de Treinamento no Rio de Janeiro sem nenhum assessor para intermediar e receber o quadro que pintei dele e ano passado quando cedeu um depoimento para abrir meu TCC da faculdade.
Flamengo este que tem um certo Leovegildo, que sempre me recebeu bem nas vezes em que juntos estivemos e que no ano passado – um pouco antes da realização da Copa do Mundo da Rússia – me atendeu prontamente em sua casa com mais onze pessoas para realização de uma entrevista para fechar o meu TCC.
Flamengo este que tem um tal Leandro, que deita na rede em sua pousada com minha filha Gabrielle e almoça comigo e minha mulher em sua casa com seus familiares.
Estes são os ídolos que a torcida exigente do Flamengo aprendeu a valorizar, amar e respeitar.
Neymar da Silva Santos Júnior, um conselho: melhor sonhar em jogar em outro clube pois aqui a nação não está acostumada com ídolos pés de barro.
O seu sonho de vestir o Manto Sagrado – que é o desejo de todo jogador de futebol – vai ser para nós torcedores, um pesadelo.
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