por Paulo-Roberto Andel
Morreu Rubens Minelli. Teve uma vida longa e feliz. Viveu e construiu muito.
Foi um dos maiores treinadores da história do futebol brasileiro. Conseguiu ser tricampeão nacional na acepção da palavra, assim como seu pupilo Muricy Ramalho também faria três décadas depois.
Num país marcado pelo etarismo, salvo as manchetes esportivas, a repercussão da morte de Minelli foi a esperada, e bem menor do que seu tamanho colossal. Ele promoveu uma verdadeira revolução nos anos 1970 com o espetacular Internacional de Porto Alegre 1975/76, que aliava talento, força física e disciplina tática de maneira impecável. Muito provavelmente é o maior Inter da história e um dos maiores esquadrões de todos os tempos.
A morte de Minelli ajuda a lembrar de outros grandes nomes à beira do gramado. De sua época e mais antigos. São muitos nomes, mas podemos falar de alguns numa lista que passa por Ênio Andrade, Carlos Froner, Evaristo de Macedo, Oswaldo Brandão, Lula, Oto Glória, Paulinho de Almeida, Orlando Fantoni e recua até Martim Francisco e Gentil Cardoso, Zezé e Aimoré Moreira.
Carlos Alberto Silva, Carlos Alberto Parreira, Procópio Cardoso, Cláudio Coutinho, José Teixeira, Zé Duarte, Cilinho, Zagallo, tanta gente. Telê Santana, eterno! Mário Travaglini, Didi, Paulo Emílio.
Nos anos 1980, tivemos Nelsinho Rosa, Carlinhos, Carpeggiani, Abel, Joel Santana, Edu, Jair Pereira, Valdir Espinosa. Nos anos 1990, a nova onda de treinadores surgiu com os nomes de Vanderlei Luxemburgo, Luiz Felipe Scolari, Nelsinho Baptista, Jair Picerni, Celso Roth. Mais tarde, Oswaldo de Oliveira, Tite, Muricy, Mano Menezes, Leão, Cuca.
Depois de certo tempo, com muitos maneirismos e vocabulário pernóstico, aos setores gomalinados da imprensa esportiva decretaram o fim da utilidade dos treinadores brasileiros. Todos passaram a ser incompetentes e, em especial, ultrapassados se tivessem mais de 65 anos de idade. O futuro tático estava na escola portuguesa mas, até aqui, poucos realmente vingaram. Basicamente o bom Abel Ferreira. Não era incomum ver grandes treinadores brasileiros sendo ridicularizados na TV, mesmo com currículos gigantescos. Aliás, infelizmente não é.
Certamente o nosso futebol tem inúmeros problemas, mas será que o problema era só dos treinadores daqui? Tudo indica que não. O excelente Dorival Júnior, sobrinho do eterno Dudu, ganhou a Copa do Brasil neste 2023. Embora escorregue na Seleção, Fernando Diniz conquistou a Libertadores há 20 dias.
Na despedida do gigantesco Rubens Minelli, depois de uma longa e maravilhosa trajetória, a maior lição deste 24 de novembro é pensar que sim, o nosso futebol foi construído às custas de grandes dribles, passes precisos e lances desconcertantes, mas também de muita gente boa que, à beira do campo, escreveu grandes roteiros.
Especialmente com os veteranos, não se trata de louvá-los de graça nem achá-los santos, porque não são, mas respeitá-los já seria um bom começo. Por mais que tenham feito fama e fortuna, são seres humanos que merecem tratamento digno, o que nem sempre acontece em estúdios e redações. Contudo, é justo registrar quando o respeito acontece, e foi exatamente o caso desta tarde de sexta-feira no SporTV, com André Rizek e Paulo César Vasconcellos, falando com muita propriedade sobre a perversidade etarista contra treinadores de futebol.
@pauloandel
Boa tarde.
Grande Minelli, e de fato o Inter que nos eliminou do Brasileiro de 1975 era de fato um timaço, que contava com o melhor ponta esquerda que vi jogar no FFC, Lula. Dos ex técnicos, refrencio tn o Duque e o Tim. S tc
Sim,ótimo artigo sobre a qualidade de nossos técnicos, Rubens Minelli foi um marco na história do Inter, onde posteriormente o prof.Joao P.Medina revolucionou a organização do futebol no Inter permitindo junto a Muricy e Abel Braga vencer o campeonato mundial de 2006.