UMA CORRIDA, UM VIOLÃO
entrevista e texto: Eduardo Lamas | vídeo: Fernando Gustav | edição de vídeo: Daniel Planel
Salve simpatia! Tomo emprestada a saudação musical de Jorge Ben (para mim vai ser sempre sem o “jor” no fim) para abrir esse texto de apresentação da entrevista que fiz com Ramírez. Por algumas razões. Para começar, o sorriso largo permanente no rosto do uruguaio e a mistura de futebol e música que o caracteriza também tão bem. E pode-se acrescentar o fato de o ex-lateral do Flamengo, clube do coração do consagrado cantor e compositor e com o qual Ramírez mais se identifica, ter revelado como nasceu uma das muitas músicas do Benjor (vá lá, sem radicalismos!). Para um pesquisador de músicas de futebol que criou um projeto multifacetado sobre tema é uma preciosidade.
Mas eu vestia a camisa do Museu da Pelada e este foi apenas um dos presentes que ele ofereceu no nosso bate-papo em sua casa, em Palhoça, município da região metropolitana de Florianópolis. Outro motivo ele nem precisou me contar, só cantar depois. Ao entrar em sua sala logo vi uma série de violões, cavaquinho, teclado. Ficou clara a sua intimidade com a música, o que os fãs do Museu da Pelada poderão constatar.
Ramírez não se opôs a contar sorrindo o episódio de sua breve loucura que entrou para a eternidade futebolística. Quem se lembra, vê a corrida enfurecida atrás de Rivellino, mas quase todos se esquecem do seu quase linchamento perante milhares de olhares sedentos de vingança e de bocas gritando “porrada, porrada”. Ele não se esqueceu, nem da sua loucura, nem da dos brasileiros que o espancaram. Muito menos de ter milagrosamente escapado. E só quem não o conheceu, mesmo que por instantes, e nunca jogou sequer uma reles pelada não o perdoaria. Rivellino teve mais esta grandeza. São amigos.
Quem nunca enlouqueceu num campo de futebol que atire o primeiro radinho de pilha da geral. Isso em outros tempos, claro. Atualizando: quem nunca… que atire o primeiro celular das cadeiras de qualquer arena ou da arquibancada de qualquer campinho. Posso dizer que, embora tenha encontrado naquela tarde de quarta-feira o Ramírez pela primeira vez em minha vida (embora tenha visto o cara com sua garra jogar no Maracanã e provo, vocês vão ver), conversamos como amigos de longa data. Não à toa, ele contou muitas histórias dos bastidores e soltou seu vozeirão, ao violão.
Peço por fim permissão para uma indiscrição e contar que foi tudo tão bom que terminou em pizza. E cerveja. Literalmente. Gracias, Ramírez. Muchas gracias.
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