por Paulo-Roberto Andel
Morreu num domingo frio de julho, aos 87 anos, um dos maiores brasileiros que já tivemos.
É difícil definir a trajetória de Sérgio Cabral em poucas palavras. Impossível, aliás. Por mais de meio século ele foi um dos faróis do Rio, disseminando informação, arte e cultura.
Jornalista por ofício, escritor, biógrafo, pesquisador, colecionador e muito mais, Sérgio foi um dos aríetes da Cultura popular carioca. Ao lado de outros grandes nomes, tais como Albino Pinheiro e Hermínio Bello de Carvalho, ele ajudou muito no conhecimento e popularização de expressões artísticas como o samba e, particularmente, as marchinhas de Carnaval.
Como não existe cultura popular do Brasil que não esteja próxima do futebol, Sérgio Cabral marcou presença firme como jornalista, cronista e comentarista de futebol. Torcedor apaixonado do Vasco da Gama, era uma espécie de memorabilia ambulante do futebol carioca.
Quando a barra pesou, Sérgio estava no Pasquim, tablóide de intenso combate à ditadura militar. Viveu o jornal do começo até seu final. O Pasquim não era só de acertos, diga-se de passagem, mas teve um papel importantíssimo na vida brasileira dos anos 1960 até parte dos 1980.
Jornalismo, futebol, samba, marchinhas, carnaval. O Rio das ruas, das vielas e conversa fiada. O Rio dos acepipes e chopes dourados da felicidade. O Rio que passou em nossas vidas e teve momentos brilhantes. Tudo isso foi registrado pelo texto sagaz e pela fala apurada de Sérgio Cabral, a quem o Rio de Janeiro muito deve em termos de divulgação, valorização e protagonismo na vida nacional. O jornalista merece todas as loas por sua dedicação pelo Rio, a quem dedicou toda sua vida profissional até que as limitações de saúde se tornaram implacáveis.
Deveria ser dia de homenagens a Sérgio Cabral no Teatro Municipal, no Teatro João Caetano e no Maracanã. Sergio merece: sua longa trajetória não foi em vão.
@pauloandel
0 comentários