por Zé Roberto Padilha
Fiquei deveras emocionado. Se me tornei ponta esquerda e torcedor admirador dos canhotos argentinos, os melhores do mundo, como Maradona, Messi, Passarela, Sorin, Conca, D’Alessandro, Di Maria, Dátalo, Dybala, Mario Kempes, entre tantos, um fenômeno mundial que ainda não foi investigado, foi por causa de Ramon Diaz.
Tão forte essa idolatria que ela se expandiu além das quatro linhas. Pegamos as bandeiras azuis e brancas e fomos para a Bombera torcer contra a Inglaterra pela posse e guarda das Malvinas. Depois, demos as mãos às mães da Praça de Maio e caminhamos juntos para depor a ditadura do General Videla.
No Brasil, na época em que buscava inspiração nos juvenis, tinha o Abel, Pepe e Edu, no Santos, Escurinho no Fluminense e Zagalo no Botafogo. Quando as imagens vinham da Argentina, Ramon Diaz era todos eles em alta velocidade.
O mundo deixava o futebol arte, de 1970, para ingressar no futebol moderno, em 1974, quando a Alemanha levantou o cetro.
Enquanto o nosso país tentava ganhar força e velocidade, com a importação de máquinas apolos, testes de cooper, treinamento alemão, nós, pontas esquerdas que o cultuavam, já sabíamos o que fazer.
Raça, velocidade, garra e habilidade. Se tornar um Ramon Diaz já nos bastava para se espelhar. E sobreviver na malha fina do futebol, como sobrevivi.
Seja bem-vindo, meu ídolo. Meu filho, Botafoguense, vai ter seu pai tricolor ao lado quando seu time entrar em campo. Ele, torcendo pela estrela solitária, eu, para dizer muito obrigado.
Seja bem-vindo, meu ídolo.
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