por Zé Roberto Padilha
Em meio à falta de imaginação que tem rondado o meio campo da nossa seleção, tão discretos que não consigo lembrar quem jogou por ali no Catar, dois craques roubaram a cena esta semana no estadual. E nos deram muitas esperanças.
André e Igor Jesus jogaram muito. André entrou no segundo tempo, contra o Madureira, e deu um show de colocação. Sua noção de cobertura e seus passes certeiros dão ao meio campo tricolor posse de bola e segurança.
Já Igor Jesus, jogando ao lado do habilidoso meio campo uruguaio, mostrou personalidade, técnica e velocidade. Teve uma atuação impecável contra o Boavista. Há muito não se via alguém transitar por ali com tantos recursos.
O que o futebol brasileiro precisa é reter em seu território suas preciosas revelações. Não permitir que sofram o processo de enquadramento tático e limitações técnicas que os chips de Guardiola e seus seguidores implantaram na cabeça dos seus jogadores.
Fernandinho, Casemiro, João Gomes e Cia. chegaram gastando a bola. E logo seus dribles e arrancadas foram contidos em dois toques. Limitadas em Tic Tacs e com uma obsessiva prioridade na marcação que anestesiaram todo o arsenal técnico com que chegaram.
Pensem em 1970, Gerson e Rivelino sendo vendidos para a Europa antes da Copa do México. E caírem nas mãos dos limitadores técnicos e das bolas alçadas sobre a grande área. Voltariam Guiñazu. Com todo o respeito.
Em nome da classificação para a Copa do Mundo, fundamental seria manter esses dois meninos livres, leves e soltos pelos campos do país. Dar a eles a braçadeira de embaixadores do resgate da emocionante cumplicidade que havia entre jogadores e torcedores.
Que continuem falando português, desfilando na Mangueira, passando o fim de semana em Búzios para jamais terem vergonha de dar um elástico. Jamais perderem a ousadia de colocar a bola entre as canetas adversárias e fazer o Brasil amar de novo e ter orgulho da sua seleção.
Então, segure o Tchan! Amarre o Tchan!
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