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SAUDADES DO CUNHA

25 / setembro / 2023

por Elso Venâncio, o repórter Elso

Kleber Leite, José Cunha e Elso Venancio

José Cunha foi um dos grandes narradores do Rádio e da Televisão. Criou o “Tá lááá!” na TV, no momento do gol.

“Pra que falar gol, se todo mundo está vendo?”

Geraldo José de Almeida marcou uma geração ao narrar, em 1970, pela Rede Globo de Televisão, o primeiro Mundial transmitido ao vivo e em cores. O locutor paulista era outro não gritava gol:

“Quê que é isso, minha gente!” – irradiava diante das jogadas geniais de Pelé, Tostão e Clodoaldo.

“Que bola bola!” – propalava, ao ver os lançamentos de Gerson, as fintas de Rivellino, os passes certeiros de Carlos Alberto Torres.

“Olha lá, Olha lá, Olha lá… no placarrr!”, vibrava, na hora do gol.

Cunha nasceu em Ponte Nova, Minas Gerais, terra de Reinaldo, maior ídolo do Atlético. Com menos de 20 anos de idade, tornou-se o principal nome da Rádio Itatiaia, emissora pela qual narrou o tri mundial da seleção na Copa do México. Em São Paulo, passou também pela Bandeirantes e pela Capital até chegar ao Rio, onde trabalhou na Globo, Tupi, Nacional, Tamoio e Carioca, de onde se transferiu para a televisão.

Tinha profunda gratidão por Silvio Santos, que o contratou em 1981 para apresentar o popular, polêmico e famoso ‘O Povo na TV’, dirigido por Wilton Franco. No ano seguinte, a TVS virou SBT e a atração entrou em rede nacional.

Querido pelos colegas, que o cercavam nas viagens para ouvir suas histórias e as famosas piadas que descontraíam qualquer ambiente, era impagável. A bola chegava ao lateral Perivaldo, do Botafogo, que ganhou dele um apelido:

“Peri, da Pituba.”

Bastava Perivaldo cruzar fora, longe do gol, para ele soltar o verbo:

“Ô, Perivaldo… vá roubar, pra ser preso!”

Suas colocações eram repetidas nas ruas, pelos torcedores.

Assim como Galvão Bueno, Luciano do Valle foi um dos maiores da TV por 40 anos. Sabia modular sua voz. Hoje, os narradores e narradoras, que quase sempre vêm do rádio esportivo, exageram ao elevar o tom. Não priorizam a identificação do jogador que está com a bola; querem opinar, gesticular e anunciar cansativas estatísticas.

Com o VAR, então, surgiu agora o ‘comentarista do VAR’. Quem analisa a partida quer falar sobre arbitragem e imita o ponta do rádio, aquele repórter que fica atrás do gol comentando cruzamentos e conclusões de jogadas de ataque.

João Saldanha, na Rádio Globo, em um jogo entre Fluminense e Portuguesa, na Ilha do Governador, teceu o seguinte comentário:

“Esse baiano que está estreando é jogador de seleção.”

Falou isso com quinze minutos de jogo, ao ver pela primeira vez o lateral Toninho em campo.

Na TV, José Cunha não se valia da mesma rapidez das transmissões pelo rádio:

“Adílio… recebe Andrade…. Leandro cruza, Zico limpa! Tá láááá!!!”

Durante bom tempo, apenas a TVE, hoje TV Brasil, tinha autorização para passar o videotape após os jogos de quarta-feira e também aos domingos. Torcedores deixavam de ouvir pelo rádio, para sentir a sensação do jogo sem saber o resultado, ou então para ouvir, ver ou rever a partida. A transmissão cabia a José Cunha. Os comentários, à dupla Aquiles Chirol e Sérgio Noronha.

Saudades do querido José Cunha, que faleceu em 27 de agosto, vítima de enfarte, aos 82 anos.

Como esquecer “TVE, canal 2 do Rio de Janeiro…”? “Tá lááá!!!”

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1 Comentário

  1. Carlos

    Caramba esse cara fez minha alegria nos domingos ficava até meia noite vendo os jogos com ele narrando.
    “Tá láaaa!!!! Mendonça!

    Responder

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