por Zé Roberto Padilha
Jogar futebol e não jogar um Fla x Flu, no Maracanã, é como ser um dançarino que nunca pisou no palco do Teatro Municipal. Vai ser feliz na sua profissão, disputar até a final da Libertadores, mas sem um Fla x Flu…
Vai precisar ler Nelson Rodrigues para entender melhor o que esse clássico representa. Nosso maior dramaturgo nunca entrou em campo, mas foi quem mais captou, como tricolor, a essência dessa obra de arte, ao vivo, que quarta-feira vai ter mais um recital.
Tenho muito carinho por essa foto, Taça Guanabara 74, onde o Fluminense foi vice-campeão. Nela, estão estampados, ao meu lado, três dos seus maiores personagens, Doval, Geraldo e Cleber, que precocemente nos deixaram, e que engrandeceram cada Fla x Flu com sua arte.
Espero que torcedores não briguem, não se hostilizem, como no domingo. Porque clássicos como esse é preciso subir a rampa de joelhos, erguer os braços para os céus e agradecer a Deus por ser ainda disputado aqui.
Porque se descobrirem, alcançarem o seu fascínio, vão levá-lo não para Brasília, mas para Londres, Paris ou Madrid. Aí sim, o último a sair apague os refletores porque o futebol brasileiro, no dia em que perder o Fla x Flu, definitivamente terá chegado ao fim.
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