por Wesley Machado
O time da Usina Sapucaia, em Campos, deveria ter disputado o Campeonato Brasileiro de 1975. O fato pode ser confirmado na Revista Placar, Nº 270, de 30 de maio de 1975, na coluna “Garoto do Placar”, assinada por Mauro Pinheiro.
O jornalista conta que no final do ano de 1974, a Confederação Brasileira de Desportos (CBD) manifestou o interesse de contar com mais um clube do estado do Rio de Janeiro no Campeonato Nacional.
E este seria definido pelo vencedor do Campeonato Fluminense, organizado pela Federação Fluminense de Desportos (FFD).
O Campeonato Fluminense começou no dia 16 de fevereiro de 1975 e teve as participações das seguintes equipes: Barbará, de Barra Mansa; Fluminense, de Friburgo; Flamengo, de Volta Redonda; Tiradentes, de São Gonçalo, mas que disputava a Liga de Niterói; e Americano e Sapucaia, de Campos.
O campeonato transcorria normalmente, o segundo turno havia acabado de começar. Quando no dia 4 de março de 1975, conforme relata Paulo Ourives, em “História do Futebol Campista”, uma notícia pegou os campistas de surpresa. O Americano havia sido convidado pela CBD para participar do Campeonato Nacional de 1975.
Americano e Sapucaia chegaram às finais do Campeonato Fluminense de 1975 ambos com 14 pontos ganhos e seis perdidos. A decisão se deu numa melhor de quatro pontos (na época uma vitória valia dois pontos).
No dia 27 de abril de 1975, o Sapucaia venceu o Americano por 1 a 0. No dia 1º de maio de 1975, o Americano venceu o Sapucaia pelo mesmo placar. No dia 4 de maio, os dois times voltaram a se enfrentar e empataram em 0 a 0. Finalmente, na 4ª partida, o Sapucaia venceu o Americano por 4 a 2 e se sagrou campeão fluminense.
Mas o título não garantiu a vaga no Brasileiro daquele ano para o Sapucaia, já que o Americano já havia sido convidado pela CBD e a promessa da FFD não foi cumprida.
Teria Eduardo Viana, o Caixa D’Água, que já trabalhava nos bastidores do futebol fluminense e brasileiro, interferido a favor do Americano, o time da ditadura, que foi Eneacampeão no período mais duro do regime militar no Brasil?
Coisas do futebol fluminense e brasileiro.
O certo é que o Americano estreou no dia 24 de agosto de 1975 com uma vitória de 2 a 1 sobre o Santos no Godofredo Cruz, num dia que parou a cidade de Campos, que ficou em festa após o fim do jogo.
O jornalista Péris Ribeiro, que viveu ativamente aquela época, conta que o Sapucaia formou um timaço. “O time do Sapucaia conseguiu acabar com a hegemonia do Americano de ganhar um monte de títulos. O Americano que chegou a Eneacampeão Campista, ganhava várias Taças Cidade de Campos, Campeonatos Fluminense, etc”.
– Quem acabou com a banca do Americano foi um timaço do Sapucaia, que tinha um “Trio Elétrico”, como Josélio Rocha tão bem narrava: “Lá vai o trio elétrico, que vai destruir, vai fazer a festa onde passar e vai destruir qualquer adversário”. Era Betinho, Valmir e Gonzaga, os três realmente eram atacantes espetaculares. Naquele momento, Gonzaga era o maior jogador do futebol campista. O Sapucaia foi campeão da Taça Cidade de Campos vencendo o Americano numa decisão e depois foi campeão fluminense também em cima do Americano”, lembra Perinho, como é chamado.
O Sapucaia, que tinha o escudo e o uniforme muito semelhantes aos do Flamengo, realmente marcou época no futebol campista e fluminense. Mas poderia ter ido muito mais longe. O destino não deixou.
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