por Marcelo Mendez
O ano de 1975 era importante para o futebol brasileiro.
Dentro dos conceitos de então, a seleção brasileira, que em 12 anos havia vencido três mundiais, não poderia terminar 1974 com um quarto lugar na Copa da Alemanha no ano anterior. “Vergonha!”, foi o que bradaram.
Dessa forma, o campeonato nacional que aconteceria um ano depois era aguardado com grandes expectativas. Foi um bom campeonato. Mas ao contrário do que se esperava, dos 42 times, um outro, até então pouco conhecido do cenário nacional, foi quem chamou atenção. E é desse time que falaremos aqui hoje.
Esquadrões do Futebol Brasileiro vem essa semana para homenagear o Santa Cruz de 1975
A FORMAÇÃO
A história desse time não foi construída à toa. Não foi uma obra do acaso o que aconteceu no Brasil de 1975. O Santa Cruz há muito tempo vinha sendo trabalhado para brilhar em nível nacional.
A coisa começa em 1969 quando o tricolor do Arruda traz do Rio de Janeiro o técnico Ivan Gradim para montar um time de jogadores jovens, como Ramon, Luciano, Cuíca, Zito Peito de Pombo, Fumanchu, Volnei para quebrar a seca de títulos e a partir dali vencer tudo, formando um time que seria pentacampeão pernambucano de 1969 até 1973. E que ano mágico foi 1973!
O Santa teve naquele ano o craque Ramon voando baixo! Em partidas lendárias como o 3×2 em cima do Santos de Pelé, Ramon deitou o cabelo, jogou muito, arrebentou. O time que contava com a gerência da camisa 5 do ótimo Givanildo, a frente dos zagueiros Lula (Pereira) e Levir (Culpi), começava a chamar atenção do Brasil. Inevitavelmente, o futuro seria glorioso.
1975, O ANO INESQUECÍVEL
A campanha do Santa engrenou na segunda fase do Brasileirão. Daí pra frente não teve pra ninguém.
O Santa Cruz venceu Grêmio, Sport, Palmeiras de Ademir da Guia dentro do Parque Antártica por 3×2, bateu o Internacional, que viria a ser campeão, por 1×0 e foi buscar a vaga para semifinal dentro do Maracanã metendo um 3×1 no Flamengo, numa noite de sonhos para Ramon e para o meia Mazinho.
As coisas estavam ótimas para o Santa, o técnico Paulo Frossad começava a falar em título e nada disso era absurdo. O Santa fazia por merecer e decidiria a vaga contra o Cruzeiro dentro de um Arruda em festa. A recepção do time após a vitória contra o Flamengo foi uma ótima mostra disso.
Todavia, para uma pessoa não tinha festa. No meio daquela multidão de felizes no aeroporto dos Guararapes. Mazinho, o meia que acabou com o Flamengo no Maracanã, já sabia que não poderia jogar contra o Cruzeiro alguns dias depois. E essa ausência seria muito sentida.
NO MEIO DO CAMINHO, UM GOL IMPEDIDO
O Cruzeiro de 1975 era uma seleção.
Ainda tinha por lá jogadores do porte de um Zé Carlos, de um Piazza, Palhinha, Eduardo, Nelinho e a novidade, um espetacular ponta esquerda de nome Joãozinho. Um time de respeito, mas o Santa vinha embalado. O povo de Pernambuco entendeu.
No dia do jogo, no Arruda lotado, havia bandeiras do Santa sim, mas também tinha bandeiras de Sport, Náutico, América e de todo Pernambuco a torcer pela Coral. Nesse clima ótimo, o Santa abriu o placar.
Fumanchu cobrando pênalti põe o Santa na frente. Poucos minutos depois, Zé Carlos em posição de impedimento, empata a partida. O Santa Cruz faz a festa, mas o time do outro lado era fortíssimo. Com mais um gol de Palhinha, a Raposa passa à frente e sua para conseguir manter esse resultado, até que Fumanchu, novamente de pênalti põe o placar igual
Nessa hora, percebe-se nitidamente que mesmo podendo ter a velocidade de um atacante como Nunes, o Cruzeiro amarra o jogo para suportar o desgaste físico, mas no final, de maneira surpreendente, meio a toda pressão, uma bola sobra para Palhinha meter o pé na bola pra finalmente conseguir derrotar o Santa.
Foi triste. Aquelas pessoas mereciam mais, mas a gente entende; O futebol é o esporte que mais se aproxima da vida real humana. Nessa ocasião, vitimou um dos maiores times de futebol já formados. Só que para essa coluna, pouco importa se tem o tal do título. Vale a arte, vale o tesão de fazer bem feito. Portanto vamos à homenagem:
Esquadrões do Futebol Brasileiro tem a honra de apresentar, o Santa Cruz de 1975
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