por Zé Roberto Padilha
Poucos clubes que aderiram ao SAF, como o Botafogo, demonstraram tão precisamente o que significa essa nova realidade para o nosso futebol. Os cofres estarão cheios, ano passado o lucro foi de 388 milhões, e as salas de troféus vazias.
John Textor é só alegria. Ao liderar 82% das rodadas do Campeonato Brasileiro, o clube retirou da geladeira torcedores desconfiados e vendeu mais camisas que todos os clubes brasileiros.
Para dar lucro, mexeu na estrutura da equipe negociando Jefinho, com o Lyon, Kanu para o Bahia e Luis Castro, para o Al-Nassr. Pouco importa o estrago que causou dentro de campo aos interinos que assumiram em meio ao campeonato.
O que era mais importante para o clube, os jogos decisivos no tapetinho ou os shows lucrativos que ajudaram a aumentar a receita? E lá foi o time jogar fora quando mais precisava do seu cantinho.
Ficou o pênalti perdido pelo Tiquinho e a falta de comando de Lúcio Flávio como responsáveis pela perda do título. Porém, enquanto seus torcedores foram ironizados, o deboche se espalhou no lado oposto às cifras vultosas, John Textor foi comemorar seus lucros exorbitantes em paraísos tropicais.
O SAF tem no Botafogo o maior exemplo para os clubes de futebol que vão ter que optar: taças e títulos ou caixas abarrotadas de dinheiro? A braçadeira será entregue ao diretor de futebol ou ao tesoureiro do clube?
Garrincha, Jairzinho, Nilton Santos e Gerson até recebiam com atraso. Pediam vales. Mas os títulos e glórias esportivas estavam em dia.
Caro Padilha sou seu admirador e concordo em parte com seu artigo,porém essas gestões Amadoras que infestam o nosso futebol tbm não irão a lugar nenhum,talvez as SAF menos preocupados com o lucro e sim com a competitividade seria uma solução mais racional.
Padilha, raramente discordo de suas crônicas, muito pelo contrário, adoro ler suas historias que são quase sempre, cheias de sabores do futebol, mas desta vez não tenho como concordar. A SAF do Botafogo está começando um trabalho de reconstrução que não resolve as coisas da noite para o dia. O Botafogo estava “morto com farofa”, com sérias chances de virar um América, talvez menos porque tem um grande número de torcedores. O que ocorreu com o Botafogo ano passado, de liderar daquela forma o campeonato, não estava previsto em nenhuma planilha dos donos da SAF e o que ocorreu depois, aquela derrocada, também não, mas porque eles não deveriam aproveitar momento e capitalizar? A SAF não veio para fazer filantropia, visa lucro, mas deu um pouco de dignidade ao torcedor, como você mesmo falou, já que voltaram aos estádios, compraram camisas e geraram economia até mesmo para o entorno informal do engenhão. Acho que o futuro do Botafogo é promissor, se manterem os pés no chão e bons jogadores no elenco.