por Raul Quadros*
Joaquim é considerado um dos maiores jogadores da história do futebol soçaite no Brasil.
Um domingo desses de março, folheando “O Globo”, vejo uma entrevista com Ze Brito, um dos jogadores do Milionários, famoso time de futebol soçaite do Clube Caiçaras, quase imbatível nas décadas de 70 e 80. Nela ele diz com todas as letras que o melhor atacante que viu nos campo de peladas foi Joaquim – que era, inclusive, o artilheiro do Milionários.
Dias depois, caminhando pelas alamedas do Piraquê, encontro com Dobbin, meu companheiro dos tempos de banco escolar do Colégio Militar, hoje, comodoro do clube. Tínhamos combinado há algumas semanas, que eu escreveria uma matéria sobre a sinuca e os frequentadores dela. Naquele momento mudou tudo.
– Deixa pra falar da sinuca depois. Faz uma matéria com o Joaquim. Que tal ?
Concordei na hora.
Joaquim é sócio do Piraquê há mais de 50 anos. E peladeiro há muitos anos, tam-bém. Jogou salão, campo e soçaite a vida toda. Soçaite joga até hoje: às quartas à noite, sábados e domingos, pela manhã. No Piraquê, claro.
Começou no futebol de salão em 1964, com 13 anos. No Carioca Esporte Clube, no Jardim Botânico. Dois anos depois foi para o Fluminense. Jogou nos juvenis e foi campeão carioca. Passou, também, pelo Grajaú TC, Grajaú CC, Social Ramos, Rocha Miranda e Sírio e Libanês.
Joaquim jogava de pivô e foi artilheiro de todos os clubes pelos quais jogou. Quando estava no futebol de salão do Fluminense, em 1966, foi convidado por Antoninho para fazer testes no campo. Antoninho era técnico dos juvenis do Fluminense e da seleção brasileira amadora.
Joaquim se apresentou ao técnico Pinheiro, dos infantis, e foi aprovado. Mas ficou pouco tempo no campo. Preferiu continuar apenas no salão.
E no soçaite, onde está até hoje.
Disputou vários Campeonatos do Aterro promovidos pelo Jornal dos Sports,vestindo as camisas do Clube Naval (Piraquê) ,Tio Patinhas – ou Tio Iberê, como também foi chamado e do Milionários. Eram equipes fantásticas e placares elásticos, goleadas, eram registradas em quase todos os jogos delas.
No final de cada ano, por causa da fama, principalmente do Milionários, era programado um jogo contra uma seleção de profissionais do futebol. Um deles foi em dezembro, num sábado à tarde, ano 1979.
Equipe Milionários: Santoro; Ricardo, Quevedo e lório; Zé Brito e Ricardo Peixoto; Joaquim e Julio Chaves.
Desafiantes: Paulo Sérgio (Fluminense); Zé Maria (Internacional), Jorge e Junior (Flamengo); Carlos Alberto Pintinho (Fluminense) e Adílio (Flamengo); Gil (Fluminense) e Paulo César Lima.
Placar final: Milionários 12 x 4 Desafiantes
– Quantos gols você fez, Joaquim ?
– Não sei, não lembro…
– E na tua “carreira” toda ?
– Não contei…
Joaquim pode não ter contado, pode não lembrar mas, acho que há um pouco de modéstia nas respostas dele…
Afinal, o Zé Brito diz naquela entrevista para “O Globo” que o maior atacante socaite que ele viu jogar foi o Joaquim. E completa imaginando que “Joaquim deve ter feito mais de três mil gols em toda vida dele. Fui.
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*RAUL QUADROS, o autor dessa matéria, foi um destacado jornalista esportivo que dispensa maiores apresentações. Foi também sócio do Clube Naval por mais de vinte anos.
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