por Elso Venâncio
Ronaldinho Gaúcho foi o último artista da bola. Grande driblador do futebol, às vezes fazendo lembrar Mané Garrincha. “O Bruxo” representava o nosso futebol-arte.
Garrincha era o ‘Charles Chaplin’ dos estádios. Imarcável em campo, como Ronaldinho também nos tempos de Barcelona. Aliás, os europeus reconhecem tanto seus ídolos históricos que, hoje, ele é embaixador global dos catalães. Principal nome do time entre 2003 e 2008, Ronaldinho é, assim como Cruijff, Maradona, Romário, Stoichkov e Messi, entre outros, um dos responsáveis pelo soerguimento e popularização internacional deste centenário clube.
Melhor jogador do Planeta em 2004 e 2005, teve durante esse período um momento mágico, levando e levantando multidões no Camp Nou. Em um dia de glória, chegou a ser aplaudido de pé pela torcida do Real Madrid, em pleno Santiago Bernabeu, após marcar dois gols na vitória por 3 a 0. Do outro lado estavam os galácticos Ronaldo Fenômeno, Zidane, Raul e Cia.
Atualmente, o futebol anda carente de craques. Lionel Messi e Cristiano Ronaldo se revezaram por mais de uma década como o número 1. Porém, estão em fim de carreira. Jogarão pela última vez, no Catar, uma Copa do Mundo.
Alguém me pergunta se no gol marcado contra a Inglaterra, no Mundial de 2002, Ronaldinho tentou cruzar ou chutou direto. Isso não importa… No Flamengo, contra o Santos na Vila Belmiro, percebeu que a barreira pulava e, de repente, inventou uma cobrança de falta por baixo dela, rente à grama, fazendo o gol.
Acompanhei de perto sua estreia na Seleção. Aconteceu na Copa América disputada no Paraguai, em junho de 1999. O adversário era a Venezuela, em Ciudad del Este. O jogador saiu do banco, aos 19 anos e vestindo uma camisa de número 21, e em questão de minutos deu um chapéu num adversário, já dentro da área, gingou o corpo e bateu cruzado, marcando um dos mais belos gols de sua carreira. O lance indicava a quem quisesse ver que surgia ali um dos maiores talentos do futebol mundial.
Antes desse jogo fui à cabine da TV Globo e perguntei a Galvão Bueno:
– Dois Ronaldinhos?
– Ronaldinho vira Ronaldo, e o mais novo, sim, Ronaldinho Gaúcho.
Voltei à cabine das Rádios Globo (Rio e São Paulo) e avisei aos ‘garotinhos’ José Carlos Araújo e Osmar Santos. A dúvida que a imprensa tinha em relação a como chamá-los se dissipa nesse momento.
Em suma, Ronaldinho é o único da História do futebol a comemorar os títulos da Liga dos Campeões da UEFA, da Libertadores, ser eleito o melhor jogador do planeta e ainda conquistar uma Copa do Mundo.
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