por Serginho 5Bocas
De uns tempos para cá, tenho percebido uma resistência enorme ao comportamento dos jogadores de futebol da seleção brasileira, seja na forma de se vestir, no jeito de dar entrevistas, no contato com os torcedores e ultimamente na postura frente aos problemas do dia a dia. Mas do desempenho dentro de campo nem falam tanto, porque ganhando ou perdendo, tanto faz, parece que assistimos a um monte de agua de salsicha ou suco de chuchu, sem tempero nenhum, banal.
Estranho dizer isso ao observarmos que eles possuem milhões de fãs nas redes sociais, que os seguem cegamente pela web, alguns imitando o jeito de andar, as roupas, brincos, sobrancelhas e até as tatuagens! O que que é isso, fera?
Fico confuso quando dizem aquela frase:
– Eles tinham que pensar no que estes jogadores representam para o povo brasileiro…
Ué! Nunca fui representado por jogadores de futebol, nunca segui os conselhos de nenhum deles, tampouco quis copiar comportamento, mas confesso que queria ser como eles… no campo, jogando bola, pois o que sempre me importou foi o futebol.
Quem dera olhar para um lado e lançar para o outro como Rivellino, Mario Sergio, Djalminha e Ronaldinho faziam. Jogar imperando sobre o campo todo sem olhar para a bola, como fazia o oitavo rei de Roma, Paulo Roberto Falcão, ou Beckembauer, fazer gols a rodo como Claudio Adão, Dadá Maravilha e Roberto Dinamite, mas também queria fazer pontes, defesas espetaculares como Sepp Maier, Fillol, Dassaev, Buffon, Leão, Taffarel ou Manga, quem dera…
Se Garrincha ou George Best bebiam todas, dane-se! Se Puskas, Claudiomiro, Marião e Neto comiam além da conta e daí? O negócio sempre foi dentro do campo, jogando bola ou suando horrores, pois a torcida sempre reconhece o esforço, seja pela inspiração ou pela transpiração, cada um na sua.
O que importa de verdade é o futebol, que anda bem fraquinho por sinal. Sou de uma geração que envelheceu e chegou na fase de criar resistência às coisas novas e de achar que as coisas do meu tempo é que eram boas.
Confesso que faço um esforço hercúleo para me adaptar a um mundo tão dinâmico e com uma velocidade de transformação exponencial, mas tenho que reconhecer que quanto melhor for a adaptação e aceitação das mudanças a gente sofre menos. Mas no caso dos jogadores, o problema não é tanto pelas “mamãezadas”, das presepadas, das bizarrices, como quiser chamar, mas pela falta de futebol mesmo.
O que eu quero na verdade é ver futebol bem jogado, aquele que a gente ia para o trabalho de manhã cedo fazendo planos para ver o jogo à noite, que fazia a gente gravar a escalação e sorrir, pintar as ruas e depois de terminada a partida, contar para alguém os melhores lances. Isso hoje parece tão distante que a gente nem cria maiores expectativas para não se decepcionar! Que situação!
Mesmo diante de tudo isso e de muitas lamurias de meus amigos e de boa parte da imprensa traçando futuros sombrios, sou um eterno otimista. Acho que ainda tem jeito, mas é preciso que os jogadores do futebol brasileiro joguem bola e esqueçam as páginas de fofocas, os sites e aplicativos do momento. É preciso que se ensine para as nossas crianças o nosso futebol, que sempre foi jogado com alegria e talento, que não se deixe perder no tempo o nosso legado.
Que um Domingos da Guia, um Leônidas da Silva, um Tim, um Ademir Queixada, um Heleno de Freitas, um Zizinho, um Julinho, um Garrincha, um Pelé, um Nilton Santos, um Didi, um Gerson, um Tostão, um Jairzinho, um Rivellino, um Dirceu Lopes, um Ademir da Guia, um Falcão, um Zico, um Leandro, um Junior, um Cerezo, um Sócrates, um Careca, um Romário, um Bebeto, um Rivaldo, um Ronaldo Fenômeno, um Ronaldinho Gaúcho, um Kaka, um Neymar nunca sejam esquecidos; Que sejam sempre referência para as nossas crianças, sejam copiados por tudo que fizeram e por seus respectivos legados, mas é preciso que se ensinem isso nas escolas de futebol pelo Brasil afora e ai teremos chance de virar o jogo.
Que saudade de ser favorito, de ser temido e ter tesão de ligar a TV para ver a seleção. Afinal de contas, ninguém aguenta mais essas palhaçadas, esse jogo medíocre e chato e a gente precisa saber definir o quê que a gente quer, fera!
Forte abraço
Serginho 5Bocas
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