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NAQUELA ESTANTE ESTÁ FALTANDO ELE

17 / agosto / 2021

por Zé Roberto Padilha


Era uma vez um prêmio cobiçado e dificilmente conquistado, o Troféu Belfort Duarte. Para alcançá-lo, o atleta profissional de futebol precisaria atuar durante 10 anos sem ser expulso de campo.

Uma tarefa quase impossível diante da ausência do VAR.

O atual momento de revisão, dependendo do absurdo, do gol inglês que lhe deu o título mundial, em 1966, dentro de casa em que a bola não entrou, era o momento exato da revolta alemã. Dos nervos estarem à flor da pele.

E a revolta não tem revisão. Tem expulsão.

Desse jeito, para não dar brecha, criado na rígida universidade da bola chamada Fluminense FC, jamais fui expulso de campo.

Foram 17 anos, 7 clubes, competições em 4 estados diferentes da federação. E recebi apenas 2 cartões amarelos. Sendo um por engano, era para o Cléber, e o juiz pediu desculpas.

Pelo contrário, cínico ou sonso, pouco importava, por mais revoltado com suas decisões, diante da gritaria em cima do juiz, dizia assim: “Calma gente, erramos passes, perdemos gols. Ele tem o direito de errar também!”.

Talvez essa nem no Programa do Ratinho ele, árbitro, ouviria. Às vezes dava resultado. Tão sozinho, acuado, quando dividia a jogada era minha. Trazia o pobre coitado para o meu lado.

Ao contrário, Moisés, vigoroso xerife vascaino, pregava que zagueiro que se prezasse, jamais receberia um. Seria um afronto. Um contrassenso.

Enfim, no momento em que títulos negados são reconhecidos, a interdependência dos poderes precisa voltar a ser respeitada, que tal nos conceder, com data retroativa, o cobiçado troféu que fiz por merecer?

Na minha estante está faltando ele. E a saudade dele esta doendo em mim.

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