por Marco Antonio Rocha
O atacante domina a bola no peito e, de primeira, fuzila no ângulo, sem chances para o goleiro. Em êxtase, o artilheiro corre em direção à sua torcida, mas logo percebe que está sendo perseguido pelo time adversário. Sai em disparada rumo a seu campo, e logo uma confusão generalizada se forma. Fazer gol e ainda por cima comemorar?! Quando os ânimos parecem mais serenos, o árbitro se dirige ao atacante e lhe dá cartão vermelho. Estádio de futebol não é lugar de gol, muito menos alegria.
À noite, as mesas redondas – ou seriam quadradas? – elogiam a atitude do árbitro. “O jogo se encaminhava para o 0 a 0 até que esse irresponsável fez o gol”, vocifera um dos comentaristas. Passados mais alguns dias, o STJD se reúne para o julgamento: CULPADO! O atacante pega cinco rodadas de suspensão. Imediatamente seu staff se reúne para redigir um pedido de desculpas, que logo coleciona curtidas nas redes sociais: “Gostaria de pedir perdão. Foi um ato impensado, jamais deveria ter feito aquele gol. Já aprendi que em situações como esta, cara a cara com o goleiro, o melhor a se fazer é tocar para o meia, que deve passar para o volante, que joga para o lateral, que aciona o zagueiro, que recua para o goleiro…”.
No futebol brasileiro, que celebra mais a posse de bola ineficaz do que o gol, fazer embaixadinha como Mauricio, do Internacional, é passível de cartão amarelo; e dominar com estilo, como Michael, do Flamengo, é visto como desrespeito. No futebol brasileiro, Garrincha morre um pouco mais a cada semana.
0 comentários