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ENCARNAÇÃO NO FUTEBOL

9 / novembro / 2021

:::::::: por Paulo Cézar Caju ::::::::


Acho que a encarnação faz parte do futebol. Na década de 80, com ajuda do Jornal dos Sports e da Revista Placar, essas provocações ficaram mais acirradas. Os jogadores adversários posavam para a capa desses veículos promovendo os clássicos. Pouco antes disso, o troca-troca do Francisco Horta era uma forma de dar visibilidade ao espetáculo. Joel Santana, Jairzinho e eu disputávamos o título de Rei do Rio, e isso foi até capa da Revista Placar de 1972, quando fui campeão pelo Flamengo.

Na década de 90, tinha jogador que imitava um porco e outro que usava máscara nas comemorações dos gols, uma tremenda zoação. Antes de Edílson Capetinha fazer aquelas embaixadinhas que geraram grande confusão, eu já havia feito contra o Vasco e o Buglê partiu cima de mim. Já na década de 60, o goleiro Manga avisava que o bicho já estava garantido em jogos contra o Flamengo. Ontem mesmo, após a vitória do meu Botafogo, liguei para alguns amigos vascaínos. É irresistível! Mas no Sul, a rivalidade e essas encarnações há tempos passaram do ponto.

Ontem, Patrick exibiu um caixão de papelão após a vitória sobre o Grêmio. Nos últimos clássicos vários jogadores foram expulsos e pouco futebol se viu. A imprensa incentiva e trata a partida como guerra, a torcida entra na onda, e em uma época de pandemia, todos mais sensibilizados e cansados de ouvir falar em caixão a história não poderia acabar bem, como não acabou. Os jogadores comemoraram como se fosse um título se esquecendo que, hoje, o Inter é apenas um time de médio para ruim. Assim como é o meu Olympique de Marseille.


Nessa rodada, empatou com o Metz, último colocado. Gerson e Luís Henrique não vão bem. E como o futebol é provocação saudável, sigo torcendo pelas zebras. O West Ham venceu o Liverpool, o Atletico de Madrid não passou pelo Valencia, o Veneza venceu a Roma, o Napoli empatou em casa e o Lyon perdeu feio. Não, por acaso, sempre gostei da zebrinha, do Fantástico.

É importante saber ganhar e perder. Na verdade, o caixão de Patrick é o retrato do futebol atual, que não convence dentro de campo e nem na dose das comemorações. Desliguei o mute nesse fim de semana para rir um pouco do linguajar e separei uma pérola para vocês: “Um time com consistência e intensidade, que joga por dentro e briga pela bola viva”.

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