:::::::: por Paulo Cézar Caju ::::::::
O meu grande amigo Samarone, que há anos mora em Cascavel, no Paraná, passou alguns dias no Rio e me fez lembrar dos áureos tempos de futebol e me perguntar porque os camisas 10 entraram em extinção. Os “especialistas” argumentam que os campos reduziram, a velocidade aumentou e por conta disso o jogo passou a ser mais tático, mais estratégico. Com o espaço mais reduzido o jogador precisar pensar mais rápido.
Absolutamente nada a ver porque essa escassez de talentos também ocorre no futebol de salão. Qual o mistério de nunca mais ter aparecido nas quadras um Tamba, um Manoel Tobias, um Vevé, um Vander Carioca, um Jackson, um Sergio Sapo, um Aécio, um Serginho, um Adilson, um Alvaro Canhoto, um Elmo, um Zezinho, um Moacir Vinhas, um Djalma Navarro, um Jhonson, um Maurício um Fred? Poderia ficar até amanhã listando aqui!
Um craque não precisa jogar em um campo de dimensões estratosféricas para poder ter mais tempo de pensar, mas os pontas não existem mais e eram esses que davam opção para receberem os passes. Os campos reduziram consideravelmente, sim. O Maracanã tinha 20 metros a mais, mas não podemos usar isso como uma desculpa pra tudo. Do salão, surgiram Zico, Ronaldinho Gaúcho e uma extensa lista de craques. Em um espaço mínimo esbanjavam arte.
A verdade é que o problema está na formação do jogador, na base, nos primeiros chutes. Antes, tinha a categoria dente de leite e nem sei se ainda existe. Outro dia, em uma escolinha de meninos de cinco anos, quase invadi a quadra quando vi um professor obrigando aqueles pingos de gente a correr entre cones e depois a prestar atenção em um quadro-negro que mostrava movimentações táticas.
Os camisas 10 sumiram por causa dessa formação equivocada. Vejam as partidas dos campeonatos que estão iniciando, reparem o técnico de cada time e me digam qual a história de cada um com o futebol. Jogaram aonde???? E os que jogaram, como Silvinho, do Corinthians, passaram por uma lavagem cerebral e são danosos ao futebol, como Tite é danoso, como Parreira foi. Tomara que Samarone não tenha assistido Corinthians 1 x 0 Santo André, gol de Fábio Santos, de pênalti, e com Fágner sendo eleito o melhor em campo.
Tomara que Samarone não tenha visto o São Paulo sofrer para empatar com o Ituano no Morumbi, o Palmeiras empatar com o São Bernardo. Tomara que não tenha visto Botafogo x Bangu, Vasco x Boavista, Flamengo x Volta Redonda e Brasil x Equador. E digo mais, se Samarone jogasse em alguma dessas partidas, ele calaria esses “especialistas” e provaria que esse monte de brucutus corredores não impediria um artista de exercer o seu talento, a sua arte.
A pérola da semana foi: “o volante precisou mastigar a bola e servir o atacante que finalizou na bochecha da rede”.
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