por Zé Roberto Padilha
Eu, Nielsen Elias, Abel Braga, Marco Aurélio, Rubens Galaxe e Marinho tínhamos 19 anos. Estávamos nos juvenis do Fluminense fazendo vestibular para jogador de futebol. E ganhamos, um ano antes, em 1970, o título carioca da categoria.
Mal sabíamos a importância daquele título.
Porque com a conquista do tricampeonato, o Brasil virou referência mundial no futebol. E a FIFA, ao organizar em 1971, em Cannes, França, o primeiro Mundial Sub-20, convidou sua seleção. Que jamais havia sido formada.
Com pouco tempo para convocar e treinar uma, o que fez a CBD? Chamou a base do time do Fluminense, todos titulares e entrosados, e acrescentou Ângelo, do Atlético-Mg, Mário, do São Paulo, Nilson Dias, do Botafogo, Clayton, do Santos e Jorginho Carvoeiro do Vasco. No banco, Enéias, Portuguesa, entrava sempre nas partidas.
Seleções da Hungria, e da França, além do Chelsea, foram nossos adversários. E levantamos o título invictos. Esse título nos valorizou no clube, foi praticamente uma pós graduação. Ganhamos de presente uma semana em Paris e a medalha mais bonita desse mundo.
De ouro puro, cunhada na Casa da Moeda, nas ondas do milagre econômico do Brasil Ame-o ou Deixe-o, ela ficou como símbolo maior das nossas carreiras.
Que teve, como na minha e de todos, altos e baixos. Em uma das baixas, foi pra Caixa Econômica Federal. E na baixa das baixas, atrasamos com o pagamento. E ela foi leiloada.
Acontece. Hoje, mais estável, ao reunir meu acervo para deixar como lembrança para os filhos e netos, gostaria de saber se quem a resgatou poderia me vender. Tenho certeza que seu colecionador não terá os motivos que tenho para recebê-la de volta.
Campeão Mundial. Só quem conquista um título para o seu país, escuta o Hino Nacional, representa uma cidade pequenininha na região serrana do estado do Rio de Janeiro, pode aquilatar a emoção e o orgulho dessa conquista.
A medalha era o símbolo maior desse momento único de nossas vidas. Na minha estante está faltando ela, e a saudade dela está doendo em mim.
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