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RECORDANDO A MAESTRIA DO FUTEBOL DE DICÁ E ZENON

11 / agosto / 2024

por Pedro Tomaz de Oliveira Neto

Dois dos melhores meio-campistas do país na segunda metade da década de
1970 e início dos anos 1980 brilhavam vestindo a camisa 10 da Ponte Preta e
do Guarani de Campinas, cidade tida na época como um importante centro do
futebol brasileiro, com seus dois clubes revelando grandes jogadores e
rivalizando com os principais clubes do estado de São Paulo e do Brasil.
Estamos falando dos craques Dicá e Zenon, maestros de duas equipes que
jogavam um futebol refinado, solidário e de impressionante verticalidade.

Na Ponte Preta vice-campeã paulista de 1977, 1979 e 1981, e de belas
campanhas no Brasileirão do período, Dicá se sobressaía como um regente de
uma autêntica orquestra filarmônica de jogar futebol, tamanha era a harmonia
demonstrada pelo time dentro das quatro linhas. A escalação base daquela
Macaca ainda está na ponta da língua dos seus torcedores mais antigos e dos
amantes do futebol, inclusive aqueles com problemas de amnésia, pois
estamos falando de uma formação inesquecível: Carlos; Jair Picerni, Oscar,
Polozzi e Odirlei; Vanderley, Marco Aurélio e Dicá; Lúcio, Rui Rei e Tuta.
Revelado nas divisões de base da Ponte e com passagens no Santos e
Portuguesa de Desportos, Dicá sempre chamou a atenção pela inteligência,
capacidade técnica e antevisão privilegiada na armação de jogadas, além de
ser dono de chutes potentes e certeiros e um exímio batedor de faltas, sendo a
mais famosa aquela que adiou o grito de campeão de 140 mil corintianos no
Morumbi, na segunda partida da decisão do Campeonato Paulista de 1977.
Dicá é até hoje o jogador que mais vezes defendeu a equipe alvinegra e o seu
maior artilheiro, com 155 gols.

Por sua vez, o Guarani campeão brasileiro de 1978 e de excelentes colocações
no campeonato paulista, cujo time base formava com Neneca; Edson, Mauro,
Gomes e Miranda; Zé Carlos, Renato e Zenon; Capitão, Careca e Bozó, tinha
em Zenon a sua fonte de criatividade. Dos pés desse extraordinário craque
nasciam as principais jogadas de ataque do Bugre, muitas delas concluídas
pelo próprio, ou num chute colocado ou numa cobrança de falta com perfeição,
tal como testemunhou a torcida do Vasco da Gama durante a semifinal do
Brasileirão de 1978, quando assistiu, incrédula, a uma exibição de gala de
Zenon, autor de dois golaços que eliminaram o clube carioca em pleno
Maracanã. Formado e profissionalizado pelo Hercílio Luz de Santa Catarina,
Zenon se destacou no Avaí, onde se sagrou campeão catarinense em 1973 e 1975.
No ano seguinte, desembarcou em Campinas para defender o Guarani e se firmar
como um dos grandes meio-campistas do futebol brasileiro, que ainda brilharia
no Corinthians e no Atlético-MG.

Hoje com os dois clubes campineiros se arrastando para, no máximo, se
manterem na Série B do Campeonato Brasileiro e na elite do estadual, restam-
nos as doces recordações de jogos maravilhosos, especialmente os dérbis que
colocavam frente a frente a Ponte Preta de Dicá e o Guarani de Zenon, um dos
clássicos mais disputados do país. Naquela época, o torcedor campineiro
comparecia com gosto e orgulho ao Moisés Lucarelli ou ao Brinco de Ouro da
Princesa, pois tinha a garantia de presenciar um grande espetáculo, não só
pela rivalidade entre as equipes, mas, sobretudo, pela entrega de um futebol
com elevado nível de qualidade e emoção. Velhos tempos, belos dias!

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