por Elso Venâncio
Há três meses da Copa do Mundo do Catar, você, por acaso, você sabe quem são os titulares de Tite? Será que o próprio técnico tem essa resposta? Me perguntaram se o Daniel Alves, que caminha para os 40 anos de idade, vai jogar. Não sei. E o Thiago Silva, aos 38? A verdade é que o torcedor há bastante tempo já perdeu o interesse pela seleção. Pintar as ruas, os muros? Nem pensar. Esquece…
Até para vestir a “amarelinha” hoje o brasileiro comum pensa duas vezes ou mais se vale a pena. Ela passou a ser símbolo político, e não nacional.
Nos últimos anos, com os interesses comerciais e pessoais prevalecendo, os cartolas retiraram os jogos do país. Amistosos da seleção são definidos por uma empresa que paga e faz negócios. Levar as partidas para o exterior é a melhor maneira de colocar na vitrine aqueles que podem ser observados pelos poderosos empresários europeus.
O que presenciamos por aqui nas últimas duas décadas foram amistosos sem sentido, sem qualquer objetivo ou critério técnico. Após o pentacampeonato de 2002, o Brasil deixou de enfrentar as principais seleções do Velho Mundo e, coincidência ou não, o jejum de títulos já chega há 20 anos.
Sei que o futebol mudou, passou a ser um grande business. A FIFA, com a ganância de sempre, colocará no Mundial seguinte, em 2026, nada menos do que 48 seleções na Copa. Inclusive, já fez as contas: somente de bilheteria, projeta 21 bilhões de dólares. Serão 80 jogos em um mês, e mais, em três sedes! Isso mesmo: Estados Unidos, México e Canadá. Sinceramente, é muito jogo…
Visitando o site da Conmebol me assustei com o número de competições. Fui no da CBF e… a mesma coisa! Por isso é que temos jogos todos os dias, de segunda a domingo. De manhã, à tarde e à noite. Será que ninguém observa que qualidade é mais importante do que quantidade? Paulo Cézar Caju, monstro sagrado do nosso futebol, já levantou o tema em sua coluna na revista Placar. Com menos jogos pode-se faturar muito mais. Nossa sorte é que a Liga está para chegar e, com ela, um novo calendário deve ser desenhado.
Sobre a retomada da identidade e da paixão do povo pela nossa seleção, vejo uma única saída. A volta dos amistosos ao Brasil nas datas FIFA. Só assim para reaproximar nossos craques com o torcedor, que é o verdadeiro responsável por sermos o país do futebol.
0 comentários