por Mateus Ribeiro
Sonhar é bom. Manter os pés no chão, melhor ainda. A seleção brasileira passa por um bom momento. Venceu os últimos jogos das Eliminatórias com autoridade ímpar. O clima é de empolgação por parte de torcedores e da imprensa (como sempre). Não se pode negar que existe a troca de comando modificou muita coisa.
O time, com praticamente os mesmos jogadores, agora rende muito mais, o que causa uma dúvida: será que Neymar e seus amigos faziam corpo mole na gestão Dunga? Claramente jamais ouviremos tal hipótese, visto que agora não temos mais jogadores, e sim heróis de verde e amarelo. É claro que temos bons nomes. Neymar é ao lado de Messi e Cristiano Ronaldo um dos três jogadores que podem carregar um time nas costas. Desses três, o brasileiro é o que conta com melhores companhias.
Não podemos ignorar também que nomes como Gabriel Jesus e Coutinho estão indo muito bem, e enchem de esperança quem tanto sofreu torcendo para o selecionado da Nike durante os últimos anos. O que não pode ser ignorado de maneira alguma é que apesar da melhora evidente no futebol apresentado, os adversários enfrentados estão longe de enfiar medo em alguém.
Apesar da Argentina contar com Messi, já faz um bom tempo que até nos piores momentos da canarinho, os vizinhos são atropelados. De resto, a vitória em Quito contra o Equador merece elogios. Porém, transformaram o triunfo em um desafio de Hércules. Não custa lembrar também que exatos dez anos atrás, estávamos no céu. A seleção era a melhor desde 1982 na boca de muita gente. Os títulos seguidos das insossas Copa das Confederações fizeram muita gente sonhar (e falar besteira) de maneira desenfreada. O resultado todos sabem: em um dia péssimo para o futebol brasileiro e ótimo para Zidane, a França mostrou que oba-oba não vence (e nunca vencerá) nada.
Já exista quem fale em hexa. A possibilidade existe, visto que muitas seleções sofreram declínio nos últimos anos, casos de Espanha, Holanda, Argentina, Uruguai e Itália. Porém, vale lembrar que se aqui as coisas mudaram em apenas seis meses, por lá as coisas podem mudar também. Afinal, até mesmo a falta de organização que tanto contribuiu com o enfadonho 7 a 1 já não aparece mais no discurso dos pachecos.
A corrupção da CBF, que tanto atrapalhava, aparentemente acabou. A seleção atingiu o Nirvana. Tudo isso com vitorias que não são menos que obrigação de quem sempre se orgulhou de ter a camisa mais pesada do futebol mundial, e que atualmente conta com estrelas de cinema que ganham zilhões de reais, dólares e euros. Os adversários também ganham isso? Ganham. Em proporção menor. E Peru, Colômbia, Bolívia e Equador não são obrigados a ganhar da seleção brasileira, mas sim o contrário.
Isso não acontecia com técnicos anteriores? Não. O que não anula o fato de ser obrigação chutar cachorro morto. Não sou nenhum urubu. Não quero jogar praga. Mesmo porque o cenário está muito mais claro do que até meses atrás. Sem cair naquela ladainha de que a seleção voltou a ter o amor, a confiança da torcida, até porque brasileiro não gosta de torcer, gosta de ganhar. Mas as chances de melhora, ao menos nessa geração, são reais.
O que quero com esse texto é apenas relembrar todos vocês que tempos atrás todos sonharam. Todos falaram muito. Todos já davam como certo o sexto título mundial. Todos caíram do cavalo. E após os tombos (que se repetiram em 2010 e 2014), tudo de ruim foi atribuído a fenômenos do porte de apagão, pane, ao invés de reconhecer que dias ruins acontecem, e que derrotas são possíveis e mais normais do que se imagina. Sonhar é bom. Mas manter os pés no chão evita quedas abruptas.
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