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PELOTICÍDIO

2 / março / 2021

por Rubens Lemos


Izabel nem percebeu minha tensão explícita. Dentro de casa e impaciente por um motivo a mais: o pânico de, na seleção brasileira de todos os tempos da Revista Placar, constar o nome do lateral-direito Cafu, que disputou três Copas do Mundo, foi o capitão de 2002 sem apresentar nada que o fizesse diferenciado.

Cafu marcava bem, era voluntarioso, não tremia, apoiava com timidez e cruzava de tornozelo, bola saindo pela linha de fundo antes de chegar à área para o confronto entre artilheiros e beques.

O currículo vitorioso não dá camisa a ninguém quando é para se escalar os melhores, sejam eles em qualquer posição. Anderson Polga, Paulo Sérgio, Baldochi e Dadá Maravilha nada jogaram e foram campeões em Copas.

Cafu perde para pelo menos oito laterais na minha avaliação: Leandro (sobrenatural), Carlos Alberto Torres (modelo de capitão), Djalma Santos (melhor lateral-direito de 1958 tendo jogado apenas a final), Nelinho do Cruzeiro e do Galo, canhão de Minas Gerais, Jorginho do Tetra, Mazinho, que era surreal nas laterais e na meia-cancha e Paulo Roberto, do Grêmio campeão mundial e do Vasco melhor do Vasco: nos anos 1980.

Quase omitia Luiz Carlos Winck, do Inter e do Vasco, seleção profissional e olímpica. Ou seja, oito antes de uma vaga que, nem tenho tanta certeza, seria de Cafu, afinal ainda tivemos Toninho Baiano do Flamengo e Zé Maria, tricampeão mundial em 1970 na reserva de Carlos Alberto e um dos ídolos eternos do Corinthians.

O anarquista Josimar, saltimbanco da Copa de 1986, De Sordi de 1958 e Edevaldo, o Cavalo, reserva de 1982, força e velocidade, características de Cafu. Cruzava divinamente.

Bicampeão mundial de clubes, Cafu foi invenção de meia marcador de Telê Santana e foi descendo até a defesa por falta de talento para ocupar posições que foram de Raí, Palhinha, Juninho Paulista e do bonitinho Leonardo. Foi ficando na lateral-direita e impressionou Zagallo e Parreira pelo empenho, no vigor, na ausência total do medo. Mas melhor de todos os tempos, Não.

Enfim, saiu a lista oficial elaborada por 170 jornalistas escolhidas pela Revista Placar. Tomei um remédio para pressão. De felicidade. Os escolhidos foram Taffarel; Carlos Alberto Torres, Bellini, Aldair e Nilton Santos; Falcão, Didi e Pelé; Garrincha, Ronaldo e Romário. Um aumentativo de time, sensacional.

Com Zagallo de treinador eleito, mandando-os recuar e sendo desobedecido sem puderes: “Cala a boca, mala, deixa a gente fazer o que sabe!”, Romário gritaria sem o menor constrangimento.

Constrangimento, aliás, é um termo que as escolas da Vila da Penha, subúrbio do Rio de Janeiro e berço do Baixinho, jamais pronunciaram nas aulas dele, que deveria ser o maior gazeteiro do seu tempo.

A seleção é espetacular e ganharia de qualquer esquadrão mundial. Mesmo Cafu na reserva. Ruim a ausência de Leandro. No meu time dos sonhos, com direito a reservas, escalo Taffarel; Leandro, Carlos Alberto Torres, Aldair e Nilton Santos; Gerson, Didi, Pelé e Zico; Garrincha e Romário.

Os reservas seriam Gilmar; Djalma Santos, Bellini, Orlando e Marinho Chagas; Falcão, Sócrates, Rivelino e Rivaldo; Ronaldinho Gaúcho e Tostão. Não protesto contra a Placar a não ser pela falta de Zico.

Quem viu Zico jogar, canta-o em oração ou o descreve em homilia pelos altares do velho Maracanã das gerais. Zico perdeu Copas, problema delas. É o maior brasileiro com a bola da história dos campeonatos brasileiros, ganhou um Mundial e é um dominador impecável de cada fundamento do futebol.

Pior será a chegada na lista de Casemiro, Fernandinho e Douglas Costa, quando nós formos caquéticos e os meninões de hoje resolverem escolher.

Tempo conspirando contra luminares: Leônidas da Silva, Zizinho, Danilo Alvim, Ademir Menezes. Julinho Botelho. Ademir da Guia, Dirceu Lopes. Perdendo para Roberto Firmino. Que o século dos modernos demore 200 anos. A bola se recusaria a maus tratos. Reagiria, furor feminino, ao peloticídio.

Bom

Maycon Douglas é um finalizador. Quem me agradou no ABC foi Marcos Antônio, camisa 10 com bossa e passes certeiros.

Comparando

Sem gracejo: o Vasco não mostrou mais do que o ABC na estreia.

Wallyson no América

O América do Rio de Janeiro sondou Wallyson. Não deu certo.

Mataram o filme

Tanta expectativa e o filme sobre Pelé na Netflix é ruim. Enredaram o Rei numa teia ideológica onde até a ex-governadora incompetente Benedita da Silva(RJ) aparece a dizer bobagens.

Gols

Golaços e um encontro com remanescentes do Santos evitam a nota zero da produção mais militante do que biográfica.

Juca e Trajano

Juca Kfouri e José Trajano, há anos deixaram o jornalismo para exercer raivoso discurso de esquerda. Parece uma lei em que filme sobre futebol tem que ter os dois, saudosos das verbas do Governo Federal.

Outro fracasso

O documentário se nivela em mediocridade a Isto É Pelé, de 1974, este sob tutela da repressão, do Brasil Grande na mensagem e torturante na vida real.

Pelé Eterno

De Aníbal Massaini, é o filme antológico do Rei.

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