por Mauro Ferreira
Rabiscos. A majestade foi construída sobre rabiscos. Toda ela. Rabiscos escritos por duas pernas, cada qual equipadas com meiões e chuteiras. Desenharam a graça e deixaram sem graça os atrevidos, os tais beques. Mal sabiam, estavam ali para servir de guia; “por aqui, não; por aqui, sim”. E o desenho sempre desenhava um espetáculo. E foram muitos. Muitos e em variados quadros verdes, verdinhos e às vezes, nem tão verdes assim.
Até que alguém resolveu rabiscar sobre o rabiscado e contar com letras as obras de arte. E assim, foram espalhando aos quatro cantos e a todos os outros espaços que não cantos, as maravilhas, as proezas, todos aqueles rabiscos geniais. Primeiro, com letras; depois, vozes cantando letras. Até as imagens surgirem para mostrar o zigue-zague de um balé sem linóleo. Palcos abertos, plateias silentes substituídas por gentes. Gentios, gentalhas, qualquer um. O que importava? O que importava? Importava assistir aquelas pernas, aqueles pés rabiscando e rabiscando… e urrar de prazer, obra pronta, impressa na memória. Na arena-teatro, o artista fazia da ponta da chuteira, sua ponta de pincel.
Arte tamanha, tão grande a ponto de interromper uma guerra, a maior manifestação do ódio humano. Talvez, porque o artista nada tem de humano. O maior artista do século. Perdão. O maior artista dos séculos. Sua majestade, primeiro e único.
Humilde, engraçado, solicito, gaiato, PELÉ, o artista maior, o Rei Uno, soberano sobre todos, disse love, love, love. No dia do seu aniversário, majestade, a plebe encantada repete:
WE LOVE YOU,
PELÉ!
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