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PELADA, RESENHA E CERVEJA

1 / abril / 2024

por Elso Venâncio

Um dos mais antigos grupos de pelada do Rio é o GPSO (Grupo de Pelada Seis de Outubro). Esse time tem como lema três tópicos: esporte, lazer e amizade. Seu nome remete ao dia da fundação. Já são 50 anos, meio século de história.

A bola rola todo sábado à tarde, no Club ASBAC, na Cidade Nova. Como em todas as peladas, após o término das partidas vem a resenha, regada a churrasco e cerveja gelada.

Alguém fala sobre os amistosos da seleção na Europa, contra Inglaterra e Espanha. Alguns preferem não comentar. Outros perderam o interesse por acompanhar os jogos do Brasil. De repente, surge o nome Neymar. Claudinho, um peladeiro careca e barrigudo, opina:

“Melhoramos sem ele!”

Bigode, um exímio contador de histórias, rebate:

“Não fala mal do nosso único fora de série!”

A maioria dos peladeiros tem apelido. Paulino Rodrigues, o ‘Borboleta’, acabou de apitar e, mal-humorado, não só reclama como recusa o cachê:

“Eu não preciso dessa merreca.”

Paulino Rodrigues, Jorge Emiliano ‘Margarida’ e Walter Senra ‘Bianca’, foram os primeiros árbitros que se assumiram como homossexuais no futebol brasileiro. Com profissionalismo, o trio superou preconceitos e ganhou respeito, passando a ser atração nos jogos. Desmunhecavam, rebolavam e corriam feito gazelas em campo. Vale dizer que nas peladas é normal o juíz, quase sempre veterano e ex-FFerj (Federação de futebol do Estado do RJ), receber cachê, assim como os goleiros.

Surge o papo sobre os batedores de falta: Zico, Marcelinho Carioca, Nelinho, Pelé, Rivellino…

Marcelinho ainda estava no juvenil e ficava observando Zico treinar. Ainda apanhava as bolas atrás do gol. Zico era preciso nas faltas próximas à área. Marcelinho batia de várias formas e de qualquer distância. De peito de pé, três dedos, forte ou colocado. Zico ou Marcelinho? O rubro-negro Juninho, um dos líderes do grupo, reage:

“Tira o Zico da discussão.”

“Saudades do Marinho Bruxa…” – pensa alto o advogado botafoguense Gentil Aires. Marinho participava das peladas, mas como o joelho incomodava passou a apitar. De vez em quando, aparecem outros ídolos, como Jairzinho, Paulo Cézar Caju, Carlos Roberto, Afonsinho e Carlos Alberto Pintinho.

Norberto, o ‘Seu Nonô’, de 81 anos, com a bandeira do time

Impressionante ver o canhoto Norberto, 81 anos comemorados no último domingo, ex-craque do futsal do Fluminense, jogando com tamanha desenvoltura. Beto Gamarra, que formou zaga com o saudoso Figueiredo na base do Flamengo, defende a renovação do grupo. O Estatuto permite a aprovação de peladeiros a partir dos 37 anos de idade. O Presidente e tesoureiro Sinomar Muniz, o ‘Jacaré’, revela, orgulhoso:

“Nunca, em 50 anos, essa pelada deixou de ter quórum.”

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3 Comentários

  1. Jorge Soares

    Não esquecendo que, numa tarde gloriosa, tivemos a presença da enciclopédia, jogando seu futebol elegante aos setenta e alguma coisa. Nos encantou a todos, na resenha, com as estórias de Garrincha!

    Responder
  2. Jorge Soares

    Falo de Nilton Santos, levado, se não me engano pelo Gentil.

    Responder
  3. Sinomar Muniz

    Bonita homenagem ao Grupo de Pelada Seis de Outubro. (GPSO) Fundado a 50 anos por Nilton Luiz, cujo o lema é ESPORTE, LAZER E AMIZADE , formando uma verdadeira família entre os seus peladeiros componentes.
    Elson Venâncio muito obrigado pela homenagem.

    Responder

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