por Victor Kingma
Tantas histórias são contadas sobre personagens marcantes do futebol. Essa, dizem, aconteceu no Campeonato Carioca, nos meados dos anos 60, e envolveu dois desses personagens. O Bangu, que estava montando aquele timaço que acabaria como campeão em 1966, enfrentaria o Flamengo no Maracanã, em dia de muita chuva. No vestiário, Gentil Cardoso, então técnico do time, dava as últimas instruções minutos antes da partida:
– Conforme treinamos, quero o time jogando no contra-ataque, explorando a velocidade do Paulo Borges, pois o Flamengo, incentivado pela torcida, virá todo pra cima da gente.
Assim, quando eles atacarem pela esquerda, o Fidélis, sempre que roubar a bola, toca para o Ocimar. Aí você, Ocimar, lança em profundidade para o Paulo Borges, na direita, que entra em diagonal e arremata para o gol. E prossegue:
– Se o ataque vier pela direita, o Ari Clemente faz a mesma coisa: toma a bola e entrega para o Ocimar, que lança para o Paulo Borges. Você, Paulo, entra em velocidade pelo meio da áreae fuzila o goleiro Valdomiro.
E o folclórico treinador prosseguia traçando a estratégia mortal daquele grande time de Moça Bonita:
– Quando o Flamengo atacar pelo meio, a mesma jogada: o Jaime rouba a bola, toca para o Ocimar, que lança para o Paulo Borges…
Mas antes do técnico completar a instrução, o veloz e sorridente ponteiro banguense, a sensação do campeonato, intervém:
– Professor, não dá pro Ocimar virar o jogo e lançar essa pro Aladim lá na ponta esquerda?
– Por que meu craque?
– Nessa altura do jogo a defesa do Flamengo já manjou esta jogada e, com o campo molhado, o Ditão vai dar um carrinho e me jogar lá no fosso da geral… E o meu joelho está meio baleado, chefe!
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