O POETA DA BOLA
Embora seja Drummond o predileto do craque, é a prezada Cecilia, onde quer que ela esteja além dos corações e das mentes daqueles que só mentem para fingir as dores que deveras sentem – e já vou fazer o mesmo a Pessoa -, que peço permissão para começar este texto, distorcendo levemente seus versos, quase da mesma forma que fez Caetano. E que o baiano Veloso me conceda por sua parte também.
Nem alegre, nem triste, poeta. Poeta da bola. Paulinho Criciúma, 10 na camisa, na posição em campo e na nota no trato com a pelota e com as pessoas, devia estar meio ressabiado e me driblou várias vezes. Porém, gentilmente cedeu à marcação, certamente só para não causar uma desfeita. E, podem crer, foi a melhor coisa que fizemos: ele ao aceitar o convite para este papo que você tem aí à sua disposição, e eu – perdoem-me pela citação em primeira pessoa – por não ter desistido de trazer a sua voz de inteligente sensibilidade e um pouco de sua valiosa História no futebol para o público fã do Museu da Pelada.
Depois de mais de um mês de idas e vindas, dribles daqui e dali, ele rolou a bola para mim e tabelamos desde o nosso encontro numa manhã de sexta, no início de dezembro, em frente ao edifício em que mora, onde fui apanhá-lo com o motorista Vander Schons para seguirmos até onde já se encontrava – preparando tudo – o nosso cinegrafista, Fernando Gustav. Ali, cercados de verde por todos os lados e observados por crianças que pararam sua pelada matinal para saber o que acontecia, traçamos uma resenha sem firulas, mas com aquela destreza de quem lida com prosa e versos com a mesma facilidade com que (ele) tratava a bola. E foi assim que este bate-papo fluiu, como um bate-pronto da entrada da área, daqueles que pega na veia e a pelota morre no barbante depois de quase matar a coruja dormindo.
No fim, o autor deste golaço ainda me pediu desculpas, como se fosse preciso. Porém, diante da solicitação do craque aceitei, acatei, é claro, porque gentileza gera gentileza, já dizia o profeta. E, que se preze, todo e qualquer poeta.
Caso queira ler na íntegra a poesia “Botafogo”, de Paulinho Criciúma, é só clicar aqui: http://mundobotafogo.blogspot.com/2014/11/paulinho-criciuma-poema-do-poeta.html
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