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PATADA ALVINEGRA

8 / janeiro / 2025

por Rubens Lemos

No dia 4 de julho de 1979, enquanto os norte-americanos comemoravam sua independência (para sofrer quatro anos mais tarde com a invasão iraniana à embaixada em Teerã), a canhota mais-que-perfeita do futebol brasileiro desfilava no gramado do Estádio Castelão (Machadão) com a camisa 10 do ABC.

Aos 33 anos, depois de passar a liderança artística no futebol a Zico, Rivelino disputava amistosos, de férias do Al-Hilal da Arábia Saudita, de onde sairia por desavenças com o príncipe Kaled. A ideia de trazê-lo a Natal foi do empresário e então dirigente do Alecrim, Joílson Santana (mais tarde cartola do ABC e falecido em 2013), que não tremeu diante do cachê altíssimo cobrado pelo tricampeão: 100 mil cruzeiros em dinheiro vivo, pagos antes do amistoso contra o Vasco (RJ), que excursionava pelo Nordeste e aceitou incluir Natal no roteiro.

Rivelino foi notícia durante uma semana. O governador Lavoisier Maia fez questão de visitá-lo no majestoso Hotel Ducal, no centro da cidade (o primeiro arranha-céu de Natal), próximo ao Palácio Potengi, então sede do Governo do Estado. Demonstrando tédio, Rivelino, fanático por passarinhos, perguntava a quem pedia um autógrafo onde poderia encontrar um curió cantador. Voltou sem levar nenhum.

O Vasco veio com suas principais atrações: Roberto Dinamite, o goleiro Leão, o lateral-esquerdo Marco Antônio, o zagueiro Abel Braga, e um complemento mediano. O Flamengo de Zico, Júnior, Adílio, Carpegiani e Cláudio Adão mandava no futebol carioca.

O técnico do ABC, Ferdinando Teixeira, armou um meio-campo habilidoso. Baltasar, o encarregado da marcação, ficou recuado. Rivelino tocou bola com o ex-vascaíno Danilo Menezes, uruguaio que era chamado de Rei do Castelão pela imprensa.

Indisposto, Rivelino acertou dois lançamentos preciosos que, por má vontade do destino, caíram no pé desastrado do centroavante Dentinho, de triste memória para o alvinegro local.

O Vasco se impôs com o volante Dudu e o meia Carlos Alberto Garcia (ex-Londrina e futuro jogador do ABC em fim de carreira). Pressionou e chegou ao primeiro gol aos 44 minutos do primeiro tempo. Roberto Dinamite amorteceu a bola no peito e fuzilou o goleiro Carlos Augusto.

Rivelino – seguindo o contrato – saiu e a torcida não sentiu sua falta. Xodó do abecedista, o baixinho Noé Macunaíma entrou em campo, pôs nitroglicerina no time e acabou como a verdadeira estrela.

O mítico técnico Oto Glória, comandante da seleção de Portugal que destroçou o Brasil em 1966 com a Pantera Eusébio, mandou reforçar a marcação sobre Macunaíma. O lento meia Toninho Vanuza não conseguiu domá-lo.

Cobrando escanteio, o ponta-esquerda Berg cruzou, e a bola sobrou para Noé Macunaíma se consagrar e empatar, violando o titularíssimo da seleção brasileira, o arrogante Leão. Terminou 1×1 com 24 mil pagantes. O promotor teve prejuízo.

Rivelino, que não estava a fim de muito papo, saiu do vestiário direto para o Hotel Ducal e tomou o primeiro voo da manhã de quinta-feira para São Paulo. Os torcedores que pagaram ingresso para tietar Rivelino viram Noé, o Macunaíma do povo, bom e barato.

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1 Comentário

  1. Arlinei José de Carvalho

    Riva era marrento e antipático. Mas foi o melhor craque que vestiu e honrou a armadura do Fluzão.
    Riva está perdoado kkkkkkk kkkkkkkk

    Responder

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