Por Ivaneguinho, em homenagem a Aldecir Sapatão

Sexta-feira, dia 18 de abril, às 12h30, meu celular tocou exatamente no momento em que eu me dirigia à mesa para almoçar. A ligação era tão importante e valiosa que, se fosse preciso, deixaria até de almoçar para continuar uma resenha que já dura 52 anos. Quando ouvi aquela voz tão familiar, nem precisei me esforçar para identificar. Pelo timbre e jeito de falar, foi facílimo! Mais ou menos assim:
— Fa… fala, me… meu com… compadre! Tu… tudo bem con… consigo?
Respondi:
— Ô, meu parceiro! Beleza, pura!
Daí em diante, foi mais um papo pra lá de agradável, que, como sempre, termina da mesma maneira: com uma amorosa discordância, seguida de uma sonora risada de ambos os lados!
O tema, como de costume, foi uma partida de futebol — uma semifinal ocorrida no campo do Oriente, num domingo, dia 17 de dezembro de 1972. O Central (meu time) venceu o Independente (time em que ele atuava). Talvez sua decepção e dor sejam maiores porque, no primeiro turno, sua equipe foi disparadamente a melhor.
Eles tinham o melhor goleiro: Índio — que, após a partida, assinou com um time de Minas e decolou na carreira. Tinham uma zaga de primeira, muito ajustada: Sapatão e o craque Filoquinha. No meio, jogavam dois garotos que eram o fino da bola: Nildo e Beto. O ataque era arrasador, com Guarino, Caia e Vaval!
E nem falei ainda do favorito antes da competição: o poderoso Operário, com um verdadeiro escrete! Toninho Cachaça, Carlão (Jorge Luís), Nepô, Álvaro e Andeda; CB Rezende, CB Costinha e Antônio Português; Paulo Burro Preto, Odair e Beraldo.
Já o Central virou uma excelente equipe a partir da terceira rodada, com a chegada do cracaço Aílton Neguinho, do América. Após sua entrada, não perdemos mais. E assim, sagramos-nos campeões!
A partida que o zagueirão Sapatão jamais esquece foi decidida nos pênaltis. O time dele foi eliminado sem perder no tempo normal. Invictos nos 90 minutos! A dor vem do empate sofrido no último minuto da prorrogação — eles venciam por 3×2, mas tomaram um gol de pênalti, que levou a decisão para os tiros livres da marca da cal. Eliminamos o Independente por 3×2 nas penalidades. E, na final, vencemos o Operário por 2×1, com gols da dupla Ivaneguinho/Aílton Neguinho, tornando-nos Super Campeões!
O mais impressionante é que ele, assim como eu, lembra lance por lance daquele jogo “interminável”. Inclusive uma jogada no fim, em que eu já havia driblado quase todo mundo e, no instante exato em que eu faria o gol que selaria a partida, ele surgiu sabe-se lá de onde, com um carrinho genial, tirando a bola do meu domínio.
Ele nunca esqueceu o trabalho que a dupla Aílton Neguinho/Ivaneguinho deu para ele, Filoquinha, Nildo e todos os zagueiros daquele concorrido campeonato.
Zagueirão, você era fera… mas deu a dupla imparável do Central na final!
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