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PARABÉNS, FALCÃO!

16 / outubro / 2017

por Serginho5Bocas


por Claudio Duarte

Me desculpem os fãs de Beckembauer, do Redondo e do Zidane, mas hoje vou homenagear o Pelé dos volantes, o jogador mais elegante que vi jogar bola em minha vida e um dos maiores craques que o mundo produziu em todos os tempos.

Paulo Roberto Falcão nasceu em 16 de outubro de 1953, e fez história em Porto Alegre, no Brasil e depois na Itália. Muito novo comandou o grande Internacional dos anos 70, dividindo a liderança com ninguém menos do que Elias Figueroa e sagrando-se tricampeão brasileiro, sendo que no último título, em 1979, de forma invicta, fato único até hoje no Brasil. Mesmo sendo volante, venceu duas vezes o prêmio de melhor jogador do Campeonato Brasileiro, numa época em que ser o melhor por aqui era coisa para os “fortes”, um monstro!

Em campo um líder nato, que exibia um comando quase invisível para a torcida, não era de muitos gestos e gritos, uma eminência parda. Contudo, Falcão ditava o ritmo e “facilitava” o jogo de todo o time, aparecendo em todas as partes do campo, saindo da defesa com extrema facilidade, articulando no meio as jogadas de ataque, fazendo belas tabelas e lindos gols. Suas características incluíam um grande senso de colocação, habilidade e técnica acima da média, economia nos dribles (sempre e somente na hora certa), chutes e passes precisos. Tinha excelência em todos os fundamentos do futebol.


Por incrível que pareça, Falcão jogou pouco na seleção brasileira, apenas 49 partidas (só no Brasil mesmo) e logo no início da carreira foi surpreendido por Claudio Coutinho, que preteriu-o levando Chicão para a Copa do Mundo de 1978 na Argentina. Na Copa de 1986, no México, esteve presente no grupo, mas sem reunir boas condições físicas, em razão de uma operação no joelho, se limitou a poucos minutos de jogo. Assim, seu show ficou reservado para 1982 na Espanha, quando ele entrou para a história ao ser um dos líderes de uma equipe de astros, que contava ainda com Zico, Sócrates, Cerezo, Júnior, Leandro e que entrou para a história do futebol mundial.

Naquela Copa ele atuou nas cinco partidas do Brasil e marcou 3 gols, apresentando um futebol tão refinado que foi agraciado com o prêmio de segundo melhor da torneio (bola de prata), mesmo tendo sido eliminado ainda nas quartas-de-final. Só não levou a bola de ouro, porque Paolo Rossi,  o “bambino d´ouro” italiano decidiu a Copa para a Itália.

Acredito que o jogo contra a Argentina (3×1), foi sua maior atuação pela seleção brasileira, mesmo tendo jogado uma barbaridade também contra a Itália. Só que no jogo contra os “Hermanos”, ele quase nos brinda com o que seria um dos mais belos gols de todas as Copas, quando fez uma tabela com Sócrates no alto, e sem deixar a bola cair emendou de primeira e de perna esquerda no travessão de Fillol, uma pintura, jogada de enciclopédia para ser ensinada nas escolas de futebol arte do mundo todo. Sem contar o gol de empate na derrota para os italianos, que fez até defunto levantar da tumba e comemorar. Até hoje, quando vejo aquele gol de novo, com ele correndo e comemorando em direção ao banco de reservas, me arrepio e vibro de novo, uma sensação poucas vezes repetidas em minha vida de torcedor.


Falcão foi o oitavo rei de Roma, ungido pelo Papa, comandando a equipe da Roma nas conquistas da Copa Itália e do Campeonato Italiano, “gastou” tanto a bola por lá que até hoje é reverenciado por aquelas bandas. Deixou em nossa memória belas jogadas e belos gols como o do emocionante empate contra a Itália na Copa de 1982, ou o de raça e talento contra o Palmeiras na semifinal do Brasileiro de 1979 em que escapa da sola de Mococa, ou ainda o da espetacular tabelinha de cabeça com escurinho, marcando já nos minutos finais da semifinal do Brasileiro de 1976 contra o Atlético de Minas Gerais.

Foi comentarista da Rede Globo e treinador de futebol, inclusive da seleção brasileira, também comandou um programa de esportes na Fox, sempre exibindo toda a sua visão de jogo acima do normal. Sua educação, simplicidade e a inteligência sempre o distinguiu dos demais e o tornou diferenciado.

Em minha opinião, Falcão foi um dos cinco jogadores mais completos do mundo, que tive o prazer de ver em ação, sobrava na turma, digo, em qualquer turma. Dominava os cinco fundamentos importantíssimos do futebol, que são: marcar, matar, passar, driblar e chutar. Dizem que Di Stefano e Cruyff foram os únicos jogadores que jogavam no campo todo, mas eu ouso a incluir neste seleto grupo de virtuoses Falcão.

Acho difícil ver alguém repetir o que o “anjo louro” fazia em campo naquele setor, pois diziam na época que ele deveria jogar de terno e gravata, tamanha era sua elegância e o tratamento que dispensava a amiga, a bola.

Quanta saudade! Ô tempo bão…

 

 

 

 

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