Escolha uma Página
Generic selectors
Exact matches only
Search in title
Search in content
Post Type Selectors

PAIXÕES DO CHICO ANYSIO

19 / fevereiro / 2024

por Elso Venâncio

Chico Anysio, o gênio do humor, o Charles Chaplin brasileiro, tinha duas paixões: o rádio e o futebol. Ele ouvia as jornadas esportivas da Rádio Globo do Rio de Janeiro e ligava, sobretudo nos finais de semana, quando descansava no seu sítio em Pirai, corrigindo alguma informação ou acrescentando detalhes de uma notícia. Nesse sítio, recebia atletas profissionais e artistas para peladas e resenhas.

No ‘Chico City’, programa humorístico da TV Globo, não podia faltar um representante do mundo da bola. Coalhada, um perna-de-pau que se achava craque, como muitos que existem por aí, era estrábico e, com seus cabelos encaracolados, desdenhava de Pelé, Zico, Junior, enfim, dos bambas do futebol que ele próprio, o personagem, recebia no programa.

“Depois dizem que o Coalhada é isso, que o Coalhada é aquilo”.

Repórteres da Rádio Globo eram sistematicamente convidados para entrevistar Coalhada.

“Eu faço humor mais ou menos… mas entendo mesmo é de futebol”,.ouvi de Chico, numa roda de jornalistas, na Copa do Mundo da Itália. Não sei se dava para acreditar, mas garanto que ele estava realizado, já que nesse Mundial de 1990 era, simplesmente, o comentarista da Rede Globo, ao lado de Pelé, mantendo essa tabela com o Rei desde as Eliminatórias.

Galvão Bueno fazia sua primeira Copa como narrador titular. No ‘Fantástico’, Chico Anysio dava opiniões sobre a seleção comandada por Sebastião Lazaroni.

“Eu venho do rádio. Gosto é do rádio”, repetia sempre.

Aos 17 anos, Chico foi contratado para comentar jogos pela Rádio Guanabara. Versátil, logo mostrou-se ator, redator, locutor e comentarista. Seu pai, Francisco Anysio de Oliveira Paula, havia sido Presidente do Ceará Sporting Club.

No fim da década de 80, Luiz Penido, “O Garotão da Galera”, comandou uma revolução no rádio esportivo. Aceitou o convite do diretor Alfredo Raimundo, da Super Rádio Tupi, e levou vários companheiros da Rádio Globo, como Édson Mauro, Sérgio Noronha, Eraldo Leite, Gilson Ricardo e Danilo Bahia.

Após algum tempo, já na Tupi, Penido decidiu chamar Chico Anysio para ser o comentarista.

“É o meu sonho!”, respondeu no ato.

A gente percebia a satisfação dele ao chegar ao Maracanã e ser imediatamente cercado pelos torcedores.

Seu personagem preferido, dentre os mais de duzentos que criou, foi Alberto Roberto, um ator sonhador, narcisista, com uma rede na cabeça e um bigode fino e preto. Com a presença de artistas, deixava louco o seu agente, Da Júlia (interpretado por Lúcio Mauro), por conta da soberba – ele se comparava a Marlon Brando e Robert De Niro, para se ter ideia.

Roberval Taylor, com olheiras profundas e voz empostada, homenageava os profissionais do rádio. Confesso que era difícil enxergar o ‘Grande Artista’ fora do humorismo. Mas testemunhei seu afeto pelo veículo que lhe abriu as portas para o estrelato.

Chico Anysio faleceu, aos 80 anos de idade, no dia 23 de março de 2012, de falência múltipla dos órgãos, no Hospital Samaritano, em Botafogo, bairro da zona sul do Rio de Janeiro.

TAGS:

1 Comentário

  1. Ronaldo

    Grande artista! Sabia incluir o futebol em seus esquetes e também se incluía no futebol.
    Simplesmente jogava nas 11.

    Responder

Enviar um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *