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O GLORIOSO ZAGALLO

por Elso Venâncio, o repórter Elso

As comemorações vão continuar no Botafogo. O líder disparado do Brasileiro lota o Estádio Nilton Santos a cada jogo, fazendo a festa do torcedor com vitórias convincentes. Depois de inaugurar a estátua do gênio Mané Garrincha em General Severiano, chega o momento de saudar Zagallo. Em 9 de agosto, o multicampeão completa 92 anos de idade. Aliás, por essa razão a data é celebrada como o ‘Dia do Botafoguense’.

Somente Zagallo é tetracampeão do mundo. Duas vezes como jogador, em 1958 e 1962; uma como treinador, em 1970; e a outra, como coordenador técnico, em 1994.Zagallo, Telê, Didi, Tim, todos eles foram supertécnicos. Mas convivi de perto com Zagallo em duas Copas do Mundo: 1994 e 1998. Na primeira, nos Estados Unidos, ele surgiu como escudo para o criticado Parreira. Aparecia nas coletivas, após os treinos. Em 1998, o time se traumatizou com o drama vivido por Ronaldo, que sofrera convulsão na manhã da grande final. Zagallo merecia aquele título! Na semifinal, contra a Holanda, em Marselha, antes da decisão por pênaltis, transmitiu toda a sua energia de campeão para o goleiro Taffarel e aos batedores.

Na decisão, Ronaldo, que podia ter morrido, chegou do Hospital no vestiário minutos antes de a bola rolar. Pegou o material de jogo e disse que se sentia bem. Edmundo já estava no aquecimento, mas Ronaldo era o maior jogador do mundo. Após a derrota por 3 a 0, Zagallo apareceu transtornado durante a coletiva. Olhos e rosto avermelhados, suava muito e respirava de forma ofegante. Foi ele quem revelou à imprensa o drama de Ronaldo.

Naquele momento, emocionalmente abalado, revoltou-se com o repórter Mauro Leão, do jornal ‘O Dia’, que, com seus quase dois metros de altura chamava a atenção em meio a jornalistas de todo o planeta, na coletiva concedida no Stade de France, em Saint-Denis:

“O senhor está satisfeito?”

“Eu? Eu?” – Mauro tomou um susto.

“Sim, você!”

“Eu não…” – respondeu. Dito isso, deu uma pausa. Mas logo prosseguiu:

“Alegre está o Aime Jacquet.”

Criado no Rio de Janeiro, o alagoano começou a jogar no América. Brilhou no Flamengo e pelo Botafogo formou ataque com Garrincha, Didi, Quarentinha e Amarildo. Como ponta-esquerda, voltava para ajudar o meio campo, dando início ao sistema 4-3-3. Titular nas Copas de 1958 e 1962, mesmo tendo Pepe e Canhoteiro como concorrentes, foi tricampeão carioca pelo Flamengo (1953, 1954 e 1955) e bi pelo Botafogo, em 1961 e 1962. Soma ao currículo, também, duas conquistas do Torneio Rio-São Paulo.

Admilson Chirol foi seu incentivador e conselheiro. Dirigiu o time da Estrela Solitária de 1965 a 1967, tendo indicado para o seu lugar justamente o técnico dos juvenis, seu amigo Zagallo, que, por méritos próprios, permaneceu no cargo até 1970, quando foi chamado para substituir João Saldanha no comando da seleção brasileira.

Zagallo treinou o Flamengo em três períodos, sendo campeão carioca em 1972 e 2001. Campeão com o Fluminense em 1971, dirigiu também, sempre com novas conquistas, Vasco, Bangu e Al-Hilal. Treinou as seleções do Kwait, da Arábia Saudita e dos Emirados Árabes.Hoje, o Velho Lobo reside num condomínio de luxo do Rio de Janeiro.

Sem dúvidas, Mário Jorge Lobo Zagallo é um dos maiores personagens de todos os tempos do mundo da bola.

SOB HOLOFOTES

por Motta Balboa

Fato 1: O jogador de futebol quando está descontente, essa é a palavra universalmente usada pelos boleiros, no clube arruma um entrevero disciplinar para forçar a sua saída. Este descontentamento pode ser com salários, técnico, colegas de time, proposta de outro clube.

Fato 2: A história do futebol nos mostra que até a bandeirinha de corner dos estádios sabem que aquilo que acontece dentro dos vestiários, fica dentro dos vestiários. É mais fácil saber a senha do cartão de crédito do jogador do que aquilo que ele falou ou fez dentro daquelas quatro paredes. O ex-jogador Vampeta revelou que até Rincón teve um seríssimo embate com o Marcelinho nos seus tempos do Timão depois de um jogo. Mas ninguém soube na época.

Supervisor. É o cara mais importante de um clube, ele faz o meio campo entre elenco, comissão técnica e diretoria. Tem que ter a sensibilidade de notar que alguma coisa pode estar fora de sintonia no relacionamento entre alguma dessas partes e ir apagar esse início de chama para evitar um incêndio completo. Assim, o supervisor tem que ter a confiança de todos os setores e não fazer parte de nenhum deles. O saudoso supervisor Domingo Bosco fez história no Fluminense e no Flamengo, administrando egos e situações, na “encolha” numa época em que os boleiros não aliviavam e a temperatura subia sempre. Cada um no seu temperamento dentro do clube e nos tempos do futebol raiz não tinha espaço para mimimi. Bosco foi magnífico e serve de exemplo para que ninguém leve ninguém para a delegacia a meio de holofotes por causa de um fato nada incomum na história do esporte bretão nacional.

Conclusão. O caso Pedro/Pablo pode ser perdoado entre eles, mas nunca será esquecido pelos dois. No fim da temporada, ao menos um sairá do clube. Exemplo tivemos até na famosa NBA, com o campeoníssimo time do Golden State WARRIORS, onde no início da preparação, o capitão Draymond Green praticamente nocauteou o companheiro Jordan Poole. O vídeo do soco correu o mundo. O WARRIORS, então campeão, não vingou na temporada apesar das desculpas públicas de Green. O torneio acabou e moral da história, a revelação Poole já foi negociado. Cristal quebrado não se cola.

DEDICO ESSA CONQUISTA AO MEU SOGRO

por Reinaldo Sá

Esse jogo Mario Sergio dedicou ao sogro, que na época já não estava presente fisicamente, contudo, diante da grande constelação e mais próximo a Deus, emanava vibrações positivas à Terra do Sol Nascente. Essa era a partida da vida de um maestro de toques refinados e uma habilidade rara com a bola, além de um raciocínio rápido e temperamento bastante peculiar. 

Cria da várzea, das duplinhas de ladeiras, dos campos de terra batida, se destacaria na altinha, futevôlei e qualquer modalidade com bola devido a sua técnica apuradíssima. Apesar de suas declarações polêmicas, elas nunca ofuscaram seu belíssimo futebol. Tanto que isso não preocupou o técnico Valdir Espinosa que o convenceu a assinar um contrato de três meses para a disputa do Mundial Interclubes, em Tóquio, na capital japonesa, diante do Hamburgo, da Alemanha. 

Tita havia voltado para o Flamengo após a venda do Zico para a Udinese e, por isso, o presidente do Grêmio, Fábio Koff, foi buscar os devidos reforços para esse histórico duelo e, para mim, Mario Sergio, o Maestro da Bola, foi o principal deles. E olha que também veio o tricampeão mundial Paulo Cesar Caju. 

E o Grêmio dominou e destruiu as trincheiras alemãs, ocidentais na época. Foi uma verdadeira blitz, os adversários ficaram atônitos e, porque não, admirados, com os toques de classe e as arrancadas fulminantes e dribles desconcertantes do jovem atacante Renato Portaluppi. Harmonia total. Quatro décadas se passaram. Enquanto todos vibravam intensamente por essa épica conquista, o Maestro Mario Sergio olhou para o horizonte e agradeceu primeiro a Deus e depois por quem sempre acreditou em sua carreira, o seu sogro que espiritualmente sorria de alegria por essa mágica conquista . 

PEDRO

por Marcos Vinicius Cabral

Ser titular ou reserva em um clube de futebol não é apenas consequência do momento em que o atleta vive na carreira. Além da bola que joga, tem a questão física, a escolha do treinador, fato este que conta muito para escalar os 11 titulares.

Pedro sabe que dificilmente voltará a ser titular. Titular é Bruno Henrique que, afastado há dez meses, volta à titularidade. O camisa 27 é o parceiro ideal de Gabigol, titular inquestionável mais pela representatividade e recordes no Flamengo na condição de ídolo do que pela bola que joga.

No episódio da agressão do preparador físico Pablo Fernández a Pedro, ocorrida neste sábado (29), no vestiário do Estádio Independência, em Belo Horizonte, na vitória do Flamengo por 2 a 1 contra o Atlético-MG, todos erraram.

Nada justifica a covarde agressão que Pedro foi vítima. Nada justifica Pedro não aquecer quando foi ordenado. Faltou profissionalismo de Pedro. Faltou habilidade de Pablo Fernández para lidar com a cara emburrada de Pedro em não querer aquecer. Faltou comando. Faltou ação da diretoria. Faltou na coletiva pós jogo, Sampaoli descer do muro e condenar a agressão de Pablo e demiti-lo ali mesmo. Faltou puxar a orelha de Pedro e exigir profissionalismo.

Pedro alega que vem enfrentando pressão psicológica no clube. Ora, Pedro, em um mundo tão competitivo, qual profissão não passa por cobrança em pleno século XXI?

Definitivamente espero que Jorge Sampaoli demita o preparador físico e amigo Pablo Fernández. Espero também que Sampaoli continue no comando do Flamengo. Já Pedro, que tente reconquistar a vaga de titular com profissionalismo e sem fazer pirraça. E o Flamengo, minha maior preocupação, que não seja afetado nas competições que disputa por causa de briguinhas internas.

EM 1983, ASSIS SACRAMENTA O TÍTULO DE CAMPEÃO CARIOCA PARA O FLUMINENSE

por Luis Filipe Chateaubriand

No Campeonato Carioca de 1983, o título foi definido a partir de uma disputa em um triangular envolvendo Bangu, Flamengo e Fluminense.

O segundo jogo do triangular era Flamengo x Fluminense, um Fla x Flu decisivo.

Jogo muito equilibrado em um domingo à tarde, debaixo de chuva.

Quando o jogo se encaminhava para o final, e tudo levava a crer que 0 x 0 seria o placar final, algo aconteceu.

Já perto dos 45 minutos do segundo tempo, Adílio recebeu passe livre a caminhava livre em direção ao gol.

No entanto, impedimento, inexistente, foi marcado.

Na saída de bola do Fluminense, Deley recebeu a “redonda”, ainda no campo de defesa e, como confidenciaria mais tarde, concebeu um lançamento longo, para Assis, que penetrava pela direita do ataque tricolor.

Deley pensou que teria que enfiar a bola, para Assis, entre Junior e Mozer.

Eis que o lançamento saiu… entre Júnior e Mozer!

Assis recebeu a bola, penetrou na área e, diante do goleiro Raul, tocou por debaixo do arqueiro.

O Fluminense fazia 1 x 0 e não houve tempo para mais nada – logo após concretizado o gol, o árbitro encerrou o jogo.

A vitória do time branco, verde e grená decretou o título do Campeonato Carioca de 1983! E Assis se tornou, pela primeira vez, o carrasco rubro-negro.