“UMA COISA JOGADA COM MÚSICA” – CAPÍTULO 27
por Eduardo Lamas Neiva
Em meio à festa dos bangüenses, Almir aparece de surpresa no bar Além da Imaginação, mas desta vez em vez de socos e pontapés só houve sorrisos e abraços, especialmente em Zé Ary, velho conhecido, João Sem Medo, Ceguinho Torcedor, Sobrenatural de Almeida, que brincou com ele sobre o sopro no ouvido na final de 66, e Idiota da Objetividade. Ele cumprimentou seus adversários daquela final também e foi levado ao palco.
Garçom: – Almir, enquanto a gente vai vendo as imagens no telão, conta pra gente como foi aquela confusão toda que você armou na final de 66.
Almir: – Olha, pra jogar aquela partida eu tomei dois Dexamil.
Idiota da Objetividade: – Pra quem não sabe, Dexamil é anfetamina, uma droga sintética estimulante que age diretamente no sistema nervoso central.
Almir: – Pois então, outros jogadores tomaram também, porque naquelas horas a bolinha aparecia não se sabe como. Havia sempre alguém oferecendo: quem quisesse tomar, tomava mesmo. Silva não tomou, não gostava. Também não tomaram nada nossos homens do meio-campo: Carlinhos e Nelsinho.
João Sem Medo: – Do doping ninguém soube.
Almir: – Não, só depois que contei a história toda no meu livro e pra revista Placar já nos anos 70.
Idiota da Objetividade: – Toda aquela confusão deixou você fora dos campos por quase seis meses de suspensão.
Almir: – Verdade.
Ceguinho Torcedor: – Mas o que lhe deu na cabeça, rapaz? Era pra ser uma partida genial, um dos maiores espetáculos da Terra. A cidade estava possuída pelo jogo. Nos botecos, nas retretas e nos velórios não se falava, não se pensava, não se sentia outra coisa, a decisão era assunto obrigatório. Mas onde entra a paixão humana, tudo é possível. Antes do jogo, as brigas pipocavam por todo estádio Mario Filho. Eram cento e oitenta mil ventas incandescentes e tudo era pretexto para o palavrão, para o insulto e para o tapa. E assim, quando os vinte e dois jogadores entraram em campo, a paixão ardia no estádio!
Almir: – O clima era bem esse, Seu Ceguinho! Nós ainda estávamos fazendo aquecimento muscular no campo, batendo fotografias, dando entrevistas, quando o Sansão se aproximou de mim e já foi advertindo: “Olha aí, Almir, eu estou de olho em você. Muito cuidado que eu vou te expulsar”. O primeiro gol foi feito por Ocimar, num chute mais ou menos da intermediária. Valdomiro pulou atrasado, chegou a tocar na bola com um soco, mandando-a as redes. Estava explicado porque ele cantava tanto dias antes…
João Sem Medo: – Ele estava na gaveta também, Almir?
Almir: – Seu João, havia um ambiente de revolta no vestiário. O diretor de futebol do Flamengo, Flávio Soares de Moura, estava indignado, percebera que o Bangu armara um esquema para ganhar o título de qualquer maneira. Ele me fez uma pergunta não como dirigente, mas como torcedor: “Almir, eles vão dar volta olímpica?” Não vai ter volta olímpica não, seu Flávio. Só se for do Flamengo […]
Garçom: – Seria bom que o Valdomiro viesse aqui pra dar a sua versão.
Almir: – Ele vai negar, claro. Mas também não posso provar nada, só foi muito estranho. Hoje não tem mais briga, estamos aqui nos confraternizando, mas lá na hora, além de nos golear, o Bangu queria ensaiar um baile. Eu já estava com raiva, e o sangue subiu à cabeça por volta dos 25 minutos quando o Ladeira, do Bangu, discutiu com Paulo Henrique e deu um soco na cara dele. A confusão começou ali. Depois que o Itamar acertou o Ladeira e dei uns chutes nele, olhei os bolos de jogadores e disse comigo mesmo: “Tudo o que estiver com camisa de listras brancas e vermelhas é inimigo”.
Ubirajara: – Quando você voltou pro campo eu te desafiei, Almir.
Almir: – É, você veio com uma de valente: “Lá fora vamos resolver isso”. (risos)
Ubirajara: – Você me deu um soco no estômago e quando me levantava pra revidar…
Almir: – O Ari Clemente me deu um soco.
Sobrenatural de Almeida: – Que bafafá! Hahahaha
Almir: Foi mesmo. Cem mil torcedores gritando “porrada, porrada, porrada…” Mas aí a polícia veio e acabou com a festa e o juiz Airton Vieira de Moraes acabou cumprindo bem o seu papel: expulsou cinco do Flamengo, eu, Silva, Itamar, Valdomiro e até o Paulo Henrique, e quatro do Bangu: Ari Clemente, o Ubirajara, Luis Alberto e Ladeira. O Flamengo ficou com menos de sete em campo e o Bangu foi declarado vencedor.
Ubirajara: – Merecidamente.
João Sem Medo: – Concordo. O Bangu foi o melhor time daquele campeonato.
Músico: – Toca o hino do Bangu!
Lamartine Babo: – Marcha do Bangu, que tive o prazer de compor e o clube depois oficializou como hino, o que muito me honra.
Com todos os jogadores bangüenses daquela final de 66 cantando em alto e bom som, Almir ficou só observando, desta vez respeitosamente. E aplaudiu no fim da cantoria.
Almir (rindo): – Hoje não vai ter confusão.
Todos riem e aplaudem.
Ceguinho Torcedor: – O Almir merece ser lembrado também por suas épicas atuações.
Almir: – Obrigado, seu Ceguinho. Mas deixo pros senhores contarem o resto da história. Vou me sentar ali pra ouvir os senhores contarem as minhas histórias. (rindo)
É aplaudido, agradece, deixa o palco
João Sem Medo: – Você foi um jogador completo depois de Pelé. Possuía técnica e habilidade apurada e tinha velocidade.
Almir: – Muito obrigado, seu João.
João Sem Medo: – Por nada, você merece. Almir substituiu Pelé na final do Mundial Interclubes contra o Milan, em 63, quando o Santos conquistou o bicampeonato. Ele fez um gol na vitória de 4 a 2, no segundo jogo da final, no Maracanã, mesmo placar em favor do time italiano, em Milão, e sofreu o pênalti que originou o gol da vitória santista no Maracanã, marcado pelo Dalmo.
Almir: – Deixa eu contar outra história aqui, seu João. O Amarildo desrespeitou o Pelé depois do primeiro jogo. Disse que o Pelé estava acabado e eu não admitia que falassem mal do Pelé. Jurei o Amarildo, dei umas pancadas nele no Maracanã e ganhamos duas vezes deles no Rio e nos sagramos campeões.
Garçom: – Vamos aproveitar chamar aqui ao palco Francisco Egydio pra cantar duas músicas em homenagem ao Santos.
Francisco Egydio vai ao palco muito aplaudido.
Francisco Egydio: – Muito obrigado, minha gente. Vamos cantar “O Santos ganhou”, de Nilo Silva, Mazinho e Nandinho, e depois “Glória ao Santos Futebol Clube”, de Carlos Henrique Roma e é o hino oficial do clube, menos conhecido que o popular que começa com o verso “Agora quem dá a bola é o Santos”. Vamos lá, sem pausa pra respirar!
https://discografiabrasileira.com.br/disco/135729/odeon-14419
TERCEIRIZADA É O CACETE
por Israel Cayo Campos
Antes de mais nada, gosto sempre de lembrar: sou Nordestino (com N maiúsculo!), torcedor do ABC de Natal e do São Paulo Futebol Clube. Portanto, não vai haver nenhuma defesa clubística ao Flamengo ou a quem quer que seja, mas sim uma defesa ao direito de torcer e amar o clube que quisermos! Ou até mais de um!
De acordo com levantamento do O GLOBO/Ipec, 50,4% dos torcedores nordestinos preferem times “de fora”, e o Flamengo é o favorito; essa pesquisa foi realizada em julho de 2022.
Apesar de o Flamengo ser a maior torcida do Nordeste por motivos históricos, como por exemplo a forte influência da Rádio Nacional do Rio de Janeiro transmitindo os jogos do clube desde os anos 1930 na região, ou da TV Globo mostrando a era de ouro do clube já pela televisão durante os anos 1980 para o Nordeste, vale salientar que o time da gávea não é o único a ter torcida de grande porte em nossa região.
A população total nordestina é de aproximadamente 55 milhões de habitantes (dados do site Agência NE9 de junho de 2023). Desse total, temos aproximadamente 13 milhões de flamenguistas. Mas na mesma pesquisa vemos que o Corinthians possui 5 milhões de torcedores, o São Paulo um pouco mais de 4 milhões, o Palmeiras 3,7 milhões e o Vasco 2 milhões de adeptos na região. Lembrando que 17,2 milhões de nordestinos não tem clube (o que corresponde a 31,2 % da população do Nordeste, sejam esses clubes nordestinos ou não) ou se interessam por futebol segundo um cálculo simples feito com as porcentagem dadas por O GLOBO/Ipec para cada torcida em relação ao total da população nordestina com dados já informados.
Se considerarmos que essas são as cinco maiores torcidas do país, fica bem óbvio que não é só o Flamengo quem “se beneficia” da torcida nordestina! Quando levamos para o Brasil todo, vemos ainda mais a importância da torcida nordestina para os cinco times de maiores adeptos no país. O Flamengo de 45,28 milhões de torcedores possui 27% de sua torcida na região Nordeste, o Corinthians com 32,2 milhões possui 15% de sua torcida aqui, o São Paulo 17,03 milhões possui 23,1% de adeptos nordestinos, já o Palmeiras com 15,7 milhões de torcedores no Brasil todo possui só no Nordeste 23,5% de sua torcida e o Vasco da Gama com seus 8,72 milhões de torcedores possui praticamente 23% de sua torcida total “por essas bandas”.
Aí ficam minhas perguntas: Algum torcedor ou até time por meio de seus interlocutores que zomba das torcidas ditas como “terceirizadas” gostaria de se desfazer de tamanhas porcentagens totais de suas torcidas? Apesar de o Flamengo ter a maior torcida, os demais clubes mais populares do país abrem mão de possuírem tamanha porcentagem de seus torcedores por uma xenofobia sem sentido e um néscio lema de que cada torcedor deve torcer para o time de seu estado? Perder esse bom pedaço de receita de televisão, mídias sociais, produtos e até de sócios? Eu duvido muito! Mas então por qual motivo o nordestino que torce para um time do eixo Rio-SP (utilizei os cinco com mais torcida apenas, mas serve para outros) possuem tamanho preconceito e/ou xenofobia com os torcedores de nossa região?
É correto que se chame de “terceirizado” quem torce pra um time fora da sua região? Como se o amor fosse uma questão de escolha? Esse pensamento tacanho de que o nordestino não deve torcer para um clube de outro estado não seria um profundo pano de fundo para esconder a xenofobia existente no futebol? Uma desculpa perfeita para validar essa afirmação preconceituosa até como forma de proteger seu time que talvez não seja o mais querido na região e no país? Sinceramente a coisa que mais me irrita no futebol é ouvir alguém dizer que o torcedor nordestino é terceirizado.
Um discurso ignorante, xenófobo e de uma profunda inveja. Afinal, quantos Corinthianos, São Paulinos, Palmeirenses e Vascaínos nasceram no estado de origem de seus clubes mas nunca colocaram um pé nos estádios para acompanhar uma partida deles? Seja pela violência, elitização do futebol que hoje tira o pobre dos estádios ou qualquer outro motivo? Aposto que são muitos! Mas o errado é o nordestino torcer?
Usando esse pensamento linear tolo da maioria dos que nos difamam, todos os que leem esse texto casaram com uma mulher de seu estado? Da sua cidade? Se amar um clube de futebol de outro estado é errado, se tratando apenas de um jogo, o que dirá amar uma pessoa de outro estado e ficar ao lado desta(e) o resto da vida? Mas se eu escrevesse e não apenas estivesse a provocar com a mesma linha de raciocínio pobre desses torcedores que as pessoas só devessem amar pessoas do seu estado, de que me taxariam? Preconceituoso e Cretino seriam os adjetivos mais educados! Que tal um espelho nessa hora há muitas pessoas?
Quanto a aqueles que alegam que os “terceirizados” possuem dois clubes, o da sua cidade e o do grande centro do país (geralmente pra cutucar e criticar o tamanho da torcida do Flamengo, pois como já provei, não seria bom pra nenhum time grande perder o apoio que possuem no Nordeste), o que dizer dos mais jovens que com toda razão hoje em dia estão cada vez mais apaixonados pelo futebol europeu, onde jogam as grandes estrelas? A maioria deles nunca vai pisar na Europa para ver Real Madrid, Barcelona, Manchester, Bayern, Juventus ou qualquer outro desse porte, mesmo assim, eles torcem e se apaixonam por esses clubes! E não só jovens como muitos senhores, senhoras e pasmem, gente da mídia também! Seriam esses terceirizados internacionais?
Podemos ter quantos times quisermos, desde que de fato torçamos por esses! Tô cansado de ver gente do interior de grandes estados torcendo para o grande clube do mesmo e para o time da pequena cidade onde nasceu. Times muitas vezes sequer sem expressão alguma. Mas isso pode?
A discrepância financeira associada a forte mídia centenária do futebol de Rio e São Paulo sobre a região Nordeste criou tal situação, infelizmente nossos clubes financeiramente não são capazes de disputar de igual para igual com esses, e acabamos por nos apegarmos em grande parte ao local, nacional e como citei antes, alguns até ao global torcendo para times do exterior!
E não há nenhum crime nisso! Eu, enquanto São-Paulino e Abecedista, não me considero menos São-Paulino do que o que nasceu na capital paulista. Até porque a maioria não sabe quem foram Gino, Paraná, Leônidas, Sastre, Poy, Pedro Rocha, Roberto Dias, Peixinho, Teixeirinha, Canhoteiro, Rubén Barrios, Friedenreich e tantos outros que eu não terminaria o texto hoje. Esse que vos escreve conhece e muito a história desse clube e dessas lendas, e olhe que só citei aqui jogadores de 1970 para trás, pois conhecer de Serginho Chulapa “pra frente” é uma grande moleza! Portanto, quem não sabe sequer a história do SPFC jamais poderá me chamar de terceirizado. Pode ter nascido ao lado do Morumbi,não tem moral alguma para isso! E o mesmo vale para os demais torcedores nordestinos dos outros clubes! Que amam seus ídolos e a história de seus times.
Portanto, meus caros, parem de agir de maneira canalha com o povo que ajuda a sustentar seus times de coração! Parem de usar esse termo pejorativo e preconceituoso de “terceirizados” só porque alguém não nasceu no seu estado! Comecem a perceber que ao querer ofender flamenguistas – que são o principal alvo desse tipo de ataque mal caráter, e que mesmo que fosse verdade e só existissem flamenguistas aqui já é um ataque preconceituoso por si só, como se o Nordeste não fizesse parte do Brasil! Não tivesse valor -, vocês muitas vezes estão ofendendo outros milhões de torcedores, muitos até do seu próprio clube de coração que aqui residem! Reitero, ninguém escolhe onde quer nascer, ou a quem ou o que amar. Portanto, terceirizados é o cacete!
VERGONHA NO INÍCIO DA TEMPORADA DE 1988
por Luis Filipe Chateaubriand
A temporada de futebol no Brasil em 1988 se iniciava com um atrativo Flamengo x Vasco da Gama, jogo válido pela primeira rodada da Taça Guanabara daquele ano.
O Flamengo jogou melhor no primeiro tempo.
Valendo-se da má forma física do lateral direito vascaíno Paulo Roberto, Renato Gaúcho sempre investia pelo lado esquerdo do ataque rubro-negro.
E foi em um lance destes, aos 32 minutos do primeiro tempo, que Renato Gaúcho passou por Paulo Roberto, cruzou da esquerda e Bebeto, de cabeça, fez o gol.
Flamengo 1 x 0 Vasco da Gama.
No segundo tempo, quando o lateral direito Paulo Roberto foi substituído pelo lateral direito Cocada, o Vasco da Gama melhorou, e passou a dominar o jogo.
Mas eis que, ao momento dos refletores do Maracanã se acenderem, pois o fim de tarde o impunha, estes não acenderam.
Foi preciso que o jogo fosse paralisado.
Como previsto no regulamento, se esperaria 30 minutos para que a luz fosse ligada, e o jogo recomeçasse.
Antes que os 30 minutos de tolerância tivessem passado, a luz se acendeu.
Então, seria o momento de recomeçar o jogo.
Qual o quê!
Capitaneados pelo vice-presidente de futebol Eurico Miranda – o encrenqueiro de sempre –, os jogadores vascaínos não voltaram para o jogo.
A continuidade do jogo não aconteceu, e o seu desfecho foi para os tribunais.
A estratégia de Eurico Miranda era clara: esperava que, nos tribunais, o jogo fosse anulado, e jogado novamente, começando com o placar de 0 x 0, e não com o 1 x 0 que o Flamengo ostentava quando o jogo foi interrompido.
Ou seja, o vice-presidente de futebol do Vasco da Gama queria “dar uma de esperto”.
Infelizmente para ele, e para a torcida vascaína, nos tribunais a vitória de 1 x 0 do Flamengo foi confirmada.
Em última instância, foi essa vitória do rubro-negro que lhe garantiu o título da Taça Guanabara.
E o todo sabichão Eurico Miranda pode comprovar o adágio popular: “a esperteza, quando é demais, engole o esperto”.Eurico Miranda, sempre protagonizando vergonhas!
MARCAS ESPORTIVAS NO FUTEBOL – 2023/2024
por Idel Halfen
Está no ar a edição referente à temporada 2023/24 do estudo realizado pela Jambo Sport Business, acerca das marcas esportivas que vestem os principais clubes de futebol do mundo. Vale lembrar que desde 2014 o material vem sendo publicado.
No estudo podemos constatar que a Adidas com 72 times se mantém na liderança que conquistou na temporada passada. Sua principal conquista foi a Roma que, até então, vestia New Balance.
A Nike com 62 clubes permanece na 2ª colocação, mesmo tendo ficado com oito equipes a menos do que em 2022-23.
No 3º lugar, a Puma se consolida na posição que ocupa desde 2017-18.
Já a italiana Macron, ao perder oito equipes, passa dividir a 4ª posição com a Umbro. Posteriormente aparecem: Kappa, Joma, Castore, New Balance e Hummel.
Quando focamos as 30 equipes que mais faturaram, segundo o mais recente relatório Football Money League produzido pela Deloitte, vemos Adidas e Nike empatarem na liderança e a Castore assumir de forma isolada a 3ª posição.
Cumpre registrar que, desde que o trabalho é realizado, essa foi a vez que mais encontramos times sem fornecedor. São sete, cinco só na Rússia. Tal fato pode ser explicado pela decisão de algumas marcas como, Adidas, Nike e Puma cessarem as operações no país em função da guerra, o que levou muitos clubes a terem que buscar produção independente. Ressaltamos ainda que algumas das equipes no citado país ainda ostentam uniformes da Adidas e da Puma, por entenderem que o contrato está em vigor. A propósito, a seleção do país substituiu a marca alemã das três tiras por uma regional chamada Jögel.
Na parte relativa ao Brasil, o estudo mostra que Adidas e Umbro são as marcas mais presentes com cinco times cada. Observa-se que quinze equipes têm marcas internacionais como fornecedor, quatro são supridas por marcas próprias e uma, o América-MG, por um fornecedor nacional, a Volt.
Outro fato interessante de relatar diz respeito à liderança da Umbro pela primeira vez na Premier League.
Lembramos que, para podermos propiciar um foco comparativo ao trabalho, a amostra foi formada pelas 20 ligas que em 2014 tinham os elencos com maior valor de mercado, ou seja, é provável que algumas das ligas presentes no estudo não estejam mais entre as TOP 20, vide o fortalecimento da liga árabe, por exemplo, mas ainda assim foram mantidas da mesma maneira que ocorreu nas versões passadas.
Todavia, ainda que não esteja totalizada entre as 20, na edição desse ano incluímos a Arábia Saudita, a qual tem duas marcas regionais – Offside e Skillano – como as mais presentes.
Resistindo à tentação de falar mais a respeito do estudo, encerramos por aqui, deixando o link que permite acesso ao material completo:
https://www.linkedin.com/posts/halfen_marcas-esportivas-no-futebol-2023-2024-activity-7107367086833700864-5lO_?utm_source=share&utm_medium=member_desktop
AS ESTATÍSTICAS DO DESRESPEITO
por Israel Cayo Campos
Sou um dos caras que mais defendem o atual presidente da CBF, o senhor Ednaldo Rodrigues. Quando assumiu a Confederação Brasileira de Futebol, o Tite era praticamente uma unanimidade que ele manteve até o desastre de 2022. Após o mesmo, houve um clamor por um técnico estrangeiro por parte da mídia e dos torcedores. Lá foi o Ednaldo atrás não só de um estrangeiro qualquer, mas talvez de um dos três melhores técnicos do mundo em atividade. Enquanto isso, ainda deixou um treinador promissor cuidando da Seleção.
No feminino a mesma coisa. Após sucessivos fracassos todos queriam uma intervenção estrangeira. É bem verdade que seu antecessor, Rogério Caboclo (outro envolvido em escândalos) trouxe o que era uma das melhores técnicas do mundo, a sueca Pia Sundhage, bicampeã olímpica com a seleção dos Estados Unidos, ninguém reclamou! Após se mostrar um fracasso no Brasil, a mídia clamou por Arthur Elias do Corinthians como o salvador do futebol feminino, e lá foi Ednaldo o contratar e dar toda a estrutura para que esse possa fazer um bom trabalho. Se vai conseguir ou não, só o tempo dirá. Mas ninguém pode chamar o atual presidente da CBF de omisso! Ao contrário de todos os seus antecessores que possuem o nome mais sujo na praça do que pau de galinheiro.
Porém após essa introdutória “passada de pano” para o mesmo, confesso que senti um profundo constrangimento ao vê-lo desconhecer a própria história da entidade e da Seleção que ele preside. Após o jogo contra a Bolívia no dia 08 de setembro de 2023, ao entregar a Neymar uma placa com os dizeres de maior artilheiro da história da Seleção Brasileira, esse demonstrou profundo oportunismo ou ignorância. Mas em ambos os casos, é um grande desrespeito ao verdadeiro maior artilheiro da Seleção Brasileira de Futebol, o maior jogador de todos os tempos, Edson Arantes do Nascimento, o nosso já saudoso Pelé.
Com os dois gols que marcou contra a possante Bolívia, Neymar foi a 79 tentos. Dezesseis a menos que Pelé, mas a desculpa é que a partir de agora, só valem os gols marcados em jogos oficiais contra seleções nacionais, e com isso Edson Arantes do Nascimento só teria ido às redes 77 vezes com a camisa da Seleção.
Nem vou comparar a validade dos gols que o Pelé fez em detrimento dos que o Neymar fez, seria tão injusto quanto essa nova conta pois só em final de Copa do Mundo foram três! Muito menos estou comparando quem é melhor, seria outra covardia a favor de Pelé, mas desprezar o passado por “canetada” de entidade corrupta é um desrespeito que quem entende o mínimo de futebol não pode aceitar. Na época do Pelé jogos contra clubes e combinados eram comuns e mais difíceis que muitos jogos atuais. Tais jogos hoje em dia são praticamente impossíveis dado o calendário ser totalmente fechado com os campeonatos de clubes e cheio de “DATAS FIFAS”. Como comparativo, é só lembrar da preparação da Seleção Brasileira para a Copa do Mundo de 1970 no México. Foram três meses! Hoje em dia, que seleção do mundo tem todo esse tempo para trabalhar? Sem contar as intermináveis eliminatórias que de nada servem, pois sete vagas para dez países é amistoso com chancela FIFA.
No passado, os clubes brasileiros jogavam bem menos, o que permitia essas gigantes janelas. Não à toa era um semestre de estadual (que valia mais que um Campeonato Brasileiro) e no máximo alguns jogos de Taça Brasil (se fosse campeão estadual!), de Libertadores (se fosse campeão da Taça Brasil) e do Mundial de Clubes (caso fosse campeão da Libertadores). O resto do tempo era para torneios já extintos (como por exemplo o Rio-SP), amistosos e torneios pelo mundo todo que pagavam muito bem, principalmente se o Pelé participasse deles. E aí por não serem oficiais, a FIFA e a International Federation of Football History and Statistics (IFFHS) tiraram até os 1281 gols que sempre soubemos que o Pelé fez em sua brilhante carreira! Reduziram a conta para 767 gols! É como se alguém pegasse a memória das pessoas e apagasse as mesmas com uma borracha mágica, e hipócrita!
Quem estava no Maracanã, ou vendo pela televisão, ou escutando pelo rádio naquela quinta-feira à noite de 19 de novembro de 1969 quando o Pelé fez seu milésimo gol ao cobrar um pênalti contra o goleiro Andrada do Vasco que esqueça. Aquilo não valeu de nada! Deve ter sido o gol 400, talvez o 500 ou 600 da carreira dele no máximo… Enfim, só usando o sarcasmo para responder a tal patifaria. Mas o que irrita nem é a FIFA com suas contas e escolhas convenientes de acordo com o bolso de seus dirigentes, mas sim a CBF que era quem mais deveria prezar pela história do seu produto, pelo seu futebol, e que permite uma gafe como essa!
O Pelé em vida já foi muitas vezes humilhado mesmo sendo o Atleta do Século. Por Ricardo Teixeira e Havelange, pela organização da Copa do Mundo aqui no Brasil em 2014 onde sequer foi convidado a ir assistir os jogos em tribuna de honra, por gente querendo tirar seu nome de um estádio em Maceió e por aí vai… Mas nem depois de ir para a eternidade a CBF e os outros param de o desrespeitar! De esnobada ao seu velório até o desmerecimento de seus gols e recordes conquistados com muito suor e amor pela camisa dentro do campo de futebol! Como diria o Adriano Imperador: “Que Deus perdoe essas pessoas ruins”.
O Rei tem 95 gols pela Seleção Brasileira. A hora que o Neymar chegar ao gol 96 (e ele tem tempo, carreira e jogos a beça com aval da FIFA para isso), aí sim receberá as placas e as honras merecidas por enfim se tornar o maior artilheiro da Seleção Brasileira de Futebol, ainda a maior Seleção de futebol do planeta! Nada contra a pessoa do Neymar, tudo contra essa desconsideração da história do futebol que a CBF permitiu! Nem na média o Neymar supera o Pelé, em 125 jogos com a amarelinha o jogador possui uma média de 0,62 gols por partida, já o Rei levando em consideração os “atuais” números da CBF, tem 92 partidas e uma média de 0,84 gols por jogo. Se levarmos o número correto nada muda, são 95 gols em 114 jogos, o que surpreendentemente dá ainda 0,83 gols por jogo!
Mudar o passado com uma canetada sem entender o contexto de cada época, ou que os jogos daquela época tinham um peso que hoje já não existe mais, é apagar a história não só do Pelé, como de boa parte dos gênios do futebol que atuaram da década de 1980 para trás. Que se apague das mentes! Que se diga que o sentimento da época e a história que todos vivenciaram não teve serventia alguma. Que sequer aconteceu! Pior ainda, que tudo foi uma mentira! Lamento informar a algumas pessoas, mas o mundo não começou nos anos 2000 como muitos pensam. Nem quem inventou o futebol foram Messi e Cristiano Ronaldo, que dirá o Neymar! Isso é discussão para torcedor desinformado, para adolescente que só viu ou se interessam pelos jogadores atuais, mas nunca poderia ser algo definido pela principal entidade que cuida do futebol brasileiro, e consequentemente de sua história.
Vale salientar que as viagens para disputa de jogos amistosos feito por seleções do passado não são como hoje em dia, sequer existiam as famosas Datas FIFAS. Portanto, era muito difícil e caro viajar para o Oriente Médio para fazer um amistoso de luxo às custas de um Sheik Árabe como a Seleção nesse início de século fez por diversas vezes, e não só para a Seleção do Brasil como para seus adversários, então fazer esses amistosos contra combinados ou contra clubes de grande porte, muitas vezes com a torcida contra (mesmo brasileiros!), acabava por ser a saída da época.
Desprezando o passado, a FIFA “retirou” 18 gols que Pelé fez, reduzindo de 95 para 77 a quantidade de tentos do Rei com a amarelinha! Todavia, a CBF ao concordar com isso, quando o seu próprio site sempre informou 95 gols para o Pelé é o que não faz o menor sentido! Que atirem ao lixo toda minha leitura e todas as minhas “Revistas Placar” que colecionava com meu pai desde a infância!
E desses 18 gols que sumiram, a lista de adversários é simplesmente essa: Atlético Mineiro (1 gol), Bahia (1 gol), León do México (2 gols), Malmo da Suécia (4 gols em dois jogos diferentes sendo um em 1960 e outro em 1966), AIK da Suécia (2 gols), Atlético de Madrid (3 gols), Inter de Milão (2 gols), Combinado de Guadalajara, base da Seleção Mexicana (1 gol), Seleção Pernambucana (1 gol) e Seleção Amazonense (1 gol). Nenhum desses adversário era inferior ou muito inferior à Bolívia que fez Neymar “quebrar o recorde”, ou muitas outras seleções que ele marcou em amistosos caça níqueis que a CBF promove nesses últimos anos. Para mim, isso é a coisa mais canalha que se possa fazer com os jogadores do passado, e em especial com o Rei do Futebol. É a prova clara do que é não entender o contexto histórico de cada época do futebol, um desmerecimento aos gols que o Pelé fez, um cuspe cheio na história do nosso esporte mais amado!
Graças a essas atitudes omissas da CBF em relação ao Pelé e outros grandes craques brasileiros, por que não? Afinal o Pelé não é único prejudicado, a molecada que logo se tornará adulta vai crescer falando que Messi e Cristiano possuem mais gols que Pelé! Que o Neymar é o maior artilheiro da Seleção Brasileira (uma hora pode conseguir), e não são! Vimos ou lemos a história e sabemos que os jogos do passado, mesmo sendo “amistosos”, possuíam o mesmo valor dos jogos atuais, portanto, tais afirmativas são falsas.
A história deve ser entendida pelo contexto de cada época! Imagina você pegar qualquer outro tema, por exemplo a democracia na Roma antiga, e comparar com a nossa democracia atual sem entender o contexto do que era democracia há mais dois mil anos para aquele povo! Ao final dessa comparação os mais alvoroçados irão dizer de maneira ignorante que aquilo não era democracia, que democracia é a que vivemos atualmente!
Essa falta de conhecimento histórico utilizado em tal exemplo onde não se é permitido conhecer os contextos de cada época acaba por gerar erros idiossincráticos que por sua vez perpetuam os mesmos as futuras gerações. Como escrevo para uma revista que tende a preservar e respeitar os grandes nomes da história do esporte bretão, que dirá o de Pelé, o maior de todos os tempos, me sinto obrigado a repudiar essa falsa assertiva de que hoje (08/09/2023), Neymar Júnior, é o maior artilheiro da história da Seleção Brasileira. Ainda mais para a entidade que, em teoria, deveria preservar o futebol de nosso país! Um puxão de orelha sério para o senhor Ednaldo Rodrigues, na figura que representa essa entidade que tanto cresceu e enriqueceu graças ao talento de tantos craques, principalmente o de Pelé, que venha a demonstrar mais respeito pelo Rei do Futebol e pelo esporte que preside no país! Pelé tem 95 gols pela Seleção Brasileira e isso é um fato, e fatos não mudam com canetadas! Não importa de quem sejam, de que nacionalidade sejam ou de que marcas sejam essas canetas!