“Quanto a futebol, um dia entenderei mais”
No dia em que Clarice Lispector completaria 95 anos, o Museu da Pelada se pergunta: como seria uma resenha com essa senhorinha sagaz e sensível? No mínimo, nos colocaria sobre o tema do que o futebol “significa para você, pessoalmente, e não só como esporte, o que terminaria revelando o que você sente em relação à vida”. É para chorar de emoção, só de pensar!
Em 1968, o mestre Armando Nogueira, trabalhando no Jornal do Brasil, desafiou em uma de suas crônicas sua colega de redação Clarice Lispector a escrever uma crônica sobre futebol. Certamente para surpresa de muitos, a introspectiva e enigmática Clarice não desconhecia o assunto, ao contrário, acompanhava jogos, quando possível. Clarice Lispector sempre compensou seu recato com imensa sensibilidade e a resposta em grandíssimo estilo você lê abaixo.
Armando Nogueira, futebol e eu, coitada
Caricatura de Claudio Duarte. com técnica de manipulação de foto.
por Clarice Lispector
E o título sairia muito maior, só que não caberia numa única linha.
Não leio todos os dias Armando Nogueira – embora todos os dias dê pelo menos uma espiada rápida – porque “meu futebol” não dá pra entender tudo. Se bem que Armando escreve tão bonito (não digo apenas “bem”), que às vezes, atrapalhada com a parte técnica de sua crônica, leio só pelo bonito. E deve ser numa das crônicas que me escaparam que saiu uma frase citada pelo Correio da Manhã, entre frases de Robert Kennedy, Fernandel, Arthur Schlesinger, Geraldine Chaplin, Tristão de Athayde e vários outros, e que me leram, por telefone. Armando dizia: “De bom grado eu trocaria a vitória de meu time num grande jogo por uma crônica…” e aí vem o surpreendente: continua dizendo que trocaria tudo isso por uma crônica minha sobre futebol.
Meu primeiro impulso foi o de uma vingança carinhosa: dizer aqui que trocaria muita coisa que me vale muito por uma crônica de Armando Nogueira sobre digamos a vida. Aliás, meu primeiro impulso, já sem vingança, continua: desafio você, Armando Nogueira, a perder o pudor e escrever sobre a vida e você mesmo, não posso perdoar que você trocasse, o que significaria a mesma coisa.
Mas, se seu time é Botafogo, não posso perdoar que você trocasse, mesmo por brincadeira, uma vitória dele nem por um meu romance inteiro sobre futebol.
Deixe eu lhe contar minhas relações com futebol, que justificam o coitada do título. Sou Botafogo, o que já começa por ser um pequeno drama que não torno maior porque sempre procuro reter, como as rédeas de um cavalo, minha tendência ao excessivo. É o seguinte: não me é fácil tomar partido em futebol – mas como poderia eu me isentar a tal ponto da vida do Brasil? – porque tenho um filho Botafogo e outro Flamengo. E sinto que estou traindo o filho Flamengo. Embora a culpa não seja toda minha, e aí vem uma queixa contra meu filho: ele também era Botafogo, e sem mais nem menos, talvez só para agradar o pai, resolveu um dia passar para o Flamengo. Já então era tarde demais para eu resolver, mesmo com esforço, não ser de nenhum partido: eu tinha me dado toda ao Botafogo, inclusive dado a ele minha ignorância apaixonada por futebol. Digo “ignorância apaixonada” porque sinto que eu poderia vir um dia apaixonadamente a entender de futebol.
E agora vou contar o pior: fora as vezes que vi por televisão, só assisti a um jogo de futebol na vida, quero dizer, de corpo presente. Sinto que isso é tão errado como se eu fosse uma brasileira errada.
O jogo qual era? Sei que era Botafogo, mas não me lembro contra quem. Quem estava comigo não despregava os olhos do campo, como eu, mas entendia tudo. E eu de vez em quando, mesmo sentindo que estava incomodando, não me continha e fazia perguntas. As quais eram respondidas com a maior pressa e resumo para eu não continuar a interromper.
Não, não imagine que vou dizer que futebol é um verdadeiro balé. Lembrou-me foi uma luta entre vida e morte, como de gladiadores. E eu – provavelmente coitada de novo – tinha a impressão de que a luta só não saía das regras do jogo e se tornava sangrenta porque um juiz vigiava, não deixava, e mandaria para fora de campo quem como eu faria, se jogasse (!). Bem, por mais amor que eu tivesse por futebol, jamais me ocorreria jogar… Ia preferir balé mesmo. Mas futebol parecer-se com balé? O futebol tem uma beleza própria de movimentos que não precisa de comparações.
Quanto a assistir por televisão, meu filho botafoguense assiste comigo. E quando faço perguntas, provavelmente bem rolas como leiga que sou, ele responde com uma mistura de impaciência piedosa que se transforma depois em paciência quase mal controlada, e alguma ternura pela mãe que, se sabe outras coisas, é obrigada a valer-se do filho para essas lições. Também ele responde bem rápido, para não perder os lances do jogo. E se continuo de vez em quando a perguntar, termina dizendo embora sem cólera: ah, mamãe, você não entende mesmo disso, não adianta.
O que me humilha. Então, na minha avidez por participar de tudo, logo de futebol que é Brasil, eu não vou entender jamais? E quando penso em tudo no que não participo, Brasil ou não, fico desanimada com minha pequenez. Sou muito ambiciosa e voraz para admitir com tranqüilidade uma não participação do que representa vida. Mas sinto que não desisti. Quando a futebol, um dia entenderei mais. Nem que seja, se eu viver até lá, quando eu for velhinha e já andando devagar. Ou você acha que não vale a pena ser uma velhinha dessas modernas que tantas vezes, por puro preconceito imperdoável nosso, chega à beira do ridículo por se interessar pelo que já devia ser um passado? É que, e não só em futebol, porém em muitas coisas mais, eu não queria só ter um passado: queria sempre estar tendo um presente, e alguma partezinha de futuro.
E agora repito meu desafio amigável: escreva sobre a vida, o que significaria você na vida. (Se não fosse cronista de futebol, você de qualquer modo seria escritor). Não importa que, nessa coluna que peço, você inicie pela porta do futebol: facilitaria você quebrar o poder de falar diretamente. E mais, para facilitar: deixo você escrever uma crônica inteira sobre o que futebol significa para você, pessoalmente, e não só como esporte, o que terminaria revelando o que você sente em relação à vida. O tema é geral demais, para quem está habituado a uma especialização? Mas é que me parece que você não conhece suas próprias possibilidades: seu modo de escrever me garante que você poderia escrever sobre inúmeras coisas. Avise-me quando você resolver responder a meu desafio, pois, como lhe disse, não é todos os dias que leio você, apesar de ter um verdadeiro gosto em ser sua colega no mesmo jornal. Estou esperando.
Crônica de 30 março 1968. In: A descoberta do mundo, p. 89-91.
RUBRO-NEGROS SEM ÍDOLOS
por Luiz Carlos Cascon
Desconheço se há estudo a respeito, mas tenho a impressão que um ídolo se forma e se consolida na nossa cabeça na fase de transição entre a infância e a adolescência.
Se essa tese tem algum fundamento, posso concluir que os rubro-negros da minha geração não tiveram muita sorte para eleger um craque para idolatrar.
Comecei a acompanhar futebol no início dos anos 1960. Nos primeiros anos da década, o Mengo, como era mais chamado, tinha um time bom, mas os jogadores com potencial de ídolo, como Dida e Joel, já estavam em fim de carreira. Atletas talentosos surgiram, como Gérson, mas os dirigentes do clube na época, amadores e incompetentes, deixaram escapar.
Seria possível contar nos dedos jogadores de qualidade que vestiram por várias temporadas o manto sagrado naquele período – o meia-atacante Silva, os laterais Murilo e Paulo Henrique, o volante Carlinhos Violino e, no finalzinho daqueles anos, o argentino Doval. Em suma, foi muito pouco para formar equipes de qualidade e promover ídolos de verdade.
Como todo flamenguista, era teimoso e não deixava de ir ao Maraca. Íamos ao estádio em grupo e não havia discriminação – faziam parte da “turma do Ingá” (bairro de Niterói) torcedores de todos os times. Tinha até um americano. Os botafoguenses deitavam e rolavam. E não era para menos: Manga, Leônidas, Carlos Roberto, Rogério, Roberto, Gérson, Jairzinho e Paulo César formavam um timaço. Era duro voltar para casa de cabeça inchada, enfrentando uma barca da STBG lotada e aturando um bando de botafoguenses irritantes.
Aliás, “Cri-Cri” (sinônimo de chato) era o personagem do Botafogo criado por Henfil. O genial cartunista publicava tirinhas de humor nos jornais esportivos naqueles anos sobre o comportamento dos torcedores. Tinha um representante para cada time carioca: o vascaíno “Bacalhau”, o “Pó-de-arroz” tricolor, o “Gato Pingado” americano, e o “Urubu” flamenguista. Rubro-Negro declarado, Henfil conseguiu, com fino humor, instituir a ave urubu como símbolo da nação, transformando em orgulho toda a carga pejorativa e preconceituosa que a palavra carregava – sinônimo de negro, favelado, comedor de carniça.
A partir de meados dos anos 70, os ventos começaram a soprar a nosso favor. Surgiram jogadores de altíssima qualidade, formou-se a Frente Ampla pelo Flamengo, liderada por Márcio Braga, que passou a gerir o clube com um pouco mais de profissionalismo. Mais tarde, como todos sabem, seríamos campeões do mundo.
Era (e sou) um grande admirador da geração de Zico e Cia. Durante muitos anos, aquela equipe espetacular, de toque rápido e refinado, deixava os flamenguistas em estado de êxtase e os torcedores adversários atônitos. Mas nessa altura da vida, o futebol já não era a prioridade absoluta entre as minhas preocupações. Por isso, costumo dizer que faço parte da geração rubro-negra dos sem-ídolos.
CORINTHIANS CORTA 70% DO FUTSAL
por Marcelo Rodrigues
Alguns temas importantes para serem abordados nesse artigo de hoje:
Liga Nacional, Sorocaba campeão da Libertadores, Jaraguá x Joinville, convocação da seleção e desmanche no Corinthians.
Tentarei ser o máximo objetivo possível em cada tema. Vamos lá:
Liga Nacional de Futsal
Há excelente boa vontade, grande profissionalismo, busca pela melhora, busca pelo diálogo e realizou uma grande competição.
Sempre podemos melhorar e 2016 já haverá play off. Ótimo!
Melhorias em ginásios, cabines e ginásios adequados para a transmissão, punição financeira para clubes que proporcionarem brigas, tumultos, ou violência de qualquer espécie, partindo de jogadores, comissão técnica, dirigentes ou torcedores. Perdeu a linha, punição!!! Modelo NBA.
Ou perda de mando, ou qualquer coisa, sei lá!
Saldo muito positivo, assim como merecido o título de Carlos Barbosa.
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Ontem a equipe de Sorocaba sagrou-se campeã da Libertadores de Futsal.
Gostei muito da apresentação do time que pegou o Real Bucaramanga, da Colômbia, e base da seleção de lá. Muda de patrocínio, mas fica em Sorocaba.
Parabéns pelo título e sorte no ano que vem.
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Comentei o jogo acima citado do estúdio no Rio de Janeiro e fui direto para o aeroporto. Peguei um voo para Curitiba e fui de carro até Jaraguá do Sul para ver a final do catarinense. Jaraguá x Joinville fizeram um jogaço.
A marcação, determinação, concentração, pressão, transição, jogo de ataque veloz e entrega de Jaraguá, proporcionaram um grande placar: 4 x 0.
A diretoria da equipe anda em busca de outras grandes empresas para manter o bom nível do time na próxima temporada.
Semana que vem muitas reuniões na pauta e a possibilidade de novos parceiros.
Parabéns à Joinville/Krona pela boa partida e tentativa constante de ataque, mas que esbarrou numa defesa espetacular.
Sorte à Jaraguá e ótimo 2016.
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Convocação da Seleção
Todos os convocados são ótimos jogadores.
Chamou a atenção o fato de jogadores de Corinthians e Orlandia não terem sido convocados.
No Grand Prix os clubes não liberaram os atletas porque tinham semifinais da Liga.
O que acho disso?
Que nosso calendário é horrível, que seleção é para os melhores, sempre, que se há competição antes das finais, que as datas das finais mudem, que os times precisam ter duas semanas de preparação pós competição internacional, que é preciso liberar atletas e valorizar seu produto, e que retaliação, bem como não liberação, ficou pra trás com os coronéis. Portanto que o calendário seja revisto. O importante é resolver.
Se todos queremos o melhor Futsal possível, vamos botar a cara, discutir, brigar, apontar, botar o dedo na ferida de cada um e depois sairmos abraçados com um PRODUTO bom pra TODOS.
O EU no Futsal é constante e prejudica a todos.
Seleção é para os melhores, tanto no Grand Prix quanto nas Eliminatórias.
Para as eliminatórias é óbvio que a convocação de atletas da Europa se faz necessária. Estarão no meio da temporada, em atividade, voando, enquanto os daqui estarão voltando de férias.
Para o mundial a situação se inverte. Então que tenhamos o entendimento e que os melhores jogadores brasileiros espalhados pelo mundo sejam convocados, sem retaliações de ambas as partes. Quem perde é a modalidade. Senhores: depois dos problemas todos nos últimos quatro anos, ou nos últimos 30, mudemos juntos essa bagunça. Por favor!
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Corinthians
Tirou 70% do investimento no Futsal.
Muitos jogadores com dois anos de contrato foram chamados em dezembro para reduzir.
Uma atitude lamentável e pouquíssimo profissional tendo em vista que há empresas querendo entrar na modalidade do clube.
Várias justificativas eu já ouvi. O time não ganha, não dá retorno etc. Mentira.
O retorno é absurdo. E tenho os dados de audiência. O retorno indireto de publicidade é milionário.
A crise também vira desculpa. Tudo bem que reduzissem 20 ou 30%, mas 70 e em cima da hora?
Aí não.
Pisaram feio na bola.
Torço pela reestruturação e se esse fosse o plano, que tivesse sido falado no início da temporada.
Teriam dito: “no ano que vem teremos 70% de corte no orçamento. O projeto será assim e assado.
Mas não.
Que tenhamos rapidamente emprego para todos esses profissionais e que todos consigam sustentar seus familiares.
É Futsal na veia!!!
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