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SOS JARAGUÁ

por Marcelo Rodrigues


Estive há dez dias em Jaraguá, assistindo a final do catarinense contra Joinville.

Conversei muito com o Cristiano (um dos do donos da CSM) e vi sua luta em busca de parceiros para manter a equipe. 

Soube hoje que a diretoria liberou atletas e CT para negociarem com outros clubes.

É de uma tristeza avassaladora saber que uma equipe com a tradição conquistada por Jaraguá no Futsal possa terminar porque os bilionários ou milionários ou ainda os ricos empresários ou micro empresários não querem cooperar com a CSM em busca de acerto no patrocínio do time.

Ajudei Cristiano a buscar apoio por meio de Incentivo Fiscal dentro dos projetos do Ministério do Esporte (assunto que domino). Mas as empresas procuradas parecem não ter interesse. Liguei para Brasília em busca de auxílio técnico e mostraram-se aptos a nos orientar. 

Óbvio que ninguém sabe pra onde o país vai nessa crise absurda. Todavia há soluções como as leis de incentivo que podem, e muito, ajudar, pois as empresas já pagam ou já tem os impostos comprometidos. Portanto me parece que não entendem bem o que representa o Futsal hoje em termos de visibilidade. 

O Futsal hoje tem audiências astronômicas trazendo um retorno midiático avassalador para as empresas que o patrocinam. Por que será que Carlos Barbosa e Orlândia mantém seu times?

Tramontina e Intelli sabem o retorno. Entendem a crise mas estão lá.

O que não pode é fechar os olhos para o clamor popular. O povo de Jaraguá vem juntando grana pra pagar e manter o time.

Não sei nem como faz, mas vou participar. 

Aplausos para o Cristiano que lutou sozinho para que a equipe se mantivesse, e continua lutando para que se mantenha. 

Espero que os muitos empresários (muitos mesmo) entendam que Liga Nacional de Futsal é a competição mais difícil da modalidade no mundo. Vencer não é só ficar com o título. Difícil dizer isso para o dono da empresa ou para o diretor financeiro. Mas o diretor de marketing buscará os meios pra convencer.

Caro é o que não dá lucro e se fizerem a conta de publicidade indireta, podem ter certeza de ter tido uma das maiores visibilidades do mercado. 

Desculpas mil eu já ouvi. Só não ouvi ainda a solidariedade ao povo que clama pela manutenção da equipe.

Contem comigo e espero que a situação se reverta. 

Eu estou junto nessa luta.

É Futsal na veia!  

A PELADA COMO ELA NÃO É

por Pedro Redig, de Londres
Memórias de um brasileiro no reino da bola
 

Pelada na Inglaterra? Nem na cama! O país que inventou o futebol é também famoso pela frase “No sex please, we are English.” Mas a vida dos boleiros de plantão daqui tem muito pouco a ver com o que nós chamamos de pelada. 

A primeira grande diferença: com o terreno pesado por conta do mau tempo, a maioria dos craques amadores joga de chuteira. Com a chuva e o frio, aquele churrasco de congraçamento regado a muito bom humor também não existe.

Numa coisa os ingleses talvez superem os brasileiros: a cervejinha depois do apito final, consumida em copos de mais de meio litro chamados de ‘pints’ – medida imperial antiga que equivale a exatamente 568 mililitros. 

Se o Brasil tem mais de 8 mil quilômetros de litoral para bater uma bola, uma cidade como Londres tem centenas de parques. Enquanto a gente joga na areia, terra, cimento e campos artificiais, o que não falta por aqui são gramados naturais, verdinhos – ideais para a prática do velho esporte bretão. 

Nos fins de semana, espaços como o Regents Park e Battersea Park no centro de Londres estão sempre cheios de gente que gosta de correr atrás da bola. Muitos destes jogos são para valer e fazem parte de milhares de ligas que existem na Inglaterra.

Com uma presença enorme de estrangeiros, é muito comum ver times formados por gente que veio do mesmo país. No Battersea Park, existe um campeonato exclusivo de latinos: colombianos contra equatorianos, bolivianos contra peruanos, chilenos contra brasileiros e por aí vai.

Em Cherry Tree Woods, o parque que fica em frente à minha casa, o que atrai mais a galera é o futebol em que adultos se misturam com crianças. Pais e filhos, tios, cunhados e primos, suando a camisa num ambiente descontraído e leal.

A pelada em família obedece a requisitos de organização de fazer inveja aos brasileiros. Cones marcam as laterais e bandeirolas de verdade assinalam o local para os escanteios. As traves muitas vezes são feitas de pedaços de cano de plástico enterrados na grama molhada pelo tempo inclemente.

Uma alternativa à tradicional pelada são as partidas disputadas em centros que alugam campos de grama sintética. Um dos maiores é a chamada Power League. A turma divide o dinheiro e aluga o campo por meia ou uma hora no máximo. Um destes espaços funciona, inclusive, do lado de fora do famoso estádio de Wembley.

Outro ritual exclusivamente inglês são as chamadas Sunday Leagues – campeonatos disputados aos domingos, organizados com promoção e rebaixamento por centenas de ligas ligadas aos diversos bairros da capital inglesa.

Quando eu cheguei na Inglaterra em 1986, aderi ao clube da vizinhança chamado Highgate Albion. Vi um anúncio num pub e me entreguei de corpo e alma à causa deste novo time de coração. Foram cinco anos de uma carreira amadora que acabou com uma contusão de profissional: ruptura do ligamento cruzado do joelho esquerdo aos 38 anos, num jogo no oeste de Londres contra uma turma de asiáticos excessivamente empolgados.

Em todas estas ligas, cada partida tem súmula, juiz, bandeirinha, impedimento, linha burra e jogadores nem tão inteligentes. Mas vale a pena. Eu acordava as 7 da matina para nadar e ficar alerta e esperto para a hora do jogo as 11 horas.  Era comum pisar os gramados cobertos de gelo com minha chuteira Puma King – um presente do Pelé para o saudoso Armando Nogueira que o filho dele e meu grande amigo Manduka doou para mim.

Cada um destes ‘clubes’ tem vários times, inclusive veteranos. Mas inglês nao é que nem brasileiro que vai envelhecendo na vida jogando sempre com os mesmos amigos – até muitas vezes depois dos 60 anos. A carreira média de um boleiro aqui resiste no máximo até os 50.

Meu futebolzinho modesto de lateral direito ou esquerdo não era lá grandes coisas mas contribui muito para o time. Numa viagem ao Brasil, consegui um jogo de camisas e chamei vários brasileiros que tinham atuado em divisões de bases – até no Santos – para fazer parte do time.

Esta história irreverente do futebol puramente amador não podia acabar sem uma lembrança do que foi a experiência de levar meu filho para uma escolinha inspirada no jeito de jogar brasileiro.

De uniforme azul e amarelo feito a nossa combalida Seleção, ele suava a camisa todo fim de semana num liga mirim do conhecido bairro de Camden Town.  O Luca era naquela época um menino esforçado. Mas não conseguiu aturar as constantes mudanças táticas.  Às vezes, ele começava jogando, saía no do primeiro tempo, ficava no banco morrendo de frio para voltar no segundo tempo e sair de novo.

Pais neuróticos gritavam à beira do campo e tudo não passava no fundo de uma grande paranóia. Nada de diversão ou deixar os garotos livres para se expressar ou improvisar do que jeito que bem entendessem. Os adultosreplicavam nas crianças o mesmo clima tenso que existe numa partida entre profissionais.

É claro que depois de uns três anos, o meu filho abandonou o time que tentava jogar inspirado no modelo do Brasil mas não chegava nem perto. Hoje com 20 anos, ele ainda disputa uns ‘rachas’ com os amigos ingleses no campo de uma escola que eles usam no fim de semana.

Para este botafoguense de fé, o prazer do futebol continua com a torcida pelo meu clube adotivo Tottenham Hotspur. Em 30 anos na Inglattera, posso concluir que a vida aqui teve dois tempos: o primeiro quando era feliz jogando bola. Neste segundo tempo, por conta do joelho bichado, tenho que me contentar em assistir à margem do campo – ou pela televisão. 

Uri Geller, o inferno de Nicanor

por João Carlos Pedroso
Jornalista, fã de carteirinha de Uri Geller e filho de zagueiro do Flamengo


Charge de Marcos Vinícius Cabral

Charge de Marcos Vinícius Cabral

Na segunda metade da década de 70, a Cidade Alta, em Cordovil, era limpa, pacífica, divertida e boa de bola. Era feliz, apesar de boa parte dos seus moradores viver ali uma espécie de exílio, banidos que foram do Leblon e adjacências (Praia do Pinto, Parque Proletário da Gávea etc) para um até então desconhecido subúrbio carioca.

E a Cidade Alta tinha Nicanor. Negro retinto, forte como um touro, bravo (e bota bravo nisso) lateral da Portuguesa da Ilha. Nicanor tinha tudo para ser um ídolo local e todo dia sair de casa a cada manhã sorrindo e com o peito mais estufado ainda do que o normal – ele tinha peito de pombo.

Mas Nicanor não sorria. Ao menos não em público. Ele devia rir até pegar na maçaneta, talvez. Mas ao abrir a porta, dava de cara com seu vizinho e algoz, seu inferno na terra, o escolhido dos deuses: Júlio César Uri Geller, um gênio da bola em flor.

Julinho, como era chamado na Alta, ainda estava longe de ser titular do Flamengo. Mas já jogava nas seleções de base, era adorado pela vizinhança e vivia sorrindo. Em especial na peladas disputadas no finais de semana livres…

Não havia gramado, nem mesmo um terrão. O campo era o ponto final do 334, que ligava (e liga, até hoje) o conjunto habitacional até a Praça Tiradentes. Asfalto cascudo, irregular, que arrancava a pele e tirava o sangue dos aspirantes a craques. E mesmo dos craques. No caso, de Uri Geller.

Nicanor nunca saiu da Portuguesa e nunca foi um primor dentro das quatro linhas. Resolvia praticamente tudo na base da ignorância, quando estava em campo. Mas ali, numa pelada de bairro, ele se destacava, como qualquer “federado”, quando cercado de amadores. Batia na bola diferente de todos, sabia marcar melhor que os outros, tinha mais visão de jogo que qualquer um. Seria fácil o craque da área. Seria, se não existisse um demônio chamado Julinho.

Era sempre um de cada lado. Jamais parceiros, sempre inimigos. Julinho já humilhava no visual: calção oficial da Seleção Olímpica (ele disputou os Jogos de Montreal, em 1976), pisante invocado… Mas eram apenas as preliminares. E sim, a imagem sexual faz todo o sentido, porque o que ele fazia com o Nicanor quando a bola rolava…

É verdade que Uri Geller narrava as próprias jogadas. “Lá vai Julinho pelo meio, dribla um, passa pelo segundo, caneta no terceiro! Mas o que que é isso, minha gente!”. Agora imagina o Nicanor ouvindo isso, vendo seu time armado com tanto carinho sendo desmontado, peça após peça, e só esperando pela sua vez… a angústia, a dor.

Julinho narrava e sorria, sorria e avançava. E ai chegava na frente do Nicanor. Não, ele não passava TODAS as vezes pelo colosso de ébano. Nicanor nunca teve aspirações de Nilton Santos e odiava o oponente com todas as forças. Assim sendo, não tinha o menor pudor de finalizar o futuro Uri Geller sempre que possível. “Tá lá o corpo estendido no chão”. Um chão duro e áspero que nem ralador de coco. Sangue, lógico. E Julinho sorria.

Em volta, casa cheia. E, acreditem, torcida dividida, já que muita gente achava que o pobre Nicanor era mais “raiz”. Tinha uns rádios portáteis daqueles grandões. Samba. Clara Nunes, Beth Carvalho, Alcione, cujo sucesso do ano, “O Surdo”, era principal fonte de inspiração para Nicanor: “Eu bato forte em você/ E aqui dentro do peito uma dor/ Me destrói”… Não existia funk, ainda. Julinho sorria. Nicanor, não. E tinha um adolescente de óculos que via aquilo tudo e jurava que iria fazer igual ao maior jogador que viu de tão perto. Bem que tentei…

O JOGO DO AMOR

por Marcelo Rodrigues


Participei de uma grande festa, sábado, no Tijuca Tênis Clube em benefício da Casa Ronald. A Casa Ronald hospeda e dá aparato à crianças e adolescentes diagnosticados com câncer.

Vários craques abrilhantaram a festa, tais como: Cabreúva, Fininho, Guina, Mauro Bandit, Bartolo, Cazuza, Vander Carioca, Andrey, Baratinha, Aciolly (artilheiro do América, no futebol de campo), Ibson, ex-Mengão, e muitos outros. Maravilhoso participar da organização desse evento junto ao amigo Felippe Alexandre e ainda ter, no final da festa, uma resenha engraçadíssima com essas feras todas. As crianças merecem muito e o evento chegou para ficar. E ano que vem tem muito mais!!! Parabéns a todos os envolvidos!!!! O amor e a generosidade venceram mais uma vez!!!!

O MERCADO DA BOLA DIZ:

– Vander Carioca estará no Corinthians no ano que vem.
– Deives ficará no Timão. 
– Simi assinou com Sorocaba.
– Nenê fica no Corinthians.
– Guitta aceitou a redução de salário.
– Ferretti idem. 
– Valdin e Neto seguem sem clube. 
– Orlândia contrata jovens valores e mantém a base. Contratou também o Gian Volverini.
– Jaraguá define seus rumos semana que vem.

É isso, volto com mais notícias durante a semana.

É Futsal na veia!!!!