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AS ACADEMIAS

por Elso Venâncio, o repórter Elso

Ao longo de sua História, o Palmeiras teve três Academias de Futebol. Foram grandes esquadrões, tanto nos anos 60 e 70 como nos 90. O responsável pelo termo ‘Academia’ foi Ademir da Guia, ‘O Divino’, maior ídolo do clube. Ele era o maestro de uma equipe que conquistou os Estaduais de 1963 e 1966, que, somado ao título de 1959, impediu o Santos, de Pelé, de gritar ‘campeão’ por doze anos seguidos.

Dudu, que é tio do treinador Dorival Júnior, formava o meio de campo com Ademir em duas Academias e também outras vezes, na seleção brasileira.

A poderosa primeira ‘Academia’ chegou a vestir a camisa amarela, representando o Brasil, contra o Uruguai, em 1965, na disputa da Taça Inconfidência, durante a inauguração do Estádio Magalhães Pinto, o Mineirão. O time base era Valdir de Moraes, Djalma Santos, Djalma Dias, Valdemar Carabina e Ferrari; Dudu e Ademir da Guia; Júlio Botelho, Servílio, Tupãzinho e Rinaldo. O argentino Filpo Nuñez era o treinador.

Ademir, o craque carioca que o Palmeiras tirou do Bangu, era filho de outra lenda, Domingos da Guia, um dos maiores zagueiros do nosso futebol em todos os tempos. O defensor desfilou talento por vários clubes, dentre eles Flamengo, Corinthians, Vasco e Boca Juniors, além de ter disputado a Copa do Mundo de 1938.

A segunda Academia começou a se destacar ao conquistar dois títulos de expressão, o bicampeonato brasileiro de 1972/1973. A equipe era formada por Leão, Eurico, Luís Pereira, Alfredo e Zeca; Dudu e Ademir da Guia; Edu, Leivinha, César Maluco e Nei. Como técnico, Oswaldo Brandão.

Evaristo de Macedo lembra o carinho dos europeus com seus ídolos:

“Aqui, no Brasil, as pessoas nos esquecem.”

Primeiro jogador brasileiro a se destacar tanto no Barcelona como no Real Madrid, Evaristo regularmente vai à Espanha, onde é homenageado pelos gigantes rivais. No Brasil, encontros entre esses cracaços que fizeram história são raros.

A terceira Academia conquistou um punhado de títulos. Três Campeonatos Paulistas: 1993, 1994 e 1996. A Copa do Brasil de 1998 e, por fim, a Taça Libertadores de 1999. O time base da primeira equipe, a de 1993, era Velloso, Mazinho, Antônio Carlos, Cléber e Roberto Carlos; Flávio Conceição, Amaral, Rivaldo (Edilson) e Zinho; Edmundo e Evair. Todos comandados por Vanderlei Luxemburgo, que depois teve às mãos – não só ele como também Felipão – jogadores como Marcos, Arce, Junior Baiano, Junior, Djalminha, Alex, Oséias, Faustino Asprilla e Paulo Nunes, entre outros.

Foi a ‘Era Parmalat’, onde Edmundo despontou como o maior jogador brasileiro. Um fora de série, tanto que foi negociado, em 1995, com o Flamengo por seis milhões de reais, num período em que a moeda brasileira competia de igual para igual com o dólar. A contratação do ‘Animal’, apelido dado pelo ‘Garotinho’ Osmar Santos, narrador da Rádio Globo de São Paulo, foi um pedido de Romário, eleito o melhor jogador do mundo após a conquista do tetracampeonato que a seleção trouxe no ano anterior, ao derrotar a Itália de Baggio nos Estados Unidos.

Com egos inflados, os dois acabaram se desentendendo durante uma excursão à China. O relacionamento ruim fora de campo acabou prejudicando o badalado ‘Ataque dos Sonhos’: Romário, Sávio e Edmundo – também chamado de ‘Melhor Ataque do Mundo’.

Há quem defenda a ideia de que o português Abel Ferreira formou a Quarta Academia. O Palmeiras atual, mesmo tendo conquistado duas Libertadores e três paulistas, além de outros títulos, não tem craques do mesmo gabarito daquelas Academias. E muito menos um ÍDOLO DIVINO para chamar de seu.

GANSO MERECIA MAIS RESPEITO

por Zé Roberto Padilha

O Fluminense merecia perder de mais. 3 x 0 para o Cuiabá foi até pouco diante dos erros cometidos e levou até um olé na Arena Pantanalrr, fruto de erros de escalação, lapsos de logística.

Tudo pode ser perdoado, até o maldito time misto, aquele com reservas infiltrados que nunca jogam bem porque nunca treinaram juntos, em razão da decisão de quarta-feira, contra o Internacional. Menos o que fizeram com o Ganso.

Já que não foi aproveitado, mesmo diante da péssima atuação da equipe, por que viajou, mudou roupa e se submeteu a um calor insuportável que fazia em Cuiabá?

Será que se ficasse no Rio, descansando, fazendo um trabalho físico de manutenção, não cansaria menos?

Hoje, fizeram tudo para atrapalhar todo o bom ambiente até então vivido e buscado para ir a Porto Alegre decidir uma vaga na final.

Conseguiram.

MAZINHO, UM ESPETÁCULO DE JOGADOR

por Luis Filipe Chateaubriand

Iomar do Nascimento, apelidado de Mazinho, foi um grande jogador brasileiro dos anos 1980 e 1990, que atuava nas duas laterais e no meio de campo.

Em 1985, o paraibano Mazinho aparece para o futebol, vindo das divisões de base do Vasco da Gama para o time principal.

Atuando como volante, o jovem Mazinho demonstrava uma vitalidade impressionante em campo, aliando técnica apurada com preparo físico exemplar.

Em 1987, passou a atuar pela lateral esquerda, onde teve um desempenho de tal forma exuberante que o levou à Seleção Brasileira.

Ali, na Seleção, passou a atuar também pela lateral direita, um jogador polivalente e muito útil ao elenco.

Disputou os Jogos Olímpicos de Seul, na Coréia do Sul, onde foi vice-campeão.

Disputou a Copa do Mundo de 1990, na Itália, onde era o reserva imediato tanto da lateral direita como da lateral esquerda.

Negociado ao futebol italiano, onde entre 1900 e 1992 atuou por Lecce a Fiorentina, teve desempenho satisfatório.

Voltou ao futebol brasileiro em 1992, jogando pelo Palmeiras, na posição de terceiro homem de meio-campo.

Estraçalhou, jogando pelo “Alvi Verde Imponente”.

E, novamente, foi à Seleção, para jogar a Copa do Mundo de 1994, nos Estados Unidos, como terceiro homem de meio-campo, e como titular, tendo sido campeão mundial.

Depois da Copa do Mundo, transferiu-se ao futebol espanhol, tendo jogado no Valência (1994-1996), no Celta de Vigo (1996-1999) e no Elche (1999-2000).

Voltou ao futebol brasileiro em 2001, para jogar no Vitória e, em Salvador, encerrou a carreira.

Quando se lembra do desempenho de Mazinho no futebol, lembra-se de um jogador extremamente profissional, comprometido com o trabalho, um dínamo e, além de tudo, tecnicamente competente.

Está na história!

UMA COISA JOGADA COM MÚSICA – CAPÍTULO 29

por Eduardo Lamas Neiva

Zé Ary pega a deixa do apelido de Heleno de Freitas e lança outro tema à mesa dos nossos amigos João Sem Medo, Ceguinho Torcedor, Sobrenatural de Almeida e Idiota da Objetividade.

Garçom: – Outro que ganhou apelido de mulher no futebol foi o goleiro Raul, nos tempos do Cruzeiro, né?

João Sem Medo: – Essa é outra história, foi por causa da camisa amarela.

Sobrenatural de Almeida: – Armei aquele salseiro, foi engraçado.

João Sem Medo: – Até nesta história?

Ceguinho Torcedor: – O que você aprontou, Almeida?

Sobrenatural de Almeida: – Isso, todos sabem, ou quase todos. Foi já na década de 60. Goleiro naquela época só usava camisa preta ou cinza. E era sempre a mesma camisa, lavava e voltava. Mas aí, o goleiro titular do Cruzeiro se machucou às vésperas do clássico com o Atlético, então Raul foi escalado. Mas ele era muito maior que o outro e a camisa não deu. Aí, resolvi fazer uma luz acender na cabeça do Raul, quando o lateral-esquerdo Neco passou com um moleton amarelo em frente a ele. Raul pediu a camisa do companheiro emprestada, colou um esparadrapo atrás pra fazer o número um e foi pro campo. A torcida do Galo não perdoou vendo aquele goleiro altão, com cabeleira loura, vestindo amarelo, e começou a chamá-lo de Wanderléia.

Garçom: – Lembraram da cantora da Jovem Guarda, né?

Sobrenatural de Almeida: – Isso mesmo!

Idiota da Objetividade: – Aquele jogo terminou empatado sem gols e o Atlético ainda perdeu um pênalti, mas Raul não defendeu, a bola foi chutada para fora.

Sobrenatural de Almeida: – Mais uma peripécia minha.

João Sem Medo: – O presidente do Cruzeiro na época, Felicio Brandi, achava que a camisa dava sorte e obrigou o Raul a só jogar de amarelo depois daquilo.

Sobrenatural de Almeida: – Pois é. O Raul foi se meter a besta, porque não estava acertando a renovação do contrato, e foi jogar de preto uma vez. Aí ajudei o Cruzeiro a perder. Ele, então, renovou o contrato e voltou a jogar de amarelo de novo.

João Sem Medo: – O Cruzeiro tinha um grande time naquela época, com Dirceu Lopes, Piazza, Tostão, Natal… Foi campeão em cima do Santos de Pelé, com uma goleada de 6 a 2.

Garçom: – Em homenagem àqueles grandes campeões, vamos exibir no telão imagens daquele timaço ao som da música “Academia”, de João Saraiva, Mauro Saraiva e Plínio Saraiva.

Os aplausos são efusivos. Idiota da Objetividade dá então mais detalhes daquela épica conquista cruzeirense.

Idiota da Objetividade: – A final da oitava Taça Brasil, em 1966, reuniu o Santos de Pelé, que lutava pelo hexacampeonato, e o Cruzeiro de Tostão, que fazia uma campanha excepcional, com nove vitórias e três empates. Por ser o campeão, na verdade com cinco títulos seguidos, o Santos entrou na competição para lutar pelo hexa já na semifinal, como rezava o regulamento. Eliminou o Palmeiras, enquanto o Cruzeiro desclassificava o Fluminense. O primeiro jogo das finais, no Mineirão, terminou com uma goleada histórica e surpreendente do time mineiro, por 6 a 2, diante de quase 80 mil pessoas.

Ceguinho Torcedor: – O primeiro tempo terminou 5 a 0 e a torcida cruzeirense parecia não acreditar no que estava vendo.

Sobrenatural de Almeida: – Assombroso!

João Sem Medo: – Dirceu Lopes comeu a bola naquele dia. Fez três gols.

Idiota da Objetividade: – Os outros foram de Zé Carlos, contra, Tostão e Natal. Para o Santos, Toninho Guerreiro fez os dois.  Apesar da goleada, no segundo jogo, no Pacaembu, bastaria ao Santos vencer por qualquer diferença para forçar o terceiro jogo. Pelé e Procópio foram expulsos no primeiro jogo, mas puderam atuar na segunda partida.

João Sem Medo: – O primeiro tempo terminou 2 a 0 pro Santos, com o Pelé em grande noite. Todos começaram a achar que o Santos devolveria a goleada. Dirigentes do Santos e da Federação Paulista chegaram a ir ao vestiário do Cruzeiro para acertarem o terceiro jogo pro Maracanã. Foram expulsos e aquilo deu mais motivação ainda pros mineiros. Tanto que no segundo tempo, o Cruzeiro virou pra 3 a 2.

Ceguinho Torcedor: – E o Tostão ainda perdeu um pênalti!

Sobrenatural de Almeida: – Assombroso.

Idiota da Objetividade: – O jogo foi disputado no dia 7 de dezembro de 1966, debaixo de muita chuva, diante de 30 mil pessoas aproximadamente. Pelé abriu o marcador, aos 23 minutos, e dois minutos depois, Toninho Guerreiro fez o segundo do Santos. Tostão perdeu o pênalti aos 13 do segundo tempo, mas fez o seu em cobrança de falta, com pouco ângulo, aos 18. Dirceu Lopes empatou aos 28 e Natal, após bela jogada de Tostão pela esquerda, fez o terceiro, aos 44.

Garçom: – Vamos ver os lances daquele jogo no telão? Com narração do grande Fiori Gigliotti, que ali está e merece muito todos os nossos aplausos.

Fiori se levanta, agradece a homenagem e se senta para assistir o telão.

Os cruzeirenses presentes vibram como se a partida tivesse acontecido naquele momento. Ceguinho Torcedor retoma a bola para contar mais sobre aquela conquista do Cruzeiro.

Ceguinho Torcedor: – Foi uma festa inesquecível em Belo Horizonte. Depois da vergonha e da frustração da Copa de 66, nenhum acontecimento teve a importância e a transcendência da vitória do Cruzeiro. Não foi só a beleza da partida, ou seu dramatismo incomparável. É preciso destacar o nobre feito épico que torna inesquecível o título do Cruzeiro. Sem medo de fazer uma sóbria justiça estava ali, naquele momento, o maior time do mundo.

Garçom: – Sem dúvida alguma, seu Ceguinho! Afinal, superou o Santos de Pelé, com autoridade. Vamos então ver e ouvir no telão, Tadeu Franco cantando uma composição sua em homenagem ao Cruzeiro, com destaque praquele grande time de 1966.

MAIDANA

por Zé Roberto Padilha

Joguei muitos anos futebol. E muitos lances, premeditados ou não, se repetiam. Faziam parte do repertório das disputas acirradas pela posse da bola. Só não lembro de socos, involuntários ou não, desferidos na cara do adversário.

De repente, Gabigol desfere um cruzado de esquerda. E tira todas as chances de seu time reagir. Se onze contra onze já está difícil com um Sampaoli mentalmente perturbado, que passa intranquilidade ao seu time por não sossegar, imaginem com 10?

Aí vem o Maidana, zagueiro do América-MG, jogando em casa com seu time precisando sair da zona de rebaixamento, e desfere o mais suspeito de todos os socos na cara que precederam uma expulsão.

Sua atitude precisa ser investigada. Nada justifica sua agressão.

Primeiro, estava jogando bem. Seu time mais ainda, parecia que o gol contra o Vasco sairia a qualquer momento. Segundo, não era uma partida pegada. Ambos jogavam e permitiam jogar. Por último, não houve, em lances anteriores, situações que provocassem uma reação intempestiva daquelas.

Ele deu uma entrada faltosa por baixo, que no máximo lhe concederia um cartão amarelo, e de graça, inesperadamente, deu um soco no adversário por cima.

O Vasco não ganhou o jogo porque marcou seu gol aos 45 do segundo tempo. Ganhou porque uma atitude irresponsável de Maidana jogou por terra todo o esforço de sua equipe para escapar da degola.

Algo precisa ser feito. Ou, além das chuteiras, que seja permitido calçar luvas e ir pra campo socar o adversário. E na esteira das agressões, surgem os artistas. Os que fingem que levaram um tapa e o VAR mostra depois que ele é quem deveria tomar uma coça.